jueves, 6 de diciembre de 2012

De onde viemos

I-A fabulosa árvore genealógica humana
 
 
     Os seres humanos (Homo sapiens) anatomicamente modernos originaram-se na África há cerca de 200 mil anos, atingindo seu comportamento moderno conhecido há apenas cerca de 50 mil anos. A evolução foi longa para chegarmos até aqui.
      É como um quebra-cabeça que vai sendo montado lentamente enquanto são achados fósseis de nossos antepassados. No gráfico abaixo, você confere as peças dessa árvore genealógica humana que abrange nossa evolução desde 5 milhões de anos atrás até o presente.


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      Para entender o gráfico:

• Cada barra colorida representa o intervalo de tempo que se acredita que cada espécie viveu, com base nos fósseis encontrados até agora. As barras pontilhadas indicam os descendentes. Pesquisadores diferentes fazem essas ligações de maneiras distintas, preservando a mesma sequência cronológica.
• Sob o nome de cada espécie, você encontra as áreas em que a maioria dos fósseis foi encontrada.
• Os números em branco dentro das barras coloridas indicam aproximadamente quantos fósseis de indivíduos distintos de cada espécie foram encontrados.
• Como você pode observar, algumas regiões estão vagas, com pouquíssimos indivíduos conhecidos – muitos deles representados apenas por um dente ou fragmento de osso. As conexões evolutivas entre os australopitecos e o Homo erectus, incluindo as relações evolutivas entre as espécies de hominídeos Homo habilis, ergaster e erectus, ainda precisam de muitos esclarecimentos.
• Quatro espécies humanas propostas pela literatura científica - H. floresiensis, H. pekinensis, H. georgicus e H. rhodesiensis – foram omitidos da árvore genealógica.

Hominídeos



       Segundo a taxonomia atual (com base na genética, em vez de características comportamentais), o termo “hominídeo” refere-se aos membros da família Hominidae: pertencem a ela seres humanos atuais, todos os seres humanos ancestrais, os pertencentes ao gênero australopitecos e nossos parentes primatas mais próximos, nomeadamente o chimpanzé o gorila.

Evidências fósseis

       Fósseis de hominídeos são preciosos – não importa o tamanho ou condições. Esqueletos completos são raros em nossos tempos. Dentes, ossos faciais e cranianos são os restos de fósseis mais comuns que sobrevivem ao longo dos séculos. Crânios quase nunca são encontrados intactos, e normalmente são reconstruídos a partir de fragmentos.
       Quando cientistas chegam a conclusões específicas sobre comportamento de nossos antepassados, eles precisam de partes específicas do esqueleto. Por exemplo, a postura agachada ou em pé pode ser interferida a partir da conexão da coluna vertebral com o crânio, enquanto o bipedismo exige análise de ossos da coxa, joelho ou articulações do pé. Já os crânios são usados para investigar a evolução do cérebro dos hominídeos.
 
 

II- Os três maiores mistérios da evolução humana

      Apesar de muitos estudos e teorias já terem sido formulados, ainda há muito debate sobre como exatamente nos tornamos, ao longo de centenas de milhares de anos, a espécie humana que somos hoje. Três questões, em específico, dividem opiniões entre os cientistas e curiosos em geral. Aprenda um pouco mais sobre estes pontos:
 
 
1 – Bipedalismo

       Charles Darwin dizia que os ancestrais do Homo sapiens passaram a caminhar sobre dois membros ao invés de quatro por conveniência: foi uma adaptação para deixar nossas mãos livres para criar ferramentas, o que acelerou a evolução. Essa tese já foi derrubada: hominídeos se tornaram bípedes há mais de 4 milhões de anos, enquanto as ferramentas mais antigas de que se tem registro não passam de 2,6 milhões.
        Ainda não há certeza sobre o motivo real. Alguns defendem que ser bípedes nos fez mais altos, o que é uma vantagem para visualizar presas e predadores. Outros afirmam que andar sobre duas pernas nos fez mais rápidos e hábeis, ampliando o território por onde podíamos nos expandir e instalar. É claro que talvez seja uma mistura de várias razões.

2 – Perda de pelos

 
 
        Mamíferos têm o corpo coberto de pelos por proteção: com maior capacidade de conservar a temperatura corporal, os animais podem se instalar em regiões mais frias e inóspitas. Mas os antecessores do Homo sapiens acabaram fazendo o caminho oposto, e também há mais de uma teoria para o que levou a isso.
       Uma das ideias afirma que foi o contato com a água. Passando mais tempo de vida nadando em lagos ou rios, fomos perdendo a necessidade de tanta pelagem. É por isso que os mamíferos aquáticos (como a baleia, por exemplo) não precisam disso.
        Outra corrente de pensamento, no entanto, defende que a perda dos pelos aconteceu quando os hominídeos deixaram as florestas e passaram a viver também em savanas, onde não há proteção contra os raios solares e poderíamos nos superaquecer. Logo, fomos perdendo a “cobertura”.
Essa teoria parece mais sensata, com um único porém: alguns animais, como leões e zebras, vivem perfeitamente bem e recobertos de pelos nas savanas africanas, onde as temperaturas são sempre altíssimas. O mistério, portanto, continua no ar.

3 – Aumento do cérebro

      Nosso desenvolvimento encefálico, e estamos falando mesmo em aumento do tamanho do cérebro, impulsionou a evolução do Homo sapiens. Neste ponto, nossa distinção dos outros primatas é clara. Enquanto os macacos não podem ter um cérebro muito grande porque as mandíbulas fazem muita força e pressionam o crânio com violência, uma mutação genética teria feito os hominídeos se livrarem deste problema.
      A maioria dos cientistas sempre imaginou que o cérebro humano foi pouco a pouco crescendo e nossa capacidade foi aumentando. Mas há quem pense o contrário: as novas habilidades adquiridas ao longo do tempo é que foram conferindo mais complexidade ao cérebro.
Uma nova adaptação é que incitava um novo desenvolvimento do cérebro, e isso teria acontecido incontáveis vezes ao longo da nossa linha evolutiva.
 
 
III- Os 10 maiores mistérios da evolução humana
 
Teóricos antigos, Charles Darwin, a genética e a ciência moderna ainda não foram capazes de solucionar completamente os mistérios relacionados à nossa evolução.
Existe sólido conhecimento produzido sobre os conceitos de evolução, mas o senso comum ainda desconhece a maior parte deles.
Confira uma lista com dez destes pontos obscuros.
 
10 – Por que não somos mais parecidos com os macacos?

Coloque lado a lado o DNA do homem e o do chimpanzé e você descobrirá que existe uma diferença de pouco mais de 1% entre nós e eles. Até as cadeias de cromossomos de ratos e camundongos, por exemplo, têm menos em comum entre si do que nós e os outros primatas. Apesar disso, somos muito diferentes.
A principal razão para isso é a própria genética. Quando se trata de cadeias de DNA, uma ínfima mudança de ordem pode incorrer em uma grande alteração no fenótipo. Apenas 1% difere entre chimpanzés e humanos, mas estas alterações se espalham por 80% dos nossos cerca de 30 mil genes. Dessa maneira, fica fácil haver duas espécies completamente distintas.
 
9 – Por que nos tornamos bípedes?

Os ancestrais do homem são bípedes há muito mais tempo do que se imagina. Darwin sugeriu que o ser humano passou a caminhar sobre duas pernas com o intuito biológico de deixar as mãos livres para a confecção de ferramentas. Cientistas posteriores, no entanto, derrubaram essa tese ao afirmar que o bipedalismo é 4 milhões de anos mais antigo que as primeiras ferramentas, logo, uma coisa está desvinculada da outra.
Um exame evolutivo mais apurado, feito por vários pesquisadores, mostra que há várias razões para que nós tenhamos deixado de ser quadrúpedes. Em parte, pode haver vínculo com a velha seleção natural, em que os bípedes levavam vantagem entre brigar melhor, economia de energia ao se movimentar, etc. O bipedalismo teria começado em árvores ou outros ambientes em que os quadrúpedes precisam de maior habilidade de locomoção.

8 – Por que o desenvolvimento tecnológico foi tão lento?

Uma descoberta relativamente recente (há cerca de duas décadas), em Afar, na Etiópia, mudou o modo como os cientistas enxergam a evolução dos instrumentos manuais. Lascas de pedra neste local foram datadas de 2,6 milhões de anos, muito mais antigamente do que se imaginava. A nova questão a intrigar os pesquisadores passou a ser o motivo de a revolução tecnológica seguinte levar tanto tempo para acontecer.
Uma das razões foi o lento amadurecimento do sistema nervoso central. Nos dois milhões de anos posteriores ao aparecimento das primeiras ferramentas, o cérebro humano dobrou de volume, atingindo 900 centímetros cúbicos. Entre os ganhos neste aumento, incluem-se as capacidades motoras, o que propiciou a evolução.

7 – Quando desenvolvemos a linguagem?

Anatomicamente falando, o Homo sapiens não foi a única espécie do mundo a ter habilidade para a fala. Os Neandertais tinham língua e estrutruras vocais e respiratórias próprias para a função de se comunicar, e indícios apontam para a existência de fala na espécie há cerca de 500 mil anos. O pontapé inicial da comunicação pode estar por volta desta época.
Apesar de não propriamente falarem, no entanto, hominídeos que teriam vivido na Terra algumas centenas de milhares de anos antes já gesticulavam. Ainda antes da fala em si, seu corpo já apresentava um órgão primitivo que se assemelhava a uma “caixa de voz”, e permitia a emissão de sons altos.

6 – Por que nosso cérebro é tão grande?


Alguns primatas, durante sua linha evolutiva, desenvolveram fortes músculos na mandíbula. Isso amplia a pressão sobre o crânio, inibindo o desenvolvimento físico do cérebro. O ancestral do ser humano, há cerca de dois milhões de anos, tomou o sentido contrário: uma mutação genética favoreceu o crescimento do cérebro.
Pouca gente imagina, mas um cérebro bem desenvolvido é literalmente faminto, ou seja, foi preciso que os hominídeos desenvolvessem uma dieta mais rica em vários nutrientes (derivados da carne, inclusive) para ampliar o próprio potencial.

5 – Por que somos pelados?
 


Uma ideia já levantada para o fato de os hominídeos terem perdido os pelos foi o fato de entrarem mais na água (em rios e lagos). Com a mudança de adaptação à temperatura externa, teríamos perdido a necessidade de tanta “cobertura”. A teoria mais aceita, no entanto, defende que nos livramos dos pelos porque estávamos superaquecendo, e não nos resfriando.
Enquanto nos restringimos a florestas tropicais, onde a temperatura é amena devido à cobertura vegetal, ser peludo não era problema. Mas a partir do momento em que nossos ancestrais passaram a habitar áreas abertas e com a mesma alta temperatura, o único artifício para resfriamento corporal era o suor. Nesta etapa, os pelos se tornaram um entrave evolutivo, e foram pouco a pouco descartados.
 
4 – Como aconteceu nossa diáspora?
 


Já é famosa a postulação de que os hominídeos partiram da África em direção a outras regiões do planeta. Há cerca de 1,8 milhões de anos houve ancestrais na Ásia e há uns 800 mil na Europa, mas estas espécies primitivas foram extintas. O ser humano se expandiu a partir do continente africano há cerca de 65 mil anos, um feito inédito para qualquer espécie animal.
Uma das explicações para a diáspora foi a instabilidade climática que a África vivenciava naquela época. O que estimulou o crescimento populacional foram as conquistas materiais dos hominídeos, tais como o domínio do fogo e tecnologias rudimentares de defesa, transporte e obtenção de alimento. O fato de andar, conforme explicam os cientistas, não era suficiente. Era preciso saber transformar os novos ambientes conquistados.
 
3 – Alguns humanos podem ser “híbridos”
 


A ideia de que todos os humanos de hoje possuem uma genética descendente de um ancestral único parece ser um erro. Estudos recentes mostram que os melanésios (etnia que habita ilhas no Pacífico Sul) têm 7% dos genes derivados do Hominídeo de Denisova, espécie primitiva descoberta recentemente, que teria sido extinta na região onde hoje está a Sibéria, na Rússia.
Isso significa que diferentes espécies ancestrais do homem teriam acasalado entre si, e algumas diferenças de DNA permanecem até hoje. Dessa maneira, a grosso modo, nem todos seríamos completamente Homo sapiens. Mas estas teorias nunca foram completamente confirmadas e ainda enfrentam grande contestação da comunidade científica.
 
2 – Ainda há outros hominídeos vivos hoje?
 


Provavelmente não. Embora haja lendas tais como o “Pé Grande” ou o Iéti (abominável homem das neves), de criaturas que lembram humanos, nada passou perto de ser comprovado. As supostas pegadas do Pé Grande (que habitaria a América do Norte), por exemplo, parecem ter sido simplesmente impressas por ursos, de acordo com pesquisas recentes.
Apesar disso, alguns sinais apontam para a ideia de que certas espécies coexistiram com o Homo sapiens mesmo depois que ele já havia superado os estágios evolutivos e as espécies primitivas “clássicas”, como o Homo erectus, já estavam extintas há muito tempo. Uma delas, o Homo florensis, foi descoberta da Ilha de Flores, na Indonésia, e teria vivido há até 18 mil anos atrás.

1 – Nós matamos os Neandertais?


Aparentemente, a culpa para a extinçao dos Neandertais recai justamente sobre os ancestrais do Homo sapiens moderno. Os Neandertais teriam se instalado há mais de cem mil anos em cavernas da Rocha de Gibraltar, na Espanha, e de lá se espalharam pela Europa e Ásia. Quando chegou a nossa vez de se expandir a partir da África, no entando, teríamos levado doenças que dizimaram pouco a pouco os Neandertais, até sua extinção há cerca de 24 mil anos.
O cérebro deles, conforme apontam os estudos, era de tamanho semelhante ao nosso. O que determinou nossa “vitória” sobre eles na face da Terra, no entanto, teria sido diferentes atribuições da massa cerebral: enquanto eles dedicavam boa parte a habilidades como a visão noturna, nosso cérebro foi programado para tarefas mais versáteis em termos de adaptação. Dessa maneira, eles sucumbiram.
 
 
IV-Como sabemos que houve o Big Bang?
 
 
A Teoria do Big Bang é o modelo científico que explica como o universo chegou a ser como é agora, como ele já foi, e como será no futuro. Mas como é que a ciência pode ter certeza de que o Big Bang aconteceu e vem acontecendo? Que é real? Afinal de contas, ninguém estava lá para ver o Big Bang ocorrer, e ninguém está recriando Big Bangs em laboratório para estudar como ele acontece.
 
  • Prova matemática de que o universo teve um começo

  • Mas não precisamos testemunhar um evento para saber que ele aconteceu; basta examinar os vestígios dele.
    Um caçador, por exemplo, examina o solo em busca de pegadas. Examinando-as, ele descobre de qual animal é, suas características e quanto tempo faz que passou por ali – sem precisar vê-lo. Semelhante coisa fazem os astrofísicos. Eles examinam o céu e encontram as marcas dos eventos passados, marcas que aprendemos a ver e a interpretar no último século, e que nos ajudam a contar a fascinante história do nosso universo.

    Escuridão do céu, à noite – Paradoxo de Olbers

    Esta não é tanto uma prova do Big Bang, quanto uma prova que o universo não pode ser infinito e eterno.
    Se o universo fosse infinito, homogêneo e eterno, então para onde quer que você olhasse, a linha da visão iria encontrar uma estrela. Alguns astrônomos fizeram as contas e chegaram à conclusão de que, se fosse assim, o céu noturno deveria ser tão brilhante quanto a superfície de uma estrela. Só que ele é escuro.
    O Paradoxo de Olbers é o resultado de se assumir premissas falsas: ou o universo não é infinito, ou ele não é eterno, ou ele não é nem eterno, nem infinito.

    O universo está em expansão

    A primeira evidência de que o Big Bang é a explicação mais correta para o universo é a sua expansão. Na década de 1920, os astrônomos começaram a perceber que as nebulosas espirais eram na verdade outras galáxias, e estavam se afastando.
    A conclusão mais lógica é que, se agora as galáxias estão distantes e se afastando, se voltarmos no tempo elas ficarão mais próximas, e quanto mais voltarmos no tempo, mais próximas elas estarão.
    Esta é uma evidência forte do evento. Só que existem alguns cenários (ou hipóteses, se preferir) que podem explicar um universo em expansão, sem incluir um Big Bang. Precisamos de mais evidências.

    A radiação cósmica de fundo

    Se considerarmos que a explicação para a lei de Hubble seja a expansão do universo, qual a consequência imediata disto? Em algum momento do passado, o universo estava extremamente denso e quente. E para onde este calor foi, se é que existiu?
    Em todo o lugar. Depois de bilhões de anos de expansão, a radiação de calor original, que era na faixa do ultravioleta, está deslocada para o vermelho até a faixa do micro-ondas. Esta foi uma descoberta espetacular, por que foi primeiro prevista pela teoria, e depois foi confirmada na prática.
    Com a radiação cósmica de fundo, podemos excluir todas as teorias que não preveem um universo a 3.000K em algum momento no passado.

    Proporção entre elementos simples

    Se estamos prontos a assumir que o universo atingiu a temperatura de 10.000.000.000 K (dez bilhões de graus), então ele deve ter passado por uma fase geral de reações nucleares. O combustível era uma mistura de prótons e nêutrons em equilíbrio a esta temperatura. As cinzas eram principalmente deutério, os dois isótopos de hélio, e o isótopo pesado do lítio.
    Os cálculos mostram que, a partir de pressupostos razoáveis sobre a densidade atual de núcleons (prótons e nêutrons) e o número de famílias de partículas elementares, podemos chegar a uma proporção em que os elementos devem aparecer nas medições. Tal proporção foi comprovada pela observação.
    Esta proporção não pode ser explicada por outras teorias, somente a teoria do Big Bang.

    A razão entre fótons e nucleons

    Existe no universo aproximadamente 1.000 fótons para cada núcleon (próton ou nêutron), e nenhuma antimatéria. A razão disto está na física de alta energia, em como a matéria se comporta em estados de alta energia (e alta temperatura, portanto).
    Antes de avançar nesta evidência, é preciso entender uma coisa: em todas as reações observadas em laboratório, um número idêntico de partículas de energia, matéria e antimatéria é criado ou destruído. Para cada fóton, há uma partícula de matéria, e outra de antimatéria. Não deveria haver esta assimetria de 1000:1:0 entre fótons, matéria e antimatéria.
    A explicação é que quando a matéria está a temperaturas na ordem dos 10^27 K (10 seguido de 27 zeros), os fenômenos que acontecem geram a assimetria observada. Em outras palavras, a assimetria é prova que o universo já teve uma temperatura de 10^27 K.

    Algumas objeções comuns

    É importante sempre questionar a ciência e as suas conclusões, mas o questionamento tem que ser feito de forma racional e lógica. Claro que nem sempre isso acontece. Confira alguns questionamentos irracionais sobre a teoria do Big Bang:
    • O Big Bang é invenção de ateus para negar deus. Na verdade foi um padre católico, o belga Georges Lemaître quem criou a “teoria do ovo primordial”, que acabou sendo chamada de “Big Bang” por Fred Hoyle, um astrofísico ateu.
    • O Big Bang é só uma teoria, não é uma lei. Já vimos isto antes: uma teoria não vira lei, e as teorias da ciência não são “apenas uma teoria”, mas modelos que contam com hipóteses testáveis, fazem previsões, e têm evidências. [O que é uma teoria científica?]
    • Uma explosão na minha carteira não enche ela de dinheiro. O Big Bang, apesar do nome, não foi uma explosão, mas uma expansão do universo. No Big Bang, só se formaram átomos de hidrogênio e hélio, e traços de lítio. Outros átomos se formaram no núcleo de estrelas, e se espalharam quando elas explodiram.
    • Uma explosão não poderia criar um planeta redondinho ou a vida. Verdade. E nenhum cientista afirmou isto. O Big Bang aconteceu há 13,7 bilhões de anos, o planeta Terra se originou entre 4,5 a 5,5 bilhões de anos atrás, e a vida se originou a 3,8 bilhões de anos atrás. Três eventos diferentes, em tempos diferentes.
    • Não dá para acreditar nas teorias da ciência, elas estão sempre mudando. Os cientistas trabalham com evidências. Se as evidências apontarem que eles estão errados, eles vão se corrigir, seja alterando suas teorias, seja abandonando-as em favor de novas teorias. Vimos isto na história da mecânica quântica e também na história da teoria do Big Bang. Por enquanto não há motivo para afirmar que os cientistas estejam errados. [Como surgiu a teoria quântica?]
    • Se o Big Bang está certo, então por que ele não explica o que o originou? Uma teoria não precisa estar completa para estar correta, basta estar correta no que afirma. Por enquanto o Big Bang, apesar de não estar completo, e não explicar de forma satisfatória o tempo de Planck (a primeira fração de segundos do Big Bang), em todo o resto está correto, dentro de uma margem de erro aceitável. [Nova teoria explica o que havia antes do Big Bang]
    • Eu não acredito que o universo todo já foi do tamanho de um átomo ou menor. Quando o infomercial “Quem Somos Nós?” afirmou que a matéria é praticamente espaço vazio, ninguém duvidou. Tudo que a ciência faz é apontar que nas condições de temperatura e pressão do tempo de Planck estes espaços vazios diminuem até sumir. De qualquer forma, não acreditar em alguma coisa não prova que esta coisa seja falsa: isso é uma falácia lógica chamada “argumento da incredulidade”.
    • Nada surge do nada. Pela mecânica quântica, surge. No vácuo do espaço (o “nada absoluto” realmente não pode gerar nada) pululam partículas virtuais que surgem, e em uma fração de tempo minúscula, desaparecem. [Como ter um universo vindo do nada]
    • O cientista fulano de tal provou que o Big Bang não aconteceu, com sua nova teoria. Assim como os cientistas que propõe o Big Bang podem estar errados, os que duvidam da teoria também podem. Por enquanto, a ciência amplamente apoia o Big Bang, pois há décadas de acúmulo de evidências. Até que os especialistas cheguem a um outro consenso, ele continua valendo.
     
    v-Como ter um universo inteiro, do nada
     
     
    O físico teórico Lawrence Krauss já tomou parte em muitos tópicos complicados, da evolução até o estado das políticas científicas, passando pela física quântica e até a ciência em Star Trek. Mas em um de seus livros, ele talvez fale sobre o assunto limite: como nosso universo surgiu do nada sem uma intervenção divina.
    O argumento de que Deus foi o responsável pelo toque inicial, dando vida ao cosmos, vem desde Aristóteles e Tomás de Aquino. Em debates com teólogos, “a questão ‘porque existe algo ao invés de nada’ sempre aparece como ‘inexplicável’ e implica a existência de um criador”, afirma Krauss. “Nós já fomos tão longe, que responder essa pergunta – ou fazer questões similares – virou parte da ciência”.
    Ele comentou essa intrigante questão em uma palestra gravada, em uma conferência da Aliança Ateísta Internacional, em 2009. O vídeo já teve mais de um milhão de visualizações, e incitou Krauss a publicar seu mais novo livro, “A Universe From Nothing”.
    Porque existe algo ao invés de nada? O cientista afirma que essa questão implica uma pesquisa que não está realmente no propósito científico. “O ‘porque’ nunca é realmente um ‘porque’… de verdade, quando dizemos ‘porque’, estamos querendo saber ‘como’”.
    Ok, mas então como temos um universo do nada? Krauss traça uma série de descobertas, desde a teoria geral da relatividade de Einstein até os últimos estudos da energia escura, exemplificando como os cientistas determinaram que os espaços vazios estão preenchidos com energia, na forma de partículas virtuais. Da perspectiva da física quântica, as partículas entram e saem da existência a todo o tempo. Pra Krauss e muitos outros teóricos, o nada é tão instável que ele tem que criado algo: em nosso caso, o universo.
    E ainda mais. Krauss e seus colegas tem a visão de que pode haver uma sucessão infindável de big bangs, criando muitos universos com diferentes parâmetros e leis físicas. Alguns desses volta ao nada imediatamente, enquanto outros – como o nosso – ficam por aí tempo suficiente para dar origem às galáxias, estrelas, planetas e vida. Os cientistas ainda não têm uma forma de testar essa hipótese, mas isso explicaria como temos sorte de estar vivos: ganhamos na loteria cósmica.
    “Alguns dizem ‘Bom, isso é só uma escapatória’”, comenta Krauss. “Mas é uma desculpa menor do que Deus”.

    Positivos e negativos

    O livro de Krauss não é o primeiro a colocar que Deus é desnecessário para a criação do universo.
    Stephen Hawking apresentou um ponto parecido em seu livro “The Grand Design”. O argumento chave é que a energia positiva da matéria é balanceada pela energia negativa do campo gravitacional. Da perspectiva quântica, a energia total do universo é zero e a evidência matemática disso seria o fato do universo ser plano e não esférico. Portanto, a energia do “nada” é conservada, mesmo que “algo” entre na história.
    A ideia de um balanço entre a energia positiva e negativa tem gerado críticas por parte do criacionismo, mas Krauss afirma que o conceito bate com as teorias cosmológicas atuais.
    “Soa como uma fraude, mas não é. Uma vez com a gravidade, o incrível é que você pode começar com zero energia e acabar com diversas coisas, e essas podem ter energia positiva, contanto que você faça o efeito contrário com energia negativa. A gravidade permite que a energia seja negativa”, afirma o cientista.
    Daqui a muito tempo, quando todas as galáxias tiverem expandindo até o fim, e todas as estrelas morrido, os positivos e negativos vão se cancelar, levando nosso universo a voltar à uniformidade do espaço vazio. “O ‘algo’ talvez esteja aqui por um pequeno período de tempo”, afirma Krauss.

    Acentuar o positivo

    Para muitos isso pode soar um tanto suicida. O famoso evolucionista (e um dos ateus mais famosos do mundo) Richard Dawkins afirma o seguinte: “Se você acha que isso é sombrio e pouco entusiasmante, que pena. Realmente não traz conforto”. Mas Krauss não pretende ser um depressor.
    “Meu objetivo não é destruir a religião, apesar de isso ser um efeito colateral interessante. Meu objetivo não é diferente do que o de Charles Darwin com seu livro “A Origem das Espécies”. Meu objetivo é usar essa fascinante questão, que todos fazem, e motivar as pessoas a aprender sobre o universo real”.
    Krauss afirma que a perspectiva científica sobre as origens e o destino do universo oferece uma alternativa válida para o tradicional “consolo” que a religião propõe.
    “Aqui estão estas marcantes leis da natureza que surgiram e produziram tudo que você conhece, algo muito mais interessante do que qualquer conto de fadas”, comenta Krauss. “Nós somos os beneficiários sortudos disso, e deveríamos aproveitar o fato de termos consciência para apreciar o universo. É um acidente fantástico, como temos sorte de ser parte disso! E você pode criar uma ‘teologia’ ao redor disso, se quiser”.
    É claro que Krauss não se refere à teologia no sentido literal, do estudo de Deus, mas em um sentido de atitude com a vida e seus significados (ou falta de). Qual é a sua atitude? Sinta-se livre para expressar sua opinião, mas com respeito.
    Confira a palestra do físico Lawrence Krauss com legendas, em três partes: Parte I, Parte II e a Parte III .
     
     
    VI-Manifesto sobre o criacionismo
     
    Se você ainda está na dúvida se a terra tem 6 mil ou mais de 4 bilhões de anos alguns cientistas que entendem de genética escreveram um manifesto sobre o criacionismo que você tem que ler.
    O Manifesto sobre ciência e criacionismo explica tim-tim por tim-tim — até para os mais burrinhos como eu entenderem — como a mitologia cristã está totalmente equivocada com relação a origem e desenvolvimento da vida na Terra e que questões sobrenaturais devem permanecer na alçada da religião ao invés de permearem as aulas de ciências:
    Curiosamente, algumas dessas versões criacionistas se apresentam ao grande público como produto de “estudos científicos avançados”, como se fossem parte da atividade discutida em congressos científicos em diversos países, no Brasil inclusive. Nessas versões, a Teoria Evolutiva é deturpada, como se pouco ou nenhum trabalho científico tivesse sido efetuado desde sua proposta há mais de 150 anos, demonstrando um total desconhecimento dos milhares de resultados e evidências que consolidam essa Teoria. Alguns raros criacionistas são cientistas produtivos em suas áreas específicas de atuação, que não envolvem pesquisas na área da Evolução Biológica. Mas quando abordam o criacionismo, falam de sua crença particular e não das pesquisas que estudam e publicam. Como perguntas e explicações criacionistas não podem ser testadas pelo método científico, estes pesquisadores estão apenas emitindo uma opinião pessoal e subjetiva, motivada geralmente por uma crença religiosa.
    Cientistas são perguntadores por natureza. Responder que Deus é a causa de algo que a ciência ainda não explica é uma falácia. Se todas as pessoas pensassem assim não teríamos os avanços e confortos que apenas a ciência e tecnologia nos proporcionam. Determinar que Deus é a causa de algum fenômeno que até o momento é desconhecida é o mesmo que deixar de perguntar e de estudar; é parar de avançar.
    Reconhecendo que a divulgação destas ideias criacionistas representa uma deterioração na qualidade do ensino de Ciências, a Sociedade Brasileira de Genética (SBG) vem aqui ratificar que a Evolução Biológica por Seleção Natural é imensamente respaldada pelas evidências e experimentações nas áreas de Genética, Biologia Celular, Bioquímica, Genômica, etc. Além disto, reiteramos que, como qualquer outra Teoria científica, a Evolução Biológica tem sido remodelada com a incorporação de várias novas evidências (incluindo da área de Genética), tornando suas hipóteses e explicações mais complexas e robustas a cada ano, desde a primeira publicação de Charles Darwin em 1859.
    CRIACIONISMO CIENTÍFICO (OU DESIGN INTELIGENTE)
    Não existe qualquer respaldo científico para ideias criacionistas (incluindo o Design Inteligente) (…) Ao lado do respeito à liberdade de crença religiosa, deve ser também observado o respeito à Ciência que tem enfrentado todo tipo de obscurantismo político e religioso, de modo similar às situações vividas por Galileu Galilei e o próprio Charles Darwin.
    No Brasil
    Alguns criacionistas também utilizam o argumento de que a Ciência brasileira é retrógrada (ou “tupiniquim”, como a chamam), afirmando que o criacionismo é “aceito” no exterior, mas a Ciência é unânime em todos os países sobre este assunto, o que pode ser verificado
     

    VII-Vaticano afirma que Teoria da Evolução é compatível com o Criacionismo

        Segundo representantes do Vaticano, a Teoria Evolucionista de Darwin seria compatível com a versão da história de Adão e Eva no Jardim do Éden.
        O Arcebispo Gianfranco Ravasi, chefe do Pontifício Conselho de Cultura, disse que apesar da Igreja ter sido contrária ao evolucionismo, raízes da idéia de Darwin poderiam ser rastreadas até São Tomás de Aquino e Santo Agustinho.
          Segundo o padre Giuseppe Tanzella, Professor de Teologia da Pontifícia Universidade de Santa Cruz, em Roma, São Agustinho nunca usou o termo “evolução”, mas sabia que peixes menores eram comidos pelos maiores e que as formas de vida se transformavam com o passar dos anos. Tomás de Aquino,de acordo com Tanzella, também tinha idéias similares.
          O Vaticano está propondo a idéia do “Design Inteligente”, que tornaria Deus responsável pela complexidade das criaturas e também pela evolução. De acordo com Ravasi, as teorias de Darwin nunca foram propriamente condenadas pela Igreja e o Papa Pio XII teria dito, há 50 anos, que a evolução era uma hipótese válida para entender o desenvolvimento dos humanos.
          Segundo religiosos, os ateístas militantes estão afastando as pessoas das teorias evolucionistas usando-as para atacar a religião, enquanto já está na hora dos criacionistas perceberem as evidências da evolução.
           Agora como, exatamente, Adão e Eva, a serpente, e a Evolução podem caminhar juntos, ainda não foi explicado. 
     
    VIII-Teria Darwin plagiado Wallace na Teoria da Evolução?
     
     
         Nas últimas quatro décadas, Charles Darwin tem sido acusado de ter guardado o trabalho de seu colega naturalista Alfred Russel Wallace por quinze dias, impedindo-o de revisar os elementos de sua teoria da evolução. Darwin então pode anunciar a sua teoria da evolução pela seleção natural, em 1858.
          Mas, apenas recentemente, dois pesquisadores, o historiador John van Wyhe e o colaborador Kees Rookmaaker, reconstruíram a rota feita pela carta de Wallace para Darwin, descobrindo evidências de que o primeiro a enviou um mês depois do que os historiadores imaginavam. Isso limparia Darwin das acusações que vinha sofrendo.
    A controvérsia
          Alfred Russel Wallace, o naturalista que passou oito anos em Singapura e no sudeste da Ásia entre 1854 e 1862, descobriu a evolução pela seleção natural independentemente de Charles Darwin. Wallace teve um momento “eureca” quando vivia na ilha de Ternate, na Indonésia. Ele escreveu suas ideias em um trabalho enviado em 1858 para Charles Darwin, para que ele o repassasse até o geólogo Charles Lyell. Os acusadores dizem que Darwin segurou o trabalho por 15 dias, mentindo sobre a data de recebimento, para que ele próprio revisasse as ideias de Wallace.
         O trabalho de Wallace foi publicado junto com o de Darwin, em 1858, e marca a primeira publicação da teoria da evolução, que depois resultou em uma das maiores revoluções na história da ciência.
     
    Como o mistério começou
     
          Em 1972, um pesquisador descobriu outra carta de Wallace, para um amigo chamado Bates, enviada em março de 1858, da ilha de Ternate. A carta ainda guarda os selos de Singapura e Londres, que revela a chegada da carta na capital inglesa em três de junho de 1858 – duas semanas antes da data que Darwin afirma ter recebido o trabalho de Wallace. Assim começa o mistério – como duas cartas de Wallace, que viajaram juntas no mesmo caminho, chegaram em datas distintas? Isso deu asas a várias teorias, incluindo a que afirma que o famoso cientista guardou o trabalho de Wallace durante as duas semanas.
           Mas Darwin recebeu a carta quando disse, ou não?
           “No começo eu assumi que era impossível resolver esse mistério, já que muitos historiadores já haviam se debruçado sobre ele antes. Mas me ocorreu que não existe evidência contemporânea da data que Wallace enviou o trabalho para Darwin, apenas que ele o enviou logo após escrevê-lo, em fevereiro. Isso sugere que o envio aconteceu em março de 1858. Mas isso é apenas uma lembrança, que não serve como evidência. A outra diz que Darwin recebeu o trabalho em 18 de junho de 1858, e parece mais confiável. Então me ocorreu de traçar o caminho da carta a partir de Darwin, e não Wallace”, comenta van Wyhe.
           O pesquisador descobriu que um carregamento havia chego à Inglaterra no dia 16, com cartas da Índia e do Sudeste da Ásia. Isso com certeza não era uma coincidência – a carta de Wallace tinha que estar naquele navio. Ele, e seu colaborador, Kees Rookmaaker, checaram o caminho do barco, que passou por vários países.
           “Eventualmente, o caminho do correio foi completo. E nós ficamos espantados em saber que Wallace havia enviado a carta em abril, e não em maio, como muitos pensavam”, comenta van Wyhe.
           “Primeiro de tudo, nós sabemos que Wallace estava respondendo uma carta de Darwin enviada antes, e que essa chegou à Ternate em março. Isso revela que ele nunca respondeu a uma carta no mesmo carregamento que a levou. Aparentemente, o tempo intermediário foi muito pequeno. Por isso, há razões para duvidar que Wallace tivesse enviado a famosa carta em março, como se pensava”, afirma.
     
    IX-Pessoas não acreditam na teoria da evolução por medo
     
     
    Para a maioria dos cientistas, biólogos, mestres e doutores, a evolução foi a força motora que criou a vida na Terra e o homem em sua forma atual. As evidências da evolução são, no campo da ciência, muito fortes.
    Porém, uma pesquisa americana de 2007 descobriu que a população não pensa assim. 44% dos que responderam a enquete afirmaram acreditar que Deus criou o homem na sua forma atual (criacionismo puro) e 44% disseram que acreditavam que foi Deus quem guiou a evolução humana (design inteligente).
    Agora, um estudo da Universidade de Amsterdã oferece pistas fascinantes que podem explicar por que algumas pessoas rejeitam a evolução.
    O estudo incluiu 140 estudantes divididos em duas categorias. Com os estudantes da primeira categoria, foi feito apenas um questionário. A segunda categoria teve que participar de um jogo onde tiveram que recordar uma situação passada que ameaçou suas vidas sobre a qual eles não tinham controle. Depois, tiveram que dar três razões porque o futuro é incontrolável.
    O resultado da pesquisa apontou que, enquanto algumas pessoas não acreditam na evolução por motivos religiosos, o fator determinante para muitas outras pessoas negarem a teoria da evolução parece ser o medo da aleatoriedade e das circunstâncias descontroladas.
    Todos os alunos também foram convidados a escolher qual teoria da evolução eles sentiam que era mais válida entre as três mais populares: a evolução tradicional, que é a teoria padrão da evolução, e que destaca que a seleção natural é geralmente um processo aleatório em que as características imprevisíveis do ambiente natural determinam os resultados; o plano inteligente, uma teoria baseada na religião, que diz que a evolução foi guiada por uma divindade, e não por processos aleatórios; e uma nova teoria da evolução não-aleatória, uma visão da evolução pela seleção natural, que descreve como a evolução da vida não é aleatória, mas ordenada e previsível, descrita em 2006 pelo paleontólogo Simon Conway Morris.
    Os voluntários não-condicionados (aqueles da primeira categoria), em sua maioria, preferiram a tradicional teoria da evolução. Já os voluntários da segunda categoria, que tinham o tema da incerteza em suas vidas fresco em suas mentes, foram 15% mais propensos a escolher o design inteligente, e 25% mais propensos a apoiar uma teoria não-religiosa da evolução ordenada.
    A Teoria da Evolução de Darwin como a representação de um processo ordenado e previsível (teoria 3) reduziu a necessidade de reforçar a crença em um agente sobrenatural. Em outras palavras, o aumento da crença religiosa é anulado quando há outras opções para “restaurar a ordem”.
    Assim, dizem os pesquisadores, talvez a resistência à teoria da evolução baseie-se menos nas crenças religiosas das pessoas e muito mais em um medo da condição humana da incerteza.
    O debate sobre evolução determina uma série de medidas, incluindo o currículo de escolas públicas, concessões de pesquisa para faculdades, e outras.
    Esse estudo, ao determinar que parte do bloqueio mental para a evolução está na incerteza, pode ajudar universitários e professores de escolas públicas a apresentarem a teoria da evolução de uma forma menos ameaçadora e, finalmente, convencer o público cético desta ideia que a maioria dos cientistas profissionais acredita, suportados por evidências conclusivas.
     
    X-A evolução do RNA para DNA deve ter acontecido no gelo
     
     
     
    Pesquisadores estão tentando entender como a vida deu um salto do RNA para o DNA, e como ele adicionou uma gama de proteção e sustentação de compostos orgânicos ao longo dessa evolução. A resposta pode estar em um conceito pouco conhecido – o de que o RNA pode agir como uma enzima.
    O estudo também demonstrou que as bases do RNA monomérico podem se formar em condições semelhantes às de uma Terra pré-histórica. Essas bases individuais, flutuando em um ambiente aquático, podem se juntar e formar cadeias.
    Quando ao conceito do RNA como enzima, a comunidade bioquímica considera que o RNA age como enzima para produzir as proteínas do nosso corpo (chamadas “ribozima”). Assim, não é preciso muita lógica pensar que as enzimas do RNA, apesar de sua menor aptidão catalítica, poderiam lentamente gerar açúcares, proteínas, fosfolipídios e outras macromoléculas chaves. Na verdade, uma série de enzimas de RNA que gera vários tipos de molécula orgânica foi descoberta – incluindo enzimas para realizar auto-replicação das próprias enzimas.
    Uma questão crítica que ficou sem resposta, porém, foi a forma como que a antiga enzima de RNA poderia ter sobrevivido. O RNA, naturalmente, passa por reações de hidrólise em água que pode quebrar suas cadeias. Embora ocorrendo em uma taxa baixa, o grande número de ligações fosfodiéster em uma longa cadeia de RNA torna praticamente inevitável que a molécula de RNA se quebre em dias, ou meses. De que forma os antigos RNAs escaparam da destruição, então?
    Os pesquisadores fizeram experimentos para tentar decifrar esse enigma. Eles colocaram o RNA dentro de bolsões de líquido de arrefecimento a água, presos em gelo, e descobriram que as enzimas RNA funcionavam e, ao mesmo tempo, escapavam da degradação. O problema é que com a temperatura mais fria, a barreira de energia é provavelmente demasiado elevada para a hidrólise não catalisada das ligações fosfodiéster que ocorreriam – e que garantiriam a existência do RNA. Mas com íons suficientes, a enzima RNA poderia diminuir a barreira de energia e não só sobreviver como se auto-replicar.
    Assim, a origem da vida na Terra não poderia ter sido em um mar profundo de ventilação ou em mar aberto, mas em uma poça de lama fria nos pólos norte ou sul, que continha uma mistura de água e subprodutos orgânicos de carbono libertado da crosta terrestre.
    Ao longo do tempo esta forma de vida poderia ter construído um arsenal de produtos químicos úteis. A evolução mais crítica teria sido a criação de uma bicamada de fosfolipídios de proteção, a criação de enzimas de proteína para oferecer catálise mais rápida e, por último, a mudança para o DNA quimicamente mais estável. Depois disso, essa forma estaria pronta para arriscar climas mais quentes, sobreviver e se reproduzir, bem como captar a energia do sol para correção de energia nas moléculas à base de carbono.
    Essa é apenas uma teoria, que talvez nunca seja totalmente provada. Porém, os cientistas a consideram um avanço por ter fornecido uma explicação plausível de como a vida poderia ter evoluído a partir de compostos de carbono a um complexo sistema de vida.
     
     
    XI- Evolução: animais partiram da água salgada para a doce muito rápido
    
     
    Segundo uma nova pesquisa, os primeiros animais da Terra evoluíram não muito tempo depois de conquistarem os mares.
    Os pesquisadores estudaram fósseis no leste da Califórnia, EUA, sendo que alguns foram depositados em um mar salgado e outras peças em um rio. Nas camadas de água doce, os paleontólogos encontraram marcas de tocas em forma de U, nas quais duas espécies de vermes viveram.
    Pedras perto da fronteira entre Califórnia e Nevada preservam vestígios dos pequenos vermes, que ficaram esmagados na lama do rio cerca de 530 milhões de anos atrás. Isso é cerca de 80 milhões de anos antes de outros fósseis de animais de água doce, e não muito tempo depois da primeira aparição de formas diversas de animais em ambientes marinhos.
    O trabalho australiano mostra que os animais cruzaram essa barreira fisiológica muito cedo. Segundo os paleontólogos, a alteração dos níveis de salinidade pode ter tornado o verme resistente, de forma que ele evoluiu (de viver no oceano) para viver em rios e lagos.
    Os pesquisadores acreditam que os animais fizeram um caminho pelo mar através da água salobra (que tem mais sais dissolvidos que a água doce, e menos que a água do mar) até a água doce no momento em que as rochas se formaram.
    Se sim, ambientes de água doce eram lugares bastante hospitaleiros para viver no início da história dos animais – um tempo bem antes das plantas colonizarem a área terrestre, cerca de 450 milhões de anos atrás, o que alguns cientistas acham que foi uma etapa crucial na estabilização de paisagens em rios o suficiente para animais se desenvolverem ali.
    Como a maior parte do mundo é coberta por oceanos, seria de se esperar que grande parte dos fósseis fosse marinha, o que essa pesquisa prova que não é verdade. Os paleontólogos acreditam que os cientistas vão começar a procurar cada vez mais provas para esta etapa de transição para a água doce na história dos animais.
    Porém, nem todos os estudiosos estão convencidos da nova descoberta. Segundo eles, saber se as rochas estavam realmente depositadas em um rio, e não no mar ou ao longo da costa, é difícil. Um estudo publicado no início deste ano, por exemplo, argumenta que as rochas podem ter ficado muito perto da costa e, portanto, foram inundadas com água doce e água salgada
     
     
    
    
    

    lunes, 3 de diciembre de 2012

    almas do purgatorio, apostolos, mártires e todos os santos, intercedem por nós!

    
    A Igreja é Triunfante, Militante e Padecente (toda a Igreja)!
    Comunhão dos Apóstolos, Mártires, Doutores e todos os  Santos


         A Igreja é a comunidade religiosa fundada por Cristo e que, por isso, reúne todos os seus seguidores. Como, porém, o Senhor "é Deus de vivos e não de mortos" (cf. Mt 22,32), então todos os membros que O professam atualmente  na terra ou O professaram e já se encontram salvos, no céu (bem como aqueles que, também salvos, ainda se purificam no purgatório para ver o Senhor depois) fazem parte desta única e mesma Igreja.

          Assim sendo, a Igreja Triunfante (do Céu) designa aqueles membros já falecidos que se encontram salvos, no céu (os Santos), e que têm a alegria indescritível de estar na presença de Deus, vendo-O como Ele é. Além destes,  inclui-se também os anjos, que são mensageiros de Deus, e que também intercedem por nós.

          Já a Igreja Militante (da terra) designa os membros que vivem hoje sobre a terra, membros estes que lutam incansavelmente contra os poderes diabólicos, do mundo e da própria carne (cf. Ef 6,11-12; Gl 5,17).

          Tais conceitos são especialmente importantes para compreendermos o processo da Comunhão dos Santos, fruto da caridade que se difunde entre todos estes membros da Igreja, onde todos caridosamente intercedem uns pelos outros  nas orações que são oferecidas ao Pai Eterno e nas boas obras que são feitas por amor ao Seu nome, e que se revertem em preciosos benefícios para os membros da Igreja Militante (nós) e da Igreja Padecente (do purgatório).

          “A Igreja se diz peregrina porque só se consumará na glória celeste, quando do retorno glorioso de Cristo. Até lá, "a Igreja avança em sua peregrinação por meio das perseguições do mundo e das consolações de Deus" (Santo Agostinho).
     
    
     
    
    INTERCESSÃO
    1. Intercessão da Igreja

    §
    1678 Entre os sacramentais, ocupam lugar destacado as bênçãos. Compreendem ao mesmo tempo o louvor a Deus por suas obras e seus dons e a intercessão da Igreja, a fim de que os homens possam fazer uso dos dons de Deus segundo o espírito do Evangelho.

    2 Intercessão da Virgem Maria

    §
    969 "Esta maternidade de Maria na economia da graça perdura ininterruptamente, a partir do consentimento que ela fielmente prestou na anunciação, que sob a cruz resolutamente manteve, até a perpétua consumação de todos os eleitos. Assunta aos céus, não abandonou este múnus salvífico, mas, por sua múltipla intercessão, continua a alcançar-nos os dons da salvação eterna. (...) Por isso, a bem-aventurada Virgem Maria é invocada na Igreja sob os títulos de advogada, auxiliadora. protetora, medianeira."

    §
    1434 As múltiplas formas da penitência na vida cristã A penitência interior do cristão pode ter expressões bem variadas. A escritura e os padres insistem principalmente em três formas: o jejum, a oração e a esmola, que exprimem a conversão com relação a si mesmo, a Deus e aos outros. Ao lado da purificação radical operada pelo batismo ou pelo martírio, citam, como meio de obter o perdão dos pecados, os esforços empreendidos para reconciliar-se com o próximo, as lágrimas de penitência, a preocupação com a salvação do próximo, a intercessão dos santos e a prática da caridade, "que cobre uma multidão de pecados" (1Pd 4,8).

    §
    2156 O nome cristão O sacramento do Batismo é conferido "em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo" (Mt 28,19). No Batismo, o nome do Senhor santifica o homem, e o cristão recebe seu próprio nome na Igreja. Este pode ser o de um santo, isto é, de um discípulo que viveu uma vida de fidelidade exemplar a seu Senhor. O "nome de Batismo" pode também exprimir um mistério cristão ou uma virtude cristã. "Cuidem os pais, os padrinhos e o pároco para que não se imponham nomes alheios ao senso cristão."

    §
    2683 GUIAS PARA A ORAÇÃO Uma nuvem de testemunhas As testemunhas que nos precederam no Reino, especialmente as que a Igreja reconhece como "santos", participam da tradição viva da oração pelo exemplo modelar de sua vida, pela transmissão de seus escritos e por sua oração hoje. Contemplam a Deus, louvam-no e não deixam de velar por aqueles que deixaram na terra. Entrando "na alegria" do Mestre, eles foram "postos sobre o muito". Sua intercessão é o mais alto serviço que prestam ao plano de Deus. Podemos e devemos pedir-lhes que intercedam por nós e pelo mundo inteiro.

    3 Intercessão de Cristo
    §
    739 Por ser o Espírito Santo a unção de Cristo, é Cristo, a Cabeça do Corpo, que o difunde em seus membros, para alimentá-los, curá-los, organizá-los em suas funções mútuas, vivificá-los, enviá-los a testemunhar, associá-los, à sua oferta ao Pai e à sua intercessão pelo mundo inteiro. É pelos sacramentos da Igreja que Cristo comunica aos membros de seu Corpo o seu Espírito Santo e Santificador (a ser tratado na segunda parte do Catecismo).

    §
    1341 "FAZEI ISTO EM MEMÓRIA DE MIM" O mandamento de Jesus de repetir seus gestos e suas palavras "até que ele volte" não pede somente que se recorde de Jesus e do que ele fez. Visa á celebração litúrgica, pelos apóstolos e seus sucessores, do memorial de Cristo, de sua vida, de sua Morte, de sua Ressurreição e de sua intercessão junto ao Pai.

    §
    1361 A eucaristia é também o sacrifício de louvor por meio do qual a Igreja canta a glória de Deus em toda a criação. Este sacrifício de louvor só é possível através de Cristo: Ele une os fiéis à sua pessoa, ao seu louvor e à sua intercessão, de sorte que o sacrifício de louvor ao Pai é oferecido por Cristo e com ele para ser aceito nele.

    §
    1368 A eucaristia é também o sacrifício da Igreja. A Igreja, que é o corpo de Cristo, participa da oferta de sua Cabeça. Com Cristo, ela mesma é oferecida inteira. Ela se une à sua intercessão junto ao Pai por todos os homens. Na Eucaristia, o sacrifício de Cristo se torna também o sacrifício dos membros de seu Corpo. A vida dos fiéis, seu louvor, seu sofrimento, sua oração, seu trabalho são unidos aos de Cristo e à sua oferenda total, e adquirem assim um valor novo. O sacrifício de Cristo, presente sobre o altar, dá a todas as gerações de cristãos a possibilidade de estarem unidos à sua oferta. Nas catacumbas, a Igreja é muitas vezes representada como uma mulher em oração, com os braços largamente abertos em atitude de orante. Como Cristo que estendeu os braços na cruz, ela se oferece e intercede por todos os homens, por meio dele, com ele e nele.

    §
    1370 À oferenda de Cristo unem-se não somente os membros que estão ainda na terra, mas também os que já estão na glória do céu: é em comunhão com a santíssima Virgem Maria e fazendo memória dela, assim como de todos os santos e santas, que a Igreja oferece o Sacrifício Eucarístico. Na Eucaristia, a Igreja, com Maria, está como que ao pé da cruz, unida à oferta e à intercessão de Cristo.

    §
    2606 Todas as misérias da humanidade de todos os tempos, escrava do pecado e da morte, todos os pedidos e intercessões história da salvação estão recolhidos neste Grito do Verbo encarnado. Eis que o Pai os acolhe e, indo além de todas as esperanças, ouve-os, ressuscitando seu Filho. Dessa forma se realiza e se consuma o evento da oração na Economia da criação e da salvação. Sua chave de interpretação nos é dada pelo Saltério em Cristo. E no Hoje da Ressurreição que o Pai diz: "Tu és meu Filho, eu hoje te gerei. Pede, e eu te darei as nações como herança, os confins da terra como propriedade!"

    A Epístola aos Hebreus exprime em termos dramáticos como a oração de Jesus opera a vitória da salvação. "É ele que, nos dias de sua vida terrestre, apresentou pedidos e súplicas, com veemente clamor e lágrimas, àquele que o podia salvar da morte; e foi atendido por causa de sua submissão. E, embora fosse Filho, aprendeu, contudo, a obediência pelo sofrimento; e, levado à perfeição, se tomou para todos os que lhe obedecem princípio de salvação eterna" (1 Hb 5,7-9)

    4 Intercessão dos anjos
    §
    336 Desde o início até a morte, a vida humana é cercada por sua proteção e por sua intercessão. "Cada fiel é ladeado por um anjo como protetor e pastor para conduzi-lo à vida." Ainda aqui na terra, a vida cristã participa na fé da sociedade bem-aventurada dos anjos e dos homens, unidos em Deus.

    5 Intercessão dos religiosos
    §
    2687 Muitos religiosos consagraram toda a vida à oração. Desde o deserto do Egito, eremitas, monges e monjas consagraram seu tempo ao louvor de Deus e à intercessão por seu povo. A vida consagrada não se mantém e não se propaga sem a oração; esta é uma das fontes vivas da contemplação e da vida espiritual na Igreja.

    .6 Intercessão dos santos
    §
    956 A intercessão dos santos. "Pelo fato de os habitantes do Céu estarem unidos mais intimamente com Cristo, consolidam com mais firmeza na santidade toda a Igreja. Eles não deixam de interceder por nós ao Pai, apresentando os méritos que alcançaram na terra pelo único mediador de Deus e dos homens, Cristo Jesus. Por conseguinte, pela fraterna solicitude deles, nossa fraqueza recebe o mais valioso auxílio": Não choreis! Ser-vos-ei mais útil após a minha morte e ajudar-vos-ei mais eficazmente do que durante a minha vida.

    §
    1434 As múltiplas formas da penitência na vida cristã A penitência interior do cristão pode ter expressões bem variadas. A escritura e os padres insistem principalmente em três formas: o jejum, a oração e a esmola, que exprimem a conversão com relação a si mesmo, a Deus e aos outros. Ao lado da purificação radical operada pelo batismo ou pelo martírio, citam, como meio de obter o perdão dos pecados, os esforços empreendidos para reconciliar-se com o próximo, as lágrimas de penitência, a preocupação com a salvação do próximo, a intercessão dos santos e a prática da caridade, "que cobre uma multidão de pecados" (1Pd 4,8).

    §
    2156 O nome cristão O sacramento do Batismo é conferido "em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo" (Mt 28,19). No Batismo, o nome do Senhor santifica o homem, e o cristão recebe seu próprio nome na Igreja. Este pode ser o de um santo, isto é, de um discípulo que viveu uma vida de fidelidade exemplar a seu Senhor. O "nome de Batismo" pode também exprimir um mistério cristão ou uma virtude cristã. "Cuidem os pais, os padrinhos e o pároco para que não se imponham nomes alheios ao senso cristão."

    §
    2683 GUIAS PARA A ORAÇÃO Uma nuvem de testemunhas As testemunhas que nos precederam no Reino, especialmente as que a Igreja reconhece como "santos", participam da tradição viva da oração pelo exemplo modelar de sua vida, pela transmissão de seus escritos e por sua oração hoje. Contemplam a Deus, louvam-no e não deixam de velar por aqueles que deixaram na terra. Entrando "na alegria" do Mestre, eles foram "postos sobre o muito". Sua intercessão é o mais alto serviço que prestam ao plano de Deus. Podemos e devemos pedir-lhes que intercedam por nós e pelo mundo inteiro

    .7 Intercessão no Antigo Testamento
    §210 "DEUS DE TERNURA E DE COMPAIXÃO" Depois do pecado de Israel, que se desviou de Deus para adorar o bezerro de ouro, Deus ouve a intercessão de Moisés e aceita caminhar no meio de um povo infiel, manifestando, assim o seu amor. A Moisés, que pede para ver sua glória, Deus responde: "Farei passar diante de ti toda a minha beleza e diante de ti pronunciarei o nome de Iahweh" (Ex 33,18-19). E o Senhor passa diante de Moisés e proclama: "Iahweh, Iahweh, Deus de ternura e de compaixão, lento para a cólera e rico em amor e fidelidade" (Ex 34,6). Moisés confessa então que o Senhor é um Deus que perdoa.

    §
    2574 Moisés e a oração do mediador Logo que começa a se realizar a Promessa (a Páscoa, o Êxodo, a entrega da Lei e a conclusão da Aliança), a oração de Moisés é a figura surpreendente da oração de intercessão que se realizará no "único Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus" (1 Tm 2,5).

    §
    2577 Dessa intimidade com o Deus fiel, lento para a cólera e cheio de amor, Moisés tirou a força e a tenacidade de sua intercessão. Não ora por si, mas pelo povo que Deus adquiriu. Já durante o combate com os amalecitas, ou para obter a cura de Míriam, Moisés intercede. Mas é sobretudo depois da apostasia do povo que "ele se posta na brecha", diante de Deus (Sl 106,23), para salvar o povo. Os argumentos de si oração (a intercessão também é um combate misterioso) inspirarão a audácia dos grandes orantes do povo judeu e da Igreja: Deus é amor, por isso é justo e fiel; não se pode contradizer, deve lembrar-se de suas ações maravilhosas, sua Glória está em jogo, não pode abandonar o povo que traz seu nome.

    §
    2578 Davi e a oração do rei A oração do povo de Deus florescerá à sombra da Casa de Deus, da Arca da Aliança e, mais tarde, do Templo. São principalmente os guias do povo os pastores e os profetas - que o ensinarão a orar. Samuel, menino, teve de aprender de sua mãe Ana como "se portar diante do Senhor", e do sacerdote Eli, como ouvir Sua Palavra: "Fala, Senhor, que teu servo ouve" (1Sm 3,9-10). Mais tarde, também ele conhecerá o preço e o peso da intercessão: "Quanto a mim, longe de mim esteja que eu venha a pecar contra o Senhor, deixando de orar por vós e de vos mostrar o bem e o reto caminho" (1Sm 12,23).

    §
    2584 No "face a face" com Deus, os profetas haurem luz e força para sua missão. Sua oração não é uma fuga do mundo infiel, mas uma escuta da Palavra de Deus, às vezes um debate ou uma queixa, sempre uma intercessão que aguarda e prepara a intervenção do Deus salvador, Senhor da história.

    8 Intercessão pelos defuntos
    §
    958 A comunhão com os falecidos. "Reconhecendo cabalmente esta comunhão de todo o corpo místico de Jesus Cristo, a Igreja terrestre, desde os tempos primevos da religião cristã, venerou com grande piedade a memória dos defuntos (...) e, `já que é um pensamento santo e salutar rezar pelos defuntos para que sejam perdoados de seus pecados' (2Mc 12,46), também ofereceu sufrágios em favor deles." Nossa oração por eles pode não somente ajudá-los, mas também tornar eficaz sua intercessão por nos.

    9 Oração de intercessão
    §
    1096 Liturgia judaica e liturgia cristã. Um conhecimento mais aprimorado da fé e da vida religiosa do povo judaico, tais como são professadas e vividas ainda hoje, pode ajudar a compreender melhor certos aspectos da liturgia cristã. Para os judeus e para os cristãos, a Sagrada Escritura é uma parte essencial de suas liturgias: para a proclamação da Palavra de Deus, a resposta a esta palavra, a oração de louvor e de intercessão pelos vivos e pelos mortos, o recurso à misericórdia divina. A Liturgia da palavra, em sua estrutura própria, tem sua origem na oração judaica. A Oração das horas, bem como outros textos e formulários litúrgicos, tem seus paralelos na oração judaica, o mesmo acontecendo com as próprias fórmulas de nossas orações mais veneráveis, entre elas o Pai-Nosso. Também as orações eucarísticas inspiram-se em modelos da tradição judaica. As relações entre liturgia judaica e liturgia cristã mas também a diferença de seus conteúdos são particularmente visíveis nas grandes festas do ano litúrgico, como a Páscoa. Cristãos e judeus celebram a Páscoa; Páscoa da história, orientada para o futuro, entre os judeus; Páscoa realizada na morte e na Ressurreição de Cristo, entre os cristãos, ainda que sempre à espera da consumação definitiva.

    §
    1354 Na anamnese que segue, a Igreja faz memória da Paixão, da Ressurreição e da volta gloriosa de Cristo Jesus; ela apresenta ao Pai a oferenda de seu Filho que nos reconcilia com ele.

    Nas intercessões, a Igreja exprime que a Eucaristia é celebrada em comunhão com toda a Igreja do céu e da terra, dos vivos e dos falecidos, e na comunhão com os pastores da Igreja, o Papa, o Bispo da diocese, seu presbitério e seus diáconos, e todos os Bispos do mundo inteiro com suas igrejas.§1354

    §
    1509 "Curai os enfermos!" (Mt 10,8). A Igreja recebeu esta missão do Senhor e esforça-se por cumpri-la tanto pelos cuidados aos doentes como pela oração de intercessão com que os acompanha. Ela crê na presença vivificante de Cristo, médico da alma e do corpo. Esta presença age particularmente por intermédio dos sacramentos e, de modo especial, pela Eucaristia, pão que dá vida eterna a cujo liame com a saúde corporal São Paulo alude.

    §
    2634 A oração de intercessão A intercessão é uma oração de pedido que nos conforma de perto com a oração de Jesus. Ele é o único Intercessor junto do Pai em favor de todos os homens, dos pecadores, sobretudo. Ele é "capaz de salvar de modo definitivo aqueles que por meio dele se aproximam de Deus, visto que Ele vive para sempre para interceder por eles" (Hb 7,25). O próprio Espírito Santo "intercede por nós... pois é segundo Deus que ele intercede pelos santos" (Rm 8,26-27).

    §
    2635 Interceder, pedir em favor de outro, desde Abraão, é próprio de um coração que está em consonância com a misericórdia de Deus. No tempo da Igreja, a intercessão cristã participa da de Cristo; é a expressão da comunhão dos santos. Na intercessão, aquele que ora "não procura seus próprios interesses, mas pensa sobretudo nos dos outros" (Fl 2,4) e reza por aqueles que lhe fazem mal.

    §
    2636 As primeiras comunidades cristãs viveram intensamente forma de partilha. O Apóstolo Paulo as faz participar assim de seu ministério do Evangelho, mas intercede também por elas. A intercessão dos cristãos não conhece fronteiras: "Por todos os homens, pelos que detêm a autoridade" (1 Tm 2,1), pelos que perseguem pela salvação daqueles que recusam o Evangelho.

    §
    2734 A confiança filial A confiança filial é experimentada - e se prova - na tribulação. A dificuldade principal se refere à oração de súplica por si ou pelos outros, na intercessão. Alguns deixam até de orar porque, pensam eles, seu pedido não é ouvido. Aqui surgem duas questões: por que pensamos que nosso pedido não foi ouvido? De que maneira é atendida, ou é "eficaz", nossa oração?

    §
    2770 Na Liturgia Eucarística, a Oração do Senhor aparece como a oração de toda a Igreja. Nela revela-se seu sentido pleno e sua eficácia. Situada entre a Anáfora (Oração eucarística) e a Liturgia da comunhão, ela recapitula por um lado todos os pedidos e intercessões expressos no movimento da Epiclese e, por outro, bate à porta do Festim do Reino que a Comunhão sacramental vai antecipar.

    domingo, 2 de diciembre de 2012

    Discernimento- Comungar



            De um ponto de vista autenticamente católico, o recurso arquitetônico antigo, para a salvação das almas, deveria voltar”. Sobre a Comunhão de pé, Comunhão na mão e outros erros monumentais.

     


    Grace Kelly

     (Princesa Grace de Mônaco recebendo a Sagrada Comunhão da maneira católica).

           Há alguns anos, o Papa Bento XVI decretou que todas as pessoas que comungassem com ele deveriam se ajoelhar e receber a Sagrada Comunhão sobre a língua. Esta prática era a norma universal antes do Concílio Vaticano II, porém, foi amplamente rejeitada pela maioria dos bispos após o Concílio. A presente opção ou permissão de receber a Sagrada Comunhão de pé e na mão tem contribuído bastante para a crise de fé e a perda do sentido do sagrado. O Papa agora está tentando reverter essa tendência chamando os católicos de volta a um sentido forte de sua própria identidade.

            Pe. Regis Scanlon, OFM, disse uma vez que "a doutrina da Presença Real de Jesus Cristo na Eucaristia é uma daquelas verdades maravilhosas pelas quais o Cristianismo resplandece como uma religião de mistérios que excede muitíssimo a capacidade da mente humana. A Igreja Católica definiu o dogma da Presença Real ao afirmar que Jesus Cristo está presente inteiramente sob as aparências de pão e vinho após as palavras de consagração na Eucaristia."1

           A recepção da Sagrada Comunhão na Missa sempre foi um momento de tremenda reverência, tradicionalmente precedida pelo soar de sinos, incenso e silêncio. Infelizmente, existem muitos católicos que não acreditam mais na Presença Real. Sem dúvida, isso se deve à diminuição – e em alguns casos, a exclusão – desses e de muitos outros símbolos e sinais de adoração. Um símbolo de adoração que foi eliminado é o recurso arquitetônico chamado Mesa de Comunhão.

            A Mesa de Comunhão (também chamada de comungatório) foi introduzida nas igrejas católicas no século IX. Sua finalidade era separar o santuário do restante da igreja e separar aqueles cuja função é realizar a ação sacramental dos que formam a congregação da celebração – uma separação que foi sempre considerada como essencial para a constituição da Igreja. Essa separação estava relacionada à compreensão antiga do sacerdote como o intermediário designado entre Deus e as pessoas. O comungatório tornou-se mais conhecido como mesa de Comunhão na Idade Média, quando os fiéis começaram a receber a Comunhão de joelhos de maneira mais generalizada. Esse desenvolvimento orgânico se deu a partir de um sentido de reverência e humildade mais premente com relação à Eucaristia.

             Para aqueles que não estão familiarizados com a mesa de Comunhão – e, sem dúvida, muitos hoje em dia nunca a usaram –, é um recurso arquitetônico que separa o santuário do corpo da igreja e, geralmente, é feito de mármore ou algum outro material precioso. Um pano branco e limpo de linho fino, que, geralmente, ficava preso no lado do comungatório que dava para o santuário geralmente era estendido ao longo da mesa de comunhão antes da distribuição da Sagrada Comunhão; sua finalidade era atuar como um tipo de corporal para receber quaisquer partículas que por acaso pudessem cair das mãos do sacerdote. O comungante então pegava o tecido com ambas as mãos e o segurava sob o queixo. Há evidências que sugerem que algo na natureza de um corporal era usado mesmo nos primeiros dias do cristianismo. Em épocas mais modernas, um acólito desempenhava a mesma função segurando uma patena sob o queixo de cada comungante.


    Até mesmo o Santo Padre Pio recebia a Comunhão de joelhos e sobre a língua. Será que ele não era "iluminado" quanto nós?

           No momento da Comunhão podemos quase visualizar o comungatório como uma mesa comprida, que existe ao longo e em frente do Altar do Sacrifício – uma mesa onde o povo de Deus pode partilhar do banquete de Nosso Senhor como se estivesse presente em sua Última Ceia; uma mesa onde, ao mesmo tempo, podemos estar presentes ao sacrifício incruento da Paixão de Nosso Senhor, como se estivéssemos verdadeiramente ajoelhados diante de Nosso Senhor no Calvário, prontos para recebê-Lo e participar em seu Sacrifício. Que incrível!

           Compare isso com as rubricas de hoje que permitem que se fique de pé para a Comunhão. O que percebemos? No momento da Comunhão, o comungante toma a hóstia do padre com as suas próprias mãos – como se quisesse negar ou minimizar a consagração das mãos do sacerdote ocorrida na ordenação.

            Muitos comungantes hoje em dia saem da frente da igreja sem mesmo reconhecer, fazendo uma inclinação, que ele ou ela recebeu algo – ou Alguém – sagrado. Nenhuma precaução é tomada para garantir que partículas do Corpo e Sangue de Nosso Senhor não se percam. Absolutamente escandaloso! E ainda assim é isso que muitos de nossos peritos litúrgicos e bispos permitem e até mesmo promovem hoje em dia. É como se a Missa fosse um pouco mais do que uma reunião social ou um local para reunir alguns amigos.

             Infelizmente, a decisão de retirar as mesas de Comunhão veio pouco tempo depois do Concilio Vaticano II e parece ter sido uma iniciativa tomada em nível local para introduzir mudanças arquitetônicas que foram consideradas necessárias para implementar as reformas litúrgicas do Concílio. Enquanto algumas igrejas deixaram as mesas de Comunhão intactas, em grande parte, elas caíram em desuso e, em geral, as construções de novas igrejas não as inclui.

            Teóricos litúrgicos alegavam, juntamente com o chamado do Vaticano II a uma “participação plena e ativa de todas as pessoas" na liturgia, que a mesa de Comunhão separava a atividade do clero da passividade dos leigos a quem eles incorretamente acreditavam estivessem excluídos da celebração. Daí, a retirada das mesas de Comunhão foi considerada necessária, a fim de formar um espaço integrado ou unificado que retiraria o enfoque do padre e o redistribuiria igualmente a cada membro da assembleia. Isso significa, incidentalmente, que, embora a Igreja continue acreditando que os acólitos conduzam à produção de vocações sacerdotais, as meninas agora deveriam ser incluídas dentre suas fileiras, uma vez que qualquer forma de discriminação pode ser vista como divisão.


    Deus nos perdoe!

          Entretanto, neste ponto, tudo que é essencial para a fé católica na Missa começa a se deteriorar. Por exemplo, o sacerdote não é mais visto como um intermediário, mas sim como o “presidente" que agora deve "se voltar" para as pessoas, ao invés de se voltarem para a cruz de Cristo 2 – como acontecia com a Missa em Latim. O Papa Bento XVI, alega em seu livro, O Espírito da Liturgia, que "o sacerdote que se volta para a comunidade forma, juntamente com ela, um círculo fechado em si. A sua forma deixou de ser aberta para cima e para frente; ela encerra-se em si própria."3

           Sem essa "abertura para cima e para frente", para Deus, o Sacrifício da Missa se torna um pouco mais do que uma refeição comum, em que também é importante que nós "nos autocomunguemos" ao receber o Corpo e o Sangue de Cristo na Sagrada Comunhão, usando as nossas mãos. Isso é especialmente verdadeiro sempre que – como frequentemente ocorre – um membro do laicato toma as Hóstias do sacrário e as dá ao sacerdote e a outros membros do laicato para distribuição. Dizem-nos que isso ajuda a "despertar no cristão um sentido de dignidade pessoal."4 Como um testamento adicional a esta “dignidade” igualitária também se torna necessário ficar de pé ao receber a Sagrada Comunhão, o que, por as vez, elimina qualquer motivo adicional para conservar a mesa de comunhão. Muitos se lembrarão como a prática de ficar de pé para a Sagrada Comunhão foi rigorosa e arbitrariamente imposta após o Vaticano II até que se tornasse uniformemente arraigada no laicato.

           Com quanta frequência escutamos desde o Vaticano II que a “genuflexão não combina com a nossa cultura ... Não é certo que um homem crescido faça isso... ele deve olhar para Deus de pé". Ou novamente: "Não é apropriado que um homem redimido – ele foi liberto por Cristo e não precisa se ajoelhar nunca mais." Entretanto, é muita presunção agir como se já tivéssemos recebido a nossa recompensa celeste antes que a tenhamos efetivamente recebido. Embora muitos na Igreja neguem que o orgulho esteja envolvido neste caso, creio que este seja o “pecado da presunção" elevando a sua horrorosa cabeça. São Paulo (Fil 2; 12) nos diz que devemos trabalhar a nossa salvação em temor e tremor.

            O Papa Bento disse que "a genuflexão dos cristãos não é uma forma de inculturação em costumes existentes. Muito pelo contrário, trata-se de uma expressão da cultura cristã, que transforma esta cultura através de um conhecimento e experiência de Deus novos e mais profundos." 5

           Ajoelhar-se advém do conhecimento de Deus. Como o Papa nos lembra, "a palavra proskynein sozinha ocorre cinquenta e nove vezes no Novo Testamento, vinte e quatro das quais estão no Apocalipse, o livro da liturgia celeste, que é apresentado à Igreja como o padrão para a sua liturgia." 6

            O Papa Bento dá um exemplo de como a genuflexão, prática essa que nos anos recentes, como o Sinal da Cruz, está caindo em desuso dentro da Igreja. Em seu livro O Espírito da Liturgia, o Papa fala de uma "história que provêm dos ditos dos Padres do Deserto, de acordo com a qual o demônio foi compelido por Deus a mostrar-se a um certo Abba Apollo. Ele tinha a aparência enegrecida e feia, com membros magros e assustadores, porém, o que mais chamava a atenção era que ele não tinha joelhos. A incapacidade de ajoelhar-se é vista como a própria essência do diabólico." 7

             Não se trata de um capricho da imaginação sugerir que, ao menos, teoricamente, aqueles que abandonaram a genuflexão durante a recepção da Sagrada Comunhão tenham efetivamente abandonado a Bíblia – porque se alguém não se ajoelha perante o Senhor, quando é que essa pessoa se ajoelha? O Santo Padre assinala também que "o homem que aprende a crer, aprende também a se ajoelhar, e uma fé ou uma liturgia não mais familiarizada com a genuflexão estaria doente em seu núcleo." 8

     


    Como ousam!

            Embora os teóricos litúrgicos, designers e consultores modernos afirmem que a sua nova teologia reflete a mente da Igreja, não há documento eclesiástico algum contra a mesa de Comunhão ou algum documento que sancione a sua retirada das igrejas. O que o Vaticano disse é que "Quando os fiéis comungam de joelhos, nenhum outro sinal de reverência diante do Santíssimo Sacramento é obrigatório, uma vez que o próprio genuflectir é um sinal de adoração. Quando eles recebem a comunhão de pé, é altamente recomendado que, vindo em procissão, eles devam fazer um sinal de reverência antes de receber o Santíssimo Sacramento." 9

            Em sua carta pastoral sobre a reverência eucarística, Dom John Keating de Arlington, Virginia, escreve: "Nenhuma postura corporal expressa de maneira tão clara a reverência interior da alma perante Deus quanto o ato de genuflectir. Reciprocamente, a postura de genuflectir reforça e aprofunda a atitude de reverência da alma." 10

           Portanto, ajoelhar-se é a postura máxima de adoração, submissão e entrega. Na Igreja  Católica fazemos genuflexão e nos ajoelhamos para indicar, através de um gesto corporal, uma submissão total de nossas mentes e corações à verdadeira Presença de Cristo. Trata-se de uma manifestação exterior da reverência inspirada por Sua Presença. A mesa de Comunhão é a divisória que separa o santuário da assembleia. Na medida em que ela nos permite visualizar essa distância que separa o céu e a terra, Criador e criatura, é um recurso arquitetônico que nos ajuda a superar o orgulho humano, permitindo que nos aproximemos e recebamos Cristo na Eucaristia com a disposição e reverência próprias. Em um sentido adicional – na medida em que a noiva e o noivo são consagrados no santuário --, a mesa de comunhão também pode ser vista como um reforço visual poderoso do sacramento do Matrimônio.

            A remoção das mesas de Comunhão causou grande dor a muitos na Igreja. Ela desorientou muitas pessoas, que, com justa razão – especialmente à luz da perda recente e avassaladora da fé na Eucaristia como Presença Real – temiam que o próprio cerne da fé católica fosse comprometido. Uma vez que a Missa culmina na administração da Comunhão, a mesa de comunhão deveria ser vista como era – como um auxílio para a fé da mais alta importância para os fiéis. De um ponto de vista autenticamente católico, o recurso arquitetônico antigo, para a salvação das almas, deveria voltar.

    Notas:

    1. Padre Regis Scanlon, O.F.M., Capítulo "Piedade Eucarística: Uma Forte Recomendação" (Theotokos, o boletim do Clube Católico da Aurária).

    2 Ou, mais precisamente, o Oriente. Para citar o Monsenhor Klaus Gamber: "O que na Igreja primitiva e durante a Idade Média determinou a posição do altar foi que ele estava virado para o Oriente. Para citar Santo Augustinho, "Quando nos levantamos para rezar, nos voltamos para o Oriente, onde começa o Céu. E fazemos isso não porque Deus esteja lá, como se Ele tivesse se distanciado de outras direções na terra..., mas sim para nos ajudar a lembrar a voltar nossas mentes em direção a uma ordem superior, ou seja, para Deus". Klaus Gamber, A Reforma da Liturgia Romana, Una Voce Press, Califórnia, 1993, p.80 no capítulo, "Missa Versus Populum".

    3. Cardeal Joseph Ratzinger, O Espírito da Liturgia (San Francisco: Ignatius Press, 2000), p. 80. (doravante citado como O Espírito da Liturgia ).

    4. Comunicação Interna da Conferência Canadense de Bispos Católicos, 23 de março de 1970.

    5. O Espírito da Liturgia. p. 185.

    6. Ibid.

    7. Ibid., p. 193.

    8. Ibid., p. 194.

    9. Eucharisticum Mysteriumis, 1967.

    10. Carta Pastoral sobre a Reverencia Eucarística, 4 de dezembro de 1988.

     

     

    EUCARISTIA - §1322-1419 (cf. CIC)

    1 Ação de graças

    §1359 A Eucaristia, sacramento de nossa salvação realizada por Cristo na cruz, é também um sacrifício de louvor em ação de graças pela obra da criação. No sacrifício eucarístico, toda a criação amada por Deus é apresentada ao Pai por meio da Morte e da Ressurreição de Cristo. Por Cristo, a Igreja pode oferecer o sacrifício de louvor em ação de graças por tudo o que Deus fez de bom, de belo e de justo na criação e na humanidade.

    2 Fonte e ápice da vida eclesial

    §1324 A Eucaristia é "fonte e ápice de toda a vida cristã ". "Os demais sacramentos, assim como todos os ministérios eclesiásticos e tarefas apostólicas, se ligam à sagrada Eucaristia e a ela se ordenam. Pois a santíssima Eucaristia contém todo o bem espiritual da Igreja, a saber, o próprio Cristo, nossa Páscoa ."


    §1357 Cumprimos esta ordem do Senhor celebrando o memorial de seu sacrifício. Ao fazermos isto, oferecemos ao Pai o que ele mesmo nos deu: os dons de sua criação, o pão e o vinho, que pelo poder do Espírito Santo e pelas palavras de Cristo se tornaram o Corpo e o Sangue de Cristo, o qual, assim, se torna real e misteriosamente presente.

    §1362 A Eucaristia é o memorial da Páscoa de Cristo, a atualização e a oferta sacramental de seu único sacrifício na liturgia da Igreja, que é o corpo dele. Em todas as orações eucarísticas encontramos, depois das palavras da instituição, uma oração chamada anamnese ou memorial.


    §1373 "Cristo Jesus, aquele que morreu, ou melhor, que ressuscitou, aquele que está à direita de Deus e que intercede por nós" (Rm 8,34), está presente de múltiplas maneiras em sua Igreja): em sua Palavra, na oração de sua Igreja, "lá onde dois ou três estão reunidos em meu nome" (Mt 18,20), nos pobres, nos doentes, nos presos, em seus sacramentos, dos quais ele é o autor, no sacrifício da missa e na pessoa do ministro. Mas "sobretudo (está presente) sob as espécies eucarísticas".

    §1374 O modo de presença de Cristo sob as espécies eucarísticas é único. Ele eleva a Eucaristia acima de todos os sacramentos e faz com que da seja "como que o coroamento da vida espiritual e o fim ao qual tendem todos os sacramentos". No santíssimo sacramento da Eucaristia estão "contidos verdadeiramente, realmente e substancialmente o Corpo e o Sangue juntamente com a alma e a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo e, por conseguinte, o Cristo todo" . "Esta presença chama-se 'real' não por exclusão, como se as outras não fossem 'reais', mas por antonomásia, porque é substancial e porque por ela Cristo, Deus e homem, se toma presente completo."

    §1375 É pela conversão do pão e do vinho no Corpo e no Sangue de Cristo que este se torna presente em tal sacramento. Os Padres da Igreja afirmaram com firmeza a fé da Igreja na eficácia da Palavra de Cristo e da ação do Espírito Santo para operar esta conversão. Assim, São João Crisóstomo declara:

    Não é o homem que faz com que as coisas oferecidas se tomem Corpo e Sangue de Cristo, mas o próprio Cristo, que foi crucificado por nós. O sacerdote, figura de Cristo, pronuncia essas palavras, mas sua eficácia e a graça são de Deus. Isto é o meu Corpo, diz ele. Estas palavras transformam as coisas oferecidas.

    E Santo Ambrósio afirma acerca desta conversão:

    Estejamos bem persuadidos de que isto não é o que a natureza formou, mas o que a bênção consagrou, e que a força da bênção supera a da natureza, pois pela bênção a própria natureza mudada. Por acaso a palavra de Cristo, que conseguiu fazer do nada o que não existia, não poderia mudar as coisas existentes naquilo que ainda não eram? Pois não é menos dar às coisas a sua natureza primeira do que mudar a natureza delas.

     


    §1362 A Eucaristia é o memorial da Páscoa de Cristo, a atualização e a oferta sacramental de seu único sacrifício na liturgia da Igreja, que é o corpo dele. Em todas as orações eucarísticas encontramos, depois das palavras da instituição, uma oração chamada anamnese ou memorial.

    §1363 No sentido da Sagrada Escritura, o memorial não é somente a lembrança dos acontecimentos dos acontecimento do passado, mas a proclamação das maravilhas que Deus realizou por todos os homens. A celebração litúrgica desses acontecimentos toma-os de certo modo presentes e atuais. É desta maneira que Israel entende sua libertação do Egito: toda vez que é celebrada a Páscoa, os acontecimentos do êxodo tomam-se presentes à memória dos crentes, para que estes conformem sua vida a eles.

    §1364 O memorial recebe um sentido novo no Novo Testamento. Quando a Igreja celebra a Eucaristia, rememora a páscoa de Cristo, e esta se toma presente: o sacrifício que Cristo ofereceu uma vez por todas na cruz torna-se sempre atual: "Todas as vezes que se celebra no altar o sacrifício da cruz, pelo qual Cristo nessa páscoa foi imolado, efetua-se a obra de nossa redenção."

    §1365 Por ser memorial da páscoa de Cristo, a Eucaristia é também um sacrifício. O caráter sacrifical da Eucaristia é manifestado nas próprias palavras da instituição: "Isto é o meu Corpo que será entregue por vós", e "Este cálice é a nova aliança em meu Sangue, que vai ser derramado por vós" (Lc 22,19-20). Na Eucaristia, Cristo dá este mesmo corpo que, entregou por nós na cruz, o próprio sangue que "derramou por muitos para remissão dos pecados" (Mt 26,28).

    §1366 A Eucaristia é, portanto, um sacrifício porque representa (toma presente) o Sacrifício da Cruz, porque dele é memorial e porque aplica seus frutos:

    [Cristo] nosso Deus e Senhor ofereceu-se a si mesmo a Deus Pai uma única vez, morrendo como intercessor sobre o altar da cruz, a fim de realizar por eles (os homens) uma redenção eterna. Todavia, como sua morte não devia pôr fim ao seu sacerdócio (Hb 7,24.27), na última ceia, "na noite em que foi entregue (1 Cor 11,13), quis deixar à Igreja, sua esposa muito amada, um sacrifício visível (como o reclama a natureza humana) em que seria representado (feito presente) o sacrifício cruento que ia realizar-se uma vez por todas uma única vez na cruz, sacrifício este cuja memória haveria de perpetuar-se até o fim dos séculos (l Cor 11,23) e cuja virtude salutar haveria de aplicar-se à remissão dos pecados que cometemos cada dia.

    §1367 O sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício: "É uma só e mesma vítima, é o mesmo que oferece agora pelo ministério dos sacerdotes, que se ofereceu a si mesmo então na cruz. Apenas a maneira de oferecer difere". "E porque neste divino sacrifício que se realiza na missa, este mesmo Cristo, que se ofereceu a si mesmo uma vez de maneira cruenta no altar da cruz, está contido e é imolado de maneira incruenta, este sacrifício é verdadeiramente propiciatório".

    §1368 A Eucaristia é também o sacrifício da Igreja. A Igreja, que é o corpo de Cristo, participa da oferta de sua Cabeça. Com Cristo, ela mesma é oferecida inteira. Ela se une à sua intercessão junto ao Pai por todos os homens. Na Eucaristia, o sacrifício de Cristo se torna também o sacrifício dos membros de seu Corpo. A vida dos fiéis, seu louvor, seu sofrimento, sua oração, seu trabalho são unidos aos de Cristo e à sua oferenda total, e adquirem assim um valor novo. O sacrifício de Cristo, presente sobre o altar, dá a todas as gerações de cristãos a possibilidade de estarem unidos à sua oferta. Nas catacumbas, a Igreja é muitas vezes representada como uma mulher em oração, com os braços largamente abertos em atitude de orante. Como Cristo que estendeu os braços na cruz, ela se oferece e intercede por todos os homens, por meio dele, com ele e nele.

    §1369 A Igreja inteira está unida à oferta e à intercessão de Cristo. Encarregado do ministério de Pedro na Igreja, o Papa está associado a cada celebração da Eucaristia em que ele é mencionado como sinal e servidor da unidade da Igreja universal. O Bispo do lugar é sempre responsável pela Eucaristia, mesmo quando é presidida por um presbítero; seu nome é nela pronunciado para significar que é ele quem preside a Igreja particular, em meio ao presbitério e com a assistência dos diáconos. A comunidade intercede assim por todos os ministros que, por ela e com ela, oferecem o Sacrifício Eucarístico:

    Que se considere legítima só esta Eucaristia que se faz sob a presidência do Bispo ou daquele a quem este encarregou. É pelo ministério dos presbíteros que se consuma o sacrifício espiritual dos fiéis, em união com o sacrifício de Cristo, único mediador, oferecido em nome de toda a Igreja na Eucaristia pelas mãos dos presbíteros, de forma incruenta e sacramenta até que o próprio Senhor venha.

    §1370 À oferenda de Cristo unem-se não somente os membros que estão ainda na terra, mas também os que já estão na glória do céu: é em comunhão com a santíssima Virgem Maria e fazendo memória dela, assim como de todos os santos e santas, que a Igreja oferece o Sacrifício Eucarístico. Na Eucaristia, a Igreja, com Maria, está como que ao pé da cruz, unida à oferta e à intercessão de Cristo.

    §1371 O Sacrifício Eucarístico é também oferecido pelos fiéis defuntos "que morreram em Cristo e não estão ainda plenamente purificados", para que possam entrar na luz e na paz de Cristo:

    Enterrai este corpo onde quer que seja! Não tenhais nenhuma preocupação por ele! Tudo o que vos peço é que vos lembreis de mim no altar do Senhor onde quer que estejais.

    Em seguida, oramos [na anáfora] pelos santos padres e Bispos que faleceram, e em geral por todos os que adormeceram antes de nós acreditando que haverá muito grande benefício para as almas, em favor das quais a súplica é oferecida, enquanto se encontra presente a santa e tão temível vítima. (...) Ao apresentarmos a Deus nossas súplicas pelos que adormeceram, ainda que fossem pecadores, nós (...) apresentamos o Cristo imolado por nossos pecados, tomando propício, para eles e para nós, o Deus amigo dos homens.

    §1372 Santo Agostinho resumiu admiravelmente esta doutrina que nos incita a uma participação cada vez mais completa no sacrifício de nosso redentor, que celebramos na Eucaristia:

    Esta cidade remida toda inteira, isto é, a assembleia e a sociedade dos santos, é oferecida a Deus como um sacrifício universal pelo Sumo Sacerdote que, sob a forma de escravo, chegou a ponto de oferecer-se por nós em sua paixão, para fazer de nós o corpo de uma Cabeça tão grande. (...) Este é o sacrifício dos cristãos: "Em muitos, ser um só corpo em Cristo" (Rm 12,5). E este sacrifício, a Igreja não cessa de reproduzi-lo no sacramento do altar bem conhecido pelos fiéis, onde se vê que naquilo que oferece, se oferece a si mesma

     

    Santíssimo Sacramento

    1 Adoração e culto do Santíssimo Sacramento

    §1178 A liturgia das Horas, que é como que um prolongamento da celebração eucarística, não exclui, mas requer de maneira complementar as diversas devoções do Povo de Deus, particularmente a adoração e o culto do Santíssimo Sacramento.

    §1183 O tabernáculo (ou sacrário) deve estar localizado "nas igrejas em um dos lugares mais dignos, com o máximo decoro". A nobreza, a disposição e a segurança do tabernáculo eucarístico devem favorecer a adoração do Senhor realmente presente no Santíssimo Sacramento do altar.

    O Santo Crisma (Mýron = perfume líquido) que, usado na unção, é sinal sacramental do selo do dom do Espírito Santo, é tradicionalmente conservado e venerado em um lugar seguro da igreja. Perto dele pode-se colocar o óleo dos catecúmenos e o dos enfermos.

    §1418 Visto que Cristo mesmo está presente no Sacramento do altar, é preciso honrá-lo com um culto de adoração. "A visita ao Santíssimo Sacramento é uma prova de gratidão, um sinal de amor e um dever de adoração para com Cristo, nosso Senhor. "

    §2691 Lugares favoráveis à oração

    A Igreja, casa de Deus, é o lugar próprio para a oração litúrgica da comunidade paroquial. E também o lugar privilegiado da adoração da presença real de Cristo no Santíssimo Sacramento. A escolha de um lugar favorável é importante para a verdade da oração:

    * para a oração pessoal, pode ser um "recanto de oração", com as Sagradas Escrituras e imagens sagradas, para aí estar "no segredo" diante do Pai. Numa família cristã, essa espécie de peque no oratório favorece a oração em comum;

    * nas regiões onde existem mosteiros, a vocação dessas comunidades é favorecer a partilha da Oração das Horas com os fiéis e permitir a solidão necessária a uma oração pessoal mais intensa;

    * as peregrinações evocam nossa caminhada pela terra em direção ao céu. São tradicionalmente tempos fortes de renovação da oração. Os santuários são para os peregrinos, em busca de suas fontes vivas, lugares excepcionais para viver "como Igreja" as formas da oração cristã.

    2 Presença real de Cristo no Santíssimo Sacramento

    §1374 O modo de presença de Cristo sob as espécies eucarísticas é único. Ele eleva a Eucaristia acima de todos os sacramentos e faz com que da seja "como que o coroamento da vida espiritual e o fim ao qual tendem todos os sacramentos". No santíssimo sacramento da Eucaristia estão "contidos verdadeiramente, realmente e substancialmente o Corpo e o Sangue juntamente com a alma e a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo e, por conseguinte, o Cristo todo" . "Esta presença chama-se 'real' não por exclusão, como se as outras não fossem 'reais', mas por antonomásia, porque é substancial e porque por ela Cristo, Deus e homem, se toma presente completo."