Cerimônia da Entronização
De novo se recomenda que, no dia da Entronização, seja celebrada Missa pelas intenções de toda a família ou, pelo menos, que se assista à Missa em família recebendo a Sagrada Comunhão (se não for possível no próprio dia, então no Domingo anterior).
O lugar reservado à imagem é arranjado como um pequeno altar. A imagem do Sagrado Coração de Jesus deve estar já preparada, ao lado, numa mesinha, coberta por uma toalhinha branca e enfeitada de velas e flores. Também ali se colocou uma tacinha com água benta.
À hora marcada, pais, filhos e amigos reúnem-se na divisão principal da casa onde vai decorrer a cerimónia. Se a casa ainda não foi abençoada, o sacerdote, com sobrepeliz e estola branca, abençoa-a em primeiro lugar.
V. Adjutorium nostrum in Nomine Domini. | V. O nosso auxílio está no Nome do Senhor. |
R. Qui fecit caelum et terram. | R. Que fez o Céu e a terra. |
V. Dominus vobiscum. | V. O Senhor esteja convosco. |
R. Et cum spiritu tuo. | R. E com o vosso espírito. |
Oremus. | Oremos. |
Bene + dic Domine, Deus omnipotens, domum istam; ut sit in ea sanitas, castitas, victoria, virtus, humilitas, bonitas, et mansuetudo, plenitudo legis, et gratiarum actio Deo Patri, et Filio, et Spiritui Sancto; et haec benedictio maneat semper super hanc domum et super habitantes in ea nunc et in omnia saecula saeculorum. Amen. | Ó Senhor, Deus Todo-Poderoso, abençoai esta casa. Para que nela haja saúde, castidade, vitória sobre o pecado, força, humildade, bondade e mansidão nos corações, plena observância da Vossa Lei e gratidão para com Deus Pai, Filho e Espírito Santo. E que esta bênção permaneça sobre este lar e sobre todos os que nele vivem, agora e pelos séculos dos séculos. Amen. |
Com sobrepeliz e estola branca, o sacerdote que preside à cerimónia começa por benzer as imagens – estando a família ajoelhada diante delas. (Sempre que um sacerdote não possa estar presente, as imagens devem ser benzidas com antecedência.)
V. Adjutorium nostrum in Nomine Domini. | V. O nosso auxílio está no Nome do Senhor. |
R. Qui fecit caelum et terram. | R. Que fez o Céu e a terra. |
V. Dominus vobiscum. | V. O Senhor esteja convosco. |
R. Et cum spiritu tuo. | R. E com o vosso espírito. |
Oremus. | Oremos. |
Omnipotens sempiterne Deus, qui Sanctorum tuorum imagines sculpi aut pingi non reprobas, ut quoties illas oculis corporis intuemur, toties eorum actus et sanctitatem ad imitandum memoriae oculis meditemur, hanc quaesumus imaginem (seu sculpturam) in honorem et memoriam Sacratissimi Cordis Unigeniti Filii tui Domini nostri Jesu Christi, adaptam bene+dicere et sancti+ficare digneris; et praesta, ut quicumque coram illa Cor Sacratissimum Unigeniti Filii tui suppliciter colere et honorare studuerit, illius meritis et obtentu, a te gratiam in praesenti, et aeternam gloriam obtineat in futurum. Per eundeum Christum Dominum nostrum. Amen. | Omnipotente e Sempiterno Deus, Vós não nos proibistes de representar os Vossos Santos em imagens de pedra ou em pinturas, de modo que, todas as vezes que olhássemos, com os olhos do corpo, para essas figuraçtes, pudéssemos, com os olhos do espírito, meditar sobre a sua santidade e, desse modo, ser levados a imitar os seus actos. Pedimos-Vos, pois, que, na Vossa bondade, abençoeis e santifiqueis estes quadros (estas imagens), com os quais queremos honrar e ter sempre presentes no nosso espírito o Sacratíssimo Coração do Vosso Filho Unigénito, Nosso Senhor Jesus Cristo, e o Coração Imaculado de Sua Mãe Santíssima, Santa Maria. E que todos aqueles que, em presença destas imagens, se empenharem com humildade a servir e honrar o Vosso Filho Unigénito, Nosso Senhor Jesus Cristo, e a Bem-Aventurada Sempre Virgem Maria, d’Eles obtenham, pelos Seus méritos e intercessão, a Graça, nesta vida presente, e a Glória eterna, na vida que há-de vir. Por Cristo, Senhor Nosso. Amen. |
Ultimo aspergat aqua benedicta | No fim, o sacerdote asperge as imagens com água benta. |
Então o chefe de família coloca as imagens do Sagrado Coração de Jesus e do Imaculado Coração de Maria no Seu lugar de honra, de modo a prestar homenagem ao Reinado de Amor de Jesus Cristo e da Bem-Aventurada Sempre Virgem Maria, que por toda a parte é tão desconhecido.
Depois da bênção, como forma de expressar explicitamente a Fé de toda a família, segue-se a recitação do Credo, Sinal dos Apóstolos, em voz alta e de pé.
Creio em Deus/ Pai Todo-Poderoso,/ Criador do Céu e da terra;/ e em Jesus Cristo,/ Seu único Filho,/ Nosso Senhor,/ O Qual foi concebido pelo poder do Espírito Santo,/ nasceu da Virgem Maria,/ padeceu sob Pôncio Pilatos,/ foi crucificado, morto e sepultado. Desceu aos Infernos/ e ao terceiro dia ressuscitou dos mortos;/ subiu ao Céu/ onde está sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso,/ de onde há-de vir julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo,/ na Santa Igreja Católica,/ na Comunhão dos Santos,/ na remissão dos pecados,/ na Ressurreição da carne,/ e na Vida Eterna. Amen.
Todos se sentam, e o sacerdote dirige então algumas palavras aos presentes, evocando:
• O significado da Entronização;
• A vida cristã de obediência, confiança e amor que os Sagrados Corações de Jesus e de Maria esperam das famílias que Lhes prestaram esta honra;
• As bênçãos, especiais e abundantes, concedidas às famílias que se conservam fiéis às suas promessas a Jesus e a Maria;
• A promessa de renovação frequente da sua consagração, especialmente durante as orações da noite, feitas em família.
Esta fórmula, aprovada por S. Pio X em 19 de Maio de 1908, deve ser usada como tal – sem alteração, portanto – para obter as indulgências. O Acto de Consagração é recitado de joelhos, tanto pela família como pelo sacerdote; não podendo este estar presente, o chefe de família dirigirá a cerimónia.
Ó Sagrado Coração de Jesus,/ Que fizestes saber a Santa Margarida Maria/ o Vosso ardente desejo de reinar sobre as famílias cristãs,/ olhai para nós, aqui reunidos neste dia/ para proclamar o Vosso absoluto domínio/ sobre o nosso lar.
De agora em diante nos propomos, pois,/ levar uma vida semelhante à Vossa,/ de modo que entre nós floresçam/ as virtudes pelas quais Vós prometestes a Paz na terra/ e, para isso,/ nós queremos afastar do meio de nós/ o espírito mundano/ que Vós tanto aborreceis.
Reinai sobre o nosso entendimento/ pela simplicidade da nossa Fé. Reinai sobre os nossos corações,/ por um ardente amor por Vós;/ e que a chama deste amor/ se conserve sempre viva nos nossos corações,/ pela frequente recepção da Divina Eucaristia.
Dignai-Vos, ó Divino Coração,/ presidir aos nossos encontros familiares,/ abençoar os nossos empreendimentos, tanto espirituais como temporais,/ afastar todas as preocupações e cuidados,/ santificar as nossas alegrias/ e suavizar as nossas penas. E se algum de nós tiver, alguma vez,/ a desgraça de ofender/ o Vosso Sacratíssimo Coração,/ lembrai-lhe a grandeza da Vossa Bondade e Misericórdia/ para com o pecador arrependido.
E, por fim, quando soar a hora da separação/ e a morte mergulhar em luto o nosso lar,/ que, nessa hora, todos/ e cada um de nós/ se encontre resignado com os Vossos eternos desígnios,/ e procure a consolação no pensamento/ de que um dia voltaremos a encontrar-nos no Céu,/ onde cantaremos os louvores e as bênçãos/ do Vosso Sagrado Coração/ por toda a Eternidade.
Que o Imaculado Coração de Maria/ e o glorioso Patriarca S. José/ Vos apresentem esta nossa Consagração,/ e dela nos recordem todos os dias da nossa vida.
Glória e Louvor ao Divino Coração de Jesus,/ nosso Rei e nosso Pai.
Todos de pé, para agradecerem ao Imaculado Coração de Maria a graça que, por esta Entronização, Jesus garantiu a toda a família, e para proclamarem a Nossa Mãe Santíssima como Rainha do nosso lar. A Sua imagem é colocada junto da do Sagrado Coração de Jesus. Todos rezam a “Salve-Rainha”.
Salve Rainha, Mãe de misericórdia, vida, doçura, e esperança nossa, salve! A Vós bradamos, os degredados filhos de Eva; a Vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas. Eia, pois, Advogada nossa, esses Vossos olhos, misericordiosos, a nós volvei. E depois deste desterro nos mostrai Jesus, bendito fruto do Vosso ventre. Ó clemente! ó piedosa! ó doce Sempre Virgem Maria!
V. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus.
R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Amen.
Ó Imaculado Coração de Maria,/ Mãe do Coração de Jesus,/ Mãe e Rainha do nosso lar,/ fazei que possamos corresponder ao Vosso ardente desejo,/ pois nos consagrámos a Vós,/ e Vos suplicamos que reineis sobre a nossa família. Sede a Rainha de cada um de nós,/ e ensinai-nos a fazer com que o Sacratíssimo Coração do Vosso Divino Filho/ reine e triunfe em nós e à nossa volta,/ tal como Ele reinou e triunfou em Vós.
Reinai sobre nós, ó Mãe muito Amada,/ para que sejamos Vossa pertença/ tanto na prosperidade como na adversidade,/ na alegria como na tristeza,/ na saúde como na doença,/ na vida como na morte. Ó Coração compassivo de Maria, Rainha das Virgens,/ velai pelas nossas almas e pelos nossos corações/ e preservai-os das torrentes do orgulho,/ da impureza/ e do paganismo/ das quais Vós mesma Vos queixastes tão amargamente. Nós queremos fazer reparação/ pelos numerosos crimes cometidos/ contra Jesus e contra Vós. Pedimos que sobre o nosso lar,/ e sobre todos os lares do nosso País [dizer o nome do País]/ e do mundo inteiro,/ desça a Paz de Cristo em Justiça e Caridade.
Para tanto,/ nós prometemos imitar as Vossas virtudes/ pela prática de uma vida cristã,/ e pela Sagrada Comunhão frequente e fervorosa,/ sem olhar aos respeitos humanos. A Vós vimos com confiança,/ ó Trono da Graça e Mãe do Amor Formoso;/ inflamai-nos com o mesmo fogo divino/ que inflama o Vosso Imaculado Coração. Ateai em nossos corações e em nossos lares/ o amor da Pureza,/ um ardente zelo pelas almas/ e o desejo de santidade na vida familiar. E assim, queremos aceitar/ todos os sacrifícios que a vida cristã nos impõe/ e oferecemo-los ao Sagrado Coração de Jesus,/ através do Vosso Imaculado Coração,/ em espírito de reparação e penitência. Amen. Aos Sacratíssimos Corações de Jesus e de Maria/ seja dado o Amor, a Honra e a Glória agora e pelos séculos dos séculos! Amen. (cf. p.22: Glória e Louvor ao Divino Coração de Jesus,/ nosso Rei e nosso Pai.)
Em tão solene ocasião, nenhum membro da família deveria estar ausente; por isso são também lembrados aqueles que já faleceram. Por eles e pelos que estão ausentes reza-se um Pai-Nosso e uma Avé-Maria.
Pai Nosso… Ave Maria…
V. Que, pela Misericórdia de Deus, as almas dos fiéis defuntos descansem em paz.
R. Amen.
V. Santificai, Senhor, aqueles que se dedicam ao Vosso serviço.
R. E todos os que em Vós confiam.
Se há crianças presentes, devem estas recitar a seguinte oração:
Ó Sagrado Coração de Jesus,/ Coração do nosso melhor Amigo e do nosso Rei tão amado,/ que em nossa casa tendes o Vosso trono/ para viverdes sempre connosco,/ dizei-nos aquelas mesmas palavras:/ “-Deixai vir a Mim as criancinhas.”/ Ó Sagrado Coração de Jesus, olhai para nós que, ajoelhados a Vossos pés,/ prometemos doravante/ ser tão obedientes aos nossos Pais e tão respeitadores como Vós o fostes na pequena casa de Nazaré,/ a fim de também nós podermos crescer em idade, em sabedoria e em graça. Ó adorável Coração de Jesus,/ que quisestes reinar em nossos corações/ – pois dissestes:/ “Filho(a) meu(minha), oferece-Me o teu coração.” –,/ que quisestes ser o único dono dos nossos corações,/ a Vós queremos consolar com o nosso Amor,/ por todos aqueles que não Vos conhecem ou não Vos querem amar. Ó doce Jesus, Divino Amigo das crianças,/ aceitai os nossos corações,/ e fazei-os puros, santos e cheios de felicidade./ Aceitai também o nosso corpo, a nossa alma,/ e toda a nossa energia. Consagramo-nos a Vós, agora e para sempre. Sede o nosso único Rei. Assim também,/ todos os nossos pensamentos e palavras,/ as nossas acções e as nossas orações,/ os consagramos a Vós,/ nosso Amigo e nosso Rei.
-Tudo por Vós,/ Ó Sagrado Coração de Jesus!
As crianças recitam nesta altura uma oração, ou cantam um hino de louvor ao Sagrado Coração de Jesus.
Em seguida, toda a família reza a seguinte oração:
Glória a Vós,/ Ó Sagrado Coração de Jesus,/ pelas graças infinitas/ que derramastes/ como um privilégio sobre os membros desta família. Fostes Vós que a escolhestes/ entre milhares de outras,/ como depositária do Vosso Amor/ e como um santuário de reparação/ onde o Vosso adorável Coração/ encontrará a consolação devida pela ingratidão dos Homens. E é tão grande a confusão/ – oh, Senhor Jesus! –/ dessa parte do rebanho dos Vossos fiéis em aceitar a honra/ que não merecemos/ de Vos ver a presidir à nossa família. Em silêncio Vos adoramos,/ cheios de alegria,/ por Vos termos sob o mesmo tecto/ partilhando as tarefas, os cuidados e as alegrias/ dos Vossos filhos inocentes. É verdade que não somos dignos/ de Vos receber na nossa humilde morada;/ mas a este respeito já Vós nos tranquilizastes,/ quando nos revelastes o Vosso Sacratíssimo Coração,/ ensinando-nos a buscar, na chaga do Vosso Santo Lado,/ a fonte de graça e vida inesgotáveis. E é neste espírito de amor e confiança que nos encomendamos a Vós/ – Vós que Sois a Vida imutável. Ficai connosco, Sacratíssimo Coração de Jesus,/ nós Vo-lo pedimos,/ num irresistível desejo de Vos amar e de Vos fazer amado.
Que o nosso lar seja para Vós um porto de abrigo/ tão doce como o de Betânia,/ onde pudestes encontrar repouso/ junto dos Vossos amigos dedicados/ que, como Maria, escolheram a melhor parte/ na amorosa intimidade do Vosso Coração.
Que este lar seja para Vós,/ ó Bem-Amado Salvador,/ um refúgio humilde mas hospitaleiro,/ durante o exílio que os Vossos inimigos Vos impõem. Vinde então, vinde, Senhor Jesus,/ pois aqui, como em Nazaré,/ encontrareis um terno amor pela Virgem Maria,/ Vossa doce Mãe/ – que Vós nos destes como Nossa Mãe. Vinde, pois, preencher com a Vossa doce presença/ os lugares vazios que a desventura e a morte gravaram no seio da nossa família.
Ó Amigo fidelíssimo,/ se estivésseis aqui no meio dos Vossos padecimentos,/ as nossas lágrimas teriam sido menos amargas:/ o reconfortante bálsamo da Paz/ teria então suavizado aquelas Vossas Chagas que permanecem escondidas dos homens/ e que só Vós conhecestes. Vinde, pois talvez já agora/ esteja próximo de nós o crepúsculo da tribulação/ e o declínio dos dias fugazes da nossa juventude e das nossas ilusões. Ficai connosco, Senhor, pois já é tarde/ e há um mundo de perversão a querer envolver-nos/ na escuridão das suas contradições,/ a nós que queremos seguir-Vos,/ pois só Vós sois o Caminho, a Verdade e a Vida. Repeti para nós aquelas palavras que outrora pronunciastes:/ “Hoje tenho de ficar nesta casa” (S. Luc. 19:5).
Sim, Meu Senhor,/ estabelecei connosco a Vossa morada,/ para podermos viver/ no Vosso Amor e na Vossa presença,/ nós que Vos proclamamos Nosso Rei sem desejar nenhum outro. Que o Vosso Coração triunfante, ó Jesus,/ seja para sempre amado,/ bendito,/ e glorificado nesta casa. Venha a nós o Vosso Reino! Amen!
Sagrado Coração de Jesus, venha a nós o Vosso Reino! (repete-se três vezes)/ Imaculado Coração de Maria, rogai por nós!/ S. José, rogai por nós!/ S. Pio X, rogai por nós!/ Santa Margarida Maria Alacoque, rogai por nós!/ S. Cláudio de La Colombière, rogai por nós!/ Viva o Sagrado Coração de Jesus, pelos séculos dos séculos. Amen.
O Sacerdote abençoa os presentes, segundo a fórmula usual:
Benedictio Dei omnipotentis, Patris, et Filii, et Spiritus Sancti, descendat super vos et maneat semper. Amen.
Tanto o Sacerdote como a família assinam o Certificado de Entronização. É um documento importante que deve ser guardado com as outras recordações da família, ou emoldurado e pendurado perto da imagem do Sagrado Coração de Jesus. (Peça um destes Certificados a The Fatima Center.)
Renovação das consagrações da família
Se possível, rezar todos os dias, em família, estes pequenos actos de consagração:
Doce Salvador,/ prostrados humildemente a Vossos pés,/ renovamos a consagração da nossa família ao Vosso Divino Coração. Sede para sempre o nosso Rei;/ temos plena e total confiança em Vós. Que o Vosso espírito preencha os nossos pensamentos,/ os nossos desejos,/ as nossas palavras e as nossas obras. Abençoai os nossos empreendimentos. Tomai parte nas nossas alegrias,/ penas e trabalhos. Concedei-nos que Vos conheçamos melhor,/ que Vos amemos mais,/ e que Vos sirvamos sem falha. Que de um canto ao outro da Terra ressoe um só brado: “Bendito, adorado e glorificado seja,/ pelos séculos dos séculos,/ o Coração Triunfante de Jesus!” Amen.
Ó Imaculado Coração de Maria,/ Mãe do Coração de Jesus,/ Mãe e Rainha do nosso lar,/ fazei que possamos corresponder ao Vosso ardente desejo,/ pois nos consagrámos a Vós,/ e Vos suplicamos que reineis sobre a nossa família. Sede a Rainha de cada um de nós,/ e ensinai-nos a fazer com que o Sacratíssimo Coração do Vosso Divino Filho/ reine e triunfe em nós e por nós,/ tal como Ele reinou e triunfou em Vós.
A Vós vimos com confiança,/ ó Trono da Graça e Mãe do Amor Formoso;/ inflamai-nos com o mesmo fogo divino/ que inflamou o Vosso Imaculado Coração. Ateai em nossos corações e em nossos lares/ o amor da Pureza,/ um ardente zelo pelas almas/ e o desejo de santidade na vida familiar. Assim, aceitamos/ todos os sacrifícios que a vida cristã nos impõe/ e oferecemo-los ao Sagrado Coração de Jesus,/ através do Vosso Coração Imaculado,/ em espírito de reparação e penitência. Aos Sacratíssimos Corações de Jesus e de Maria/ seja dado o Amor, a Honra e a Glória pelos séculos dos séculos! Amen.
-Pais! Não deixeis de rezar juntamente com os vossos filhos!
Sugerimos algumas práticas devocionais
- Ir à Missa frequentes vezes, e mesmo todos os dias, pelo menos um dos membros da família, e fazer a Comunhão Reparadora.
- Observância da Primeira 6.ª-feira de cada mês. (Santa Missa, Comunhão de Reparação, renovação do acto de consagração diante da imagem entronizada).
- Rezar o Terço diariamente e em família diante da imagem entronizada do Sagrado Coração de Jesus, renovando o acto de consagração (fórmula mais encurtada).
- Celebrar com toda a família a Festa do Sagrado Coração de Jesus: ir à Missa, e Comungar por intenção do alargamento do Reinado do Sagrado Coração através da Entronização; reunir a família numa pequena celebração doméstica, renovando a Entronização; festa especial para as crianças.
- Lembrar que o mês de Junho é dedicado ao Sagrado Coração de Jesus; ter então o “trono” enfeitado com flores. Missa e Comunhão sempre que possível.
- Adoração nocturna, em casa, pelo menos uma vez por mês: feita a qualquer hora, entre as 21h. e as 6 da manhã, por um ou todos os membros da família.
- A 22 de Agosto, celebrar a Festa do Coração Imaculado de Maria: Missa, Comunhão e consagração da família ao Imaculado Coração.
- Fazer as seguintes 4 coisas num espírito de reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria, cumprindo assim os Cinco Primeiros Sábados: (1) Confissão de Reparação dentro dos oito dias desse Primeiro Sábado; (2) Santa Missa e Comunhão de Reparação; (3) rezar o Terço; (4) fazer 15 minutos de meditação sobre os 15 mistérios do Rosário.
- Praticar a devoção ao Espírito Santo, rezando a coroinha do Espírito Santo.
- Visitar Jesus frequentemente, no Santíssimo Sacramento do Altar. Use o folheto Visitas ao Santíssimo Sacramento, por Santo Afonso Maria de Ligório, como ajuda para fazer estas visitas de um modo mais fervoroso e com maior proveito para a sua alma e o seu coração.
FATIMA E O IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA
Nosssa Senhora apareceu aos Três Pastorinhos em Fátima (Portugal), durante seis meses consecutivos, de Maio a Outubro. A data marcada era o dia 13 de cada mês. Focamos aqui apenas uma parte das aparições e o diálogo entre a Lúcia – que, dos pastorinhos, era quem falava – e Nossa Senhora, enquanto os dois primitos olhavam e escutavam. Retiramos estas passagens das Memórias da Irmã Lúcia que regista estes eventos porque eles focalizam a importância da Devoção ao Imaculado Coração de Maria.
A 13 de Junho de 1917, Nossa Senhora apareceu aos três pastorinhos e disse-lhes que voltassem ali no dia 13 de Julho. Uma vez mais lhes pediu que rezassem o Terço todos os dias. E a conversação continuou:
A Lúcia disse: “-Queria pedir-lhe para nos levar para o Céu.”
Nossa Senhora respondeu: “-Sim, a Jacinta e o Francisco levo-os em breve. Mas tu ficas cá mais algum tempo. Jesus quer servir-Se de ti para Me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração. A quem a abraçar, prometo a salvação; e serão queridas de Deus estas almas, como flores postas por Mim a adornar o Seu Trono.”
A Lúcia perguntou com pena: “-Fico cá sozinha?”
E Nossa Senhora: “Não, filha. E tu sofres muito por isso? Não desanimes. Eu nunca te deixarei. O Meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus.”
Lúcia: “Foi no momento que disse estas últimas palavras que abriu as mãos […] pela segunda vez […] À frente da palma da mão direita de Nossa Senhora estava um Coração cercado de espinhos que parecia estarem-Lhe cravados. Compreendemos que era o Coração Imaculado de Maria, ultrajado pelos pecados da humanidade, que queria reparação.”
O tema do Imaculado Coração de Maria está especialmente vincado nesta aparição de 13 de Julho. A sua importância fulcral, tanto para o nosso tempo como para cada um de nós torna-se clara se reflectirmos sobre a Aparição. Citamos aqui a partir das Memórias da Irmã Lúcia. É a Lúcia quem fala primeiro.
“-Vossemecê que me quer? – perguntei eu.
-Quero que venham aqui no dia 13 do mês que vem, que continuem a rezar o Terço todos os dias, em honra de Nossa Senhora do Rosário para obter a paz do mundo e o fim da guerra, porque só Ela lhes poderá valer.
-Queria pedir-Lhe para nos dizer Quem é, e para fazer um milagre com que todos acreditem que Vossemecê nos aparece.
-Continuem a vir aqui todos os meses. Em Outubro direi Quem sou e o que quero, e farei um milagre que todos hão-de ver para acreditar. […]
Sacrificai-vos pelos pecadores e dizei muitas vezes [a Jesus], em especial sempre que fizerdes algum sacrifício: ‘Ó Jesus, é por Vosso amor, pela conversão dos pecadores, e em reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria.’ ”
A Irmã Lúcia continua:
“Ao dizer estas últimas palavras, [Nossa Senhora] abriu de novo as mãos como nos dois meses passados. O reflexo pareceu penetrar a terra e vimos como que um mar de fogo. Mergulhados nesse fogo, os demónios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras, ou bronzeadas, com forma humana, que flutuavam no incêndio, levadas pelas chamas que delas mesmas saíam juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os lados, semelhantes ao cair das faúlhas nos grandes incêndios, sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero, que horrorizavam e faziam estremecer de pavor (devia ser ao deparar-me com esta vista que dei esse ai! que dizem ter-me ouvido). Os demónios distinguiam-se por formas horríveis e asquerosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes como negros carvões em brasa.” (Aqui, na sua Terceira Memória, Lúcia acrescentou) “Esta vista foi um momento. E graças à nossa boa Mãe do Céu, que antes nos tinha prevenido com a promessa de nos levar para o Céu (na primeira aparição). Se assim não fosse, creio que teríamos morrido de susto e pavor.
“Assustados e como que a pedir socorro, levantámos a vista para Nossa Senhora, que nos disse, com bondade e tristeza:
‘-Vistes o Inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração.’”
Nossa Senhora continuou a falar, e o que se segue constitui a segunda parte do Segredo de Fátima.
“Se fizerem o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz. A guerra vai acabar. Mas, se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior. Quando virdes uma noite alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai punir o mundo de seus crimes por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre.
“Para a impedir, virei pedir a Consagração da Rússia ao Meu Imaculado Coração, e a Comunhão Reparadora nos Primeiros Sábados. Se atenderem a Meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados; o Santo Padre terá muito que sofrer; várias nações serão aniquiladas.”
A terceira parte do Segredo
“Em Portugal, se conservará sempre o dogma da Fé, etc.” `
A conclusão do Segredo
“Por fim, o Meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-Me-á a Rússia que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz.”
Os pedidos de Nossa Senhora de Fátima
quanto à Devoção ao Imaculado Coração de Maria
quanto à Devoção ao Imaculado Coração de Maria
Como foi referido acima – no Segundo Segredo –, a 13 de Julho de 1917 Nossa Senhora prometeu que voltaria mais tarde, para pedir a Comunhão de Reparação nos Primeiros Sábados. E foi a 10 de Dezembro de 1925, que Nossa Senhora voltou a aparecer à Irmã Lúcia, na cidade espanhola de Pontevedra. O excerto seguinte é de Frei Michel, que explica em mais pormenor a aparição e a devoção.
Que promessa tão admirável e assombrosa aquela que fez Nossa Senhora no dia 13 de Junho de 1917, quando disse: “A quem abraçar esta devoção, Eu prometo a salvação.” Mas, apesar desta promessa, ficamos ainda tentados a duvidar. Por uma graça especial, a Beata Jacinta14 sentia o coração consumido por um amor ardente ao Imaculado Coração de Maria. E nós? Ficamos frios, ou o nosso fervor dura muito pouco. Poderíamos alguma vez saber se a nossa devoção é assim tão grande para que Nossa Senhora quisesse manter a Sua promessa para connosco?
É neste ponto que ficamos assombrados pela ilimitada Misericórdia Divina e pelo carácter profundamente católico das revelações de Fátima. Não há sequer, em toda a mensagem, vestígios do subjectivismo protestante! Aqui, o Céu vai até aos limites da indulgência, e as profecias mais sublimes transformam-se em pedidos muito pequenos, claros e precisos, pedidos fáceis que não dão lugar à dúvida. Todos podem saber se os conseguiram realizar ou não. Uma “pequena devoção”, praticada de coração generoso, é suficiente para todos nós recebermos infalivelmente esta graça, – ex opere operato – quer dizer, tal como acontece com os sacramentos. E a graça que receberemos é a graça da salvação eterna!
Vale a pena estudar cuidadosamente esta promessa tão magnífica. Este é o cumprimento e a expressão perfeita da primeira parte do grande Segredo que, na sua totalidade, se refere à salvação das almas.
Ao descrever as aparições e ao explicar a mensagem de Pontevedra, falaremos apenas das palavras pronunciadas por Nossa Senhora a 13 de Julho de 1917. São palavras concisas, mas muito ricas em significado:
“Se fizerem o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas … virei pedir… a Comunhão Reparadora nos Primeiros Sábados de cada mês.”
Portanto, é este o primeiro “Segredo de Maria” que nós devemos descobrir e entender. É uma forma segura e fácil de arrancar as almas aos perigos do inferno: primeiro, as nossas almas; e também a do nosso próximo; e até as almas dos maiores pecadores – porque a misericórdia e o poder do Imaculado Coração de Maria não têm limites.
Pontevedra – 10 de Dezembro de 1925
A Aparição do Menino Jesus e de Nossa Senhora
A Aparição do Menino Jesus e de Nossa Senhora
Frei Michel continua:
Na noite de quinta-feira, 10 de Dezembro, logo depois do jantar, a jovem postulante Lúcia – que tinha apenas 18 anos – voltou à sua cela. Foi ali que recebeu a visita de Nossa Senhora e do Menino Jesus. Escutemos a sua narração (escrita na terceira pessoa):“A 10 de Dezembro de 1925, apareceu-lhe a Santíssima Virgem e, a Seu lado, suspenso numa nuvem luminosa, um Menino. A Santíssima Virgem, pondo-lhe no ombro a mão, mostrou-lhe um Coração cercado de espinhos que tinha na outra mão. Ao mesmo tempo, disse o Menino:‘Tem pena do Coração de tua Mãe Santíssima, que está coberto de espinhos que os Homens ingratos a todos os momentos Lhe cravam, sem haver quem faça um acto de reparação para os tirar.’E a Santíssima Virgem disse-lhe:“Olha, Minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os Homens ingratos a todos os momentos Me cravam com blasfémias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que, todos aqueles que durante cinco meses (seguidos) no Primeiro Sábado, se confessarem, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 Mistérios do Rosário com o fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes à hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação dessas almas.’ ”
O espírito da Devoção de Reparação
A Revelação de 29 de Maio de 1930
A Revelação de 29 de Maio de 1930
Frei Michel continua:
A Irmã Lúcia estava em Tuy nessa época. O seu confessor, o Padre Gonçalves, tinha-lhe feito uma série de perguntas por escrito. Lembramos só a quarta: “Porque hão-de ser cinco sábados – perguntou ele – e não nove, ou sete em honra das Dores de Nossa Senhora?” Nessa mesma noite, a vidente implorou a Nosso Senhor que a inspirasse com uma resposta a essas perguntas. Poucos dias depois, ela enviou o seguinte ao seu confessor:
“Ficando na capela, com Nosso Senhor, parte da noite do dia 29 para 30 deste mês de Maio de 1930 (sabemos que era seu costume ter uma hora santa das onze à meia-noite, especialmente às quintas-feiras, segundo os pedidos do Sagrado Coração de Jesus em Paray-le-Monial), e falando a Nosso Senhor das duas perguntas, quarta e quinta, senti-me, de repente, possuída mais intimamente da Sua Divina Presença. E, se não me engano, foi-me revelado o seguinte:
‘Minha filha, o motivo é simples: são cinco as espécies de ofensas e blasfémias proferidas contra o Imaculado Coração de Maria:
1. As blasfémias contra a Imaculada Conceição. 2. As blasfémias contra a Sua Perpétua Virgindade. 3. As blasfémias contra a Sua Maternidade Divina, recusando, ao mesmo tempo, recebê-La como Mãe dos homens. 4. As blasfémias dos que procuram publicamente infundir, no coração das crianças, a indiferença, o desprezo e até o ódio para com esta Imaculada Mãe. 5. As ofensas daqueles que A ultrajam directamente nas Suas sagradas imagens.
“Eis, Minha filha, o motivo pelo qual o Imaculado Coração de Maria Me levou a pedir esta pequena reparação…’ É também certo que os pecados mais graves contra a Santíssima Virgem são, primeiro que tudo, pecados contra a Fé. Esta importante leitura dos factos deve ter-se sempre em mente.
Frei Michel diz ainda:
Depois de enumerar as cinco blasfémias que ofendem gravemente a Sua Mãe Santíssima, Nosso Senhor deu à Irmã Lúcia a explicação decisiva que nos permite penetrar no segredo do Seu Imaculado Coração, transbordante de misericórdia para com todos os pecadores, até mesmo para com aqueles que A desprezam e ultrajam:
“Eis, Minha filha, o motivo pelo qual o Imaculado Coração de Maria Me levou a pedir esta pequena reparação e, em atenção a ela, mover a Minha misericórdia ao perdão para com essas almas que tiveram a desgraça de A ofender. Quanto a ti, procura sem cessar, com as tuas orações e sacrifícios, mover-Me à misericórdia para com essas pobres almas.”
“O pecado contra o Espírito Santo”
Aqui temos um dos temas principais da Mensagem de Fátima. Uma vez que Deus decidiu manifestar cada vez mais o Seu grande desígnio de Amor – que consiste em conceder aos Homens todas as graças, através da mediação da Virgem Imaculada –, parece que a recusa dos Homens em se submeterem com docilidade à vontade de Deus assim expressa é a falta que mais gravemente fere o Seu Coração, que já não encontra em Si próprio nenhuma inclinação para perdoar. Parece um pecado sem perdão, porque para o Nosso Salvador não há crime mais imperdoável que o de desprezar a Sua Mãe Santíssima e o de “ultrajar o Seu Imaculado Coração, que é o Santuário do Espírito Santo. Isto é cometer ‘a blasfémia contra o Espírito Santo, que não será perdoada neste mundo nem no outro.’ ”
Em 1929, na aparição de Tuy – que é o cumprimento final de Fátima –, Nossa Senhora conclui a manifestação extraordinária da Santíssima Trindade com estas palavras surpreendentes: “São tantas as almas que a Justiça de Deus condena, por pecados contra Mim cometidos, que venho pedir reparação. Sacrifica-te por esta intenção e ora”.
A guerra ou a Paz no mundo dependem
desta Devoção de Reparaçao
desta Devoção de Reparaçao
Com efeito, para além da conversão dos pecadores e da nossa salvação eterna, Nossa Senhora determinou que a Comunhão Reparadora ficasse unida a outra promessa magnífica: o dom da Paz. A 19 de Março de 1939, a Irmã Lúcia escrevia:
“Da prática desta devoção, unida à consagração ao Coração Imaculado de Maria, depende a guerra ou a paz do Mundo. Por isso eu desejava tanto a sua propagação, e, sobretudo, por ser essa a vontade do nosso bom Deus e da nossa tão querida Mãe do Céu...”
E no dia 20 de Junho do mesmo ano:
“Nossa Senhora prometeu adiar para mais tarde o flagelo da guerra, se for propagada e praticada esta devoção. Vemo-La afastando esse castigo à medida que se vão fazendo esforços para a propagar; mas eu tenho medo que nós possamos fazer mais do que fazemos e que Deus, pouco contente, levante o braço da Sua Misericórdia e deixe o mundo assolar-se com esse castigo, que será como nunca houve, horrível, horrível.”
Em 13 de Julho de 1917, como vimos na segunda parte do Segredo, Nossa Senhora disse à Lúcia que havia de voltar mais tarde, para pedir a Consagração da Rússia ao Seu Imaculado Coração. E Nossa Senhora voltou para formular este pedido, tal como prometera.
A 13 de Junho de 1929, estava a Irmã Lúcia na capela do seu convento em Tuy, cidade de Espanha junto à fronteira de Portugal. Ela própria nos descreve o que aconteceu e, por isso, citamos inteiramente as suas palavras, acrescentando apenas alguns subtítulos.
Escreveu a Irmã Lúcia:
“Foi nesta época que Nosso Senhor me avisou de que era chegado o momento em que queria participasse à Santa Igreja o Seu desejo da consagração da Rússia, e a Sua promessa de a converter... A comunicação foi assim:”
13 de Junho de 1929 – “Eu tinha pedido e obtido licença das minhas Superioras e Confessor para fazer a Hora Santa das 11 à meia-noite, de quintas para sextas-feiras.
“Estando uma noite só, ajoelhei-me entre a balaustrada, no meio da capela, a rezar, prostrada, as Orações do Anjo. Sentindo-me cansada, ergui-me e continuei a rezá-las com os braços em cruz. A única luz era a da lâmpada [do santuário].”
“De repente iluminou-se toda a Capela com uma luz sobrenatural e sobre o Altar apareceu uma Cruz de luz que chegava até ao tecto.
Em uma luz mais clara via-se, na parte superior da Cruz, uma face de Homem com corpo até à cinta, sobre o peito uma pomba também de luz e, pregado na Cruz, o Corpo de outro Homem.
Um pouco abaixo da cinta, suspenso no ar, via-se um Cálix e uma Hóstia grande, sobre a Qual caíam algumas gotas de Sangue que escorriam pelas faces do Crucificado e de uma ferida do peito. Escorregando pela Hóstia, essas gotas caíam dentro do Cálix.
Sob o braço direito da Cruz estava Nossa Senhora com o Seu Imaculado Coração na mão… (Era Nossa Senhora de Fátima com o Seu Imaculado Coração… na Sua mão esquerda… sem a espada nem rosas, mas com uma coroa de espinhos e chamas…).
Sob o braço esquerdo [da Cruz], umas letras grandes, como se fossem de água cristalina que corresse para cima do Altar, formavam estas palavras: «Graça e Misericórdia».
Compreendi que me era mostrado o Mistério da Santíssima Trindade e recebi luzes sobre este Mistério que não me é permitido revelar.”
“Depois, Nossa Senhora disse-me: ‘É chegado o momento em que Deus pede para o Santo Padre fazer, em união com todos os Bispos do Mundo, a Consagração da Rússia ao Meu Imaculado Coração, prometendo salvá-la por este meio.’
‘São tantas as almas que a Justiça de Deus condena, por pecados contra Mim cometidos, que venho pedir Reparação. Sacrifica-te por esta intenção e ora.’
“Dei conta disto ao confessor, que me mandou escrever o que Nosso Senhor queria se fizesse.”
Uma vez que o Papa e os seus conselheiros preferiram ignorar, durante dois anos, as palavras de Nossa Senhora de Fátima que afirmavam, explicitamente, o Soleníssimo Pedido de Deus para que se fizesse a consagração da Rússia, foi o próprio Jesus que, em Agosto de 1931, veio falar à Irmã Lúcia em Rianjo (Espanha).
Vejamos primeiro a carta escrita pela Irmã Lúcia em 29 de Agosto de 1931, na qual a vidente transmite ao seu bispo esta mensagem, da mais alta importância na economia da Mensagem de Fátima:
“O meu confessor ordena-me que informe Vossa Excelência do que aconteceu já há algum tempo entre mim e o Bom Jesus: quando eu estava a pedir a Deus pela Conversão da Rússia, Espanha e Portugal, pareceu-me que a Sua Divina Majestade me disse:
‘Tu consolas-Me muito, ao pedires-Me a conversão dessas pobres nações. Pede-o também à Minha Mãe muitas vezes, dizendo: Doce Coração de Maria, sede a salvação da Rússia, de Espanha, de Portugal, da Europa e de todo o mundo. De outras vezes, diz: Pela Vossa pura e Imaculada Conceição, ó Maria, obtende-me a conversão da Rússia, de Espanha, de Portugal, da Europa e do mundo inteiro.’
Então Jesus disse:
‘Participa aos Meus ministros que, dado seguirem o exemplo do rei de França na demora em executar o Meu mandato, tal como a ele aconteceu, assim o seguirão na aflição. Nunca será tarde demais para recorrer a Jesus e a Maria.’
“Mais tarde, por meio duma comunicação íntima, Nosso Senhor disse-me, queixando-Se:
‘Não quiseram atender ao Meu pedido! […] Como o Rei de França, arrepender-se-ão e fá -la-ão, mas será tarde. A Rússia terá já espalhado os seus erros pelo mundo, provocando guerras e perseguições à Igreja. O Santo Padre terá muito que sofrer!’”
A Mensagem de Fátima explica:
Jesus quer que, ao lado da Devoção ao Seu Sagrado Coração, seja posta a Devoção ao Imaculado Coração de Maria
Em vários pontos da Mensagem de Fátima a devoção ao Sagrado Coração de Jesus é promovida juntamente com a devoção ao Imaculado Coração de Maria.
Primeiro, há as palavras do Anjo da Paz, na Primavera de 1916, aos três pastorinhos de Fátima:
“Os Corações de Jesus e Maria estão atentos à voz das vossas súplicas.”
E o Anjo voltou a falar-lhes no Verão de 1916:
“Os Corações Santíssimos de Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia.”
Depois, no Outono de 1916, o mesmo Anjo ensina-lhes uma oração que termina dizendo:
“E pelos méritos infinitos do Seu Santíssimo Coração [de Jesus] e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores.”
Este tema dos Sagrados Corações de Jesus e Maria que se encontra na Mensagem de Fátima, vemo-lo de novo nas aparições de Jesus e de Maria à Irmã Lúcia em Pontevedra e em Tuy, a que já nos referimos.
É o mesmo tema que se revela tanto nas orações que Jesus nos ensinou, para rezarmos em honra da Pura e Imaculada Conceição de Nossa Senhora, como na oração ao Doce Coração de Maria dada em Rianjo.
Mas a mensagem mais impressionante sobre a importância de reunir a devoção ao Sagrado Coração de Jesus à do Imaculado Coração de Maria é a que ressalta do diálogo de Jesus com a Irmã Lúcia, em 1936. Citamo-lo directamente da carta de 18 de Maio de 1936, dirigida pela Irmã Lúcia ao seu director espiritual que fizera várias perguntas. E ela responde:
“(...) Quanto à outra pergunta: Se será conveniente insisir para obter a consagração da Rússia?, respondo quase o mesmo que das outras vezes tenho dito. Sinto que não se tenha já feito; mas o mesmo Deus que a pediu, é que assim o permitiu. Vou a dizer algo do que sinto a este respeito, ainda que é matéria bastante delicada para se enviar por uma carta, com perigo de se perder e ser lida; mas ao mesmo Deus a confio, porque tenho receio de não tratar o assunto com toda a claridade.
“Se é conveniente insistir? Não sei. Parece-me que, se o Santo Padre agora a fizesse, Nosso Senhor a aceitava e cumpria a Sua promessa; e, sem dúvida, seria um gosto que dava a Nosso Senhor e ao Imaculado Coração de Maria. (a sua carta continua:)
(Lúcia) | “Intimamente, tenho falado a Nosso Senhor do assunto; e há pouco perguntava-Lhe porque não convertia a Rússia sem que Sua Santidade fizesse essa consagração. |
(Jesus) | ‘Porque quero que toda a Minha Igreja reconheça essa consagração como um triunfo do Coração Imaculado de Maria, para depois estender o Seu culto e pôr, ao lado da devoção do Meu Divino Coração, a devoção deste Imaculado Coração.’ |
“Mas, meu Deus, o Santo Padre não me há-de crer, se Vós mesmo o não moveis com uma inspiração especial.”
‘O Santo Padre! Ora muito pelo Santo Padre. Ele há-de fazê-la, mas será tarde! No entanto, o Imaculado Coração de Maria há-de salvar a Rússia. Está-Lhe confiada.’
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