lunes, 28 de noviembre de 2011

São Jerônimo

São Jerónimo, de seu nome Eusebius Hieronymus e que, também usou o pseudónimo de Sufrónio (Sophronius), morreu a 30 de Setembro de 420 d.C. (ou talvez 419 d.C.) em Belém, é por muitos considerado como o padroeiro dos tradutores.

Nascido no seio de uma família cristã da Dalmácia, c. 347, Jerónimo, depois de ter estudado em Roma, teve uma vida agitada que acabou por o levar à Terra Santa. Em 382, o Papa S. Dâmaso I (366-384 d.C.) convidou-o para seu secretário e foi então que S. Jerónimo se iniciou como tradutor da Bíbilia, pois o Papa, perante a multiplicidade das versões latinas, encarregou-o primeiro de fazer a revisão dos Evangelhos, comparando-o com os originais em grego, trabalho que depois se estendeu a todo o Novo Testamento e ao Livro de Salmos. As suas traduções do Novo Testamento foram em geral bem acolhidas, mas as dos Livro de Salmos nem por isso (de facto, a Igreja continuou a usar as traduções anteriores, pois eram bem mais conhecidas dos cristãos). Mas isto era apenas o começo.

Quando o Papa morreu, S. Jerónimo, passado alguns meses (Agosto de 385) foi para a Terra Santa acabando por se fixar em Belém. Aí, empreendeu a sua obra mais polémica, entre 390-405, a tradução do Antigo Testamento directamente a partir do hebreu. As suas traduções foram extremamente polémicas. As populações estavam habituadas às ínúmeras versões latinas (cf. Vetus Latina, habitualmente traduzidas a partir da versão grega. nomeadamente do chamada Septuaginta (também conhecida como dos Setenta ou LXX).

Mas apesar da contestação inicial, a versão de São Jerónimo acabou por impor-se com o decorrer dos séculos e foi importante para a consolidação e unidade do Cristianismo. Santo Agostinho na sua De Doctrina Christiana (2.16) refere essa mesma variedade de traduções latinas:
Contra ignota signa propria magnum remedium est linguarum cognitio. Et latinae quidem linguae homines, quos nunc instruendos suscepimus, duabus aliis ad Scripturarum divinarum cognitionem opus habent, hebraea scilicet et graeca, ut ad exemplaria praecedentia recurratur, si quam dubitationem attulerit latinorum interpretum infinita varietas.

O grande remédio contra a ingnorância dos próprios signos é o conhecimento de línguas. E, na realidade, as pessoas que falam latim, a quem agora pretendo instruir, para conhecer as Escrituras Divinas têm que conhecer outras duas línguas, o hebreu e o grego, com as quais se pode recorrer aos textos originais, se alguma dúvida surgir da [leitura] da infinita variedade dos tradutores latinos.
De facto, a qualidade das traduções latinas da época era de qualidade muito variável, pelo que, apesar da contestação, a tradução de São Jerónimo, que ficou a ser conhecida como Vulgata começasse a implantar-se na Igreja ocidental. A influência que a Vulgata teve na maioria das línguas da Europa Ocidental também absolutamente impressionante, pois foi, durante séculos, a fonte para todas as traduções da Bíblia em línguas vernáculas.

Mas, se São Jerónimo já teria um lugar como tradutor célebre por este feito, ficou ainda mais conhecido pelo seu temperamento belicoso que o fazia, por exemplo, escrever contra quem contestava as suas opções translatórias. E, por esse facto, através, principalmente, de duas cartas - a n.º 57 (a Pamáquio) e a n.º 106 (a dois padres godos), para além dos prefácios a cada livro da Bíblia traduzido, que São Jerónimo desenvolve a sua teoria da tradução.

Douglas Robinson, no seu livro WesternTranslation Theory, diz (p. 23), a propósito da carta n.º 57 Ad Pammachium De Optimo Genere Interpretandi (A Pamáquio, O melhor método de tradução) o seguinte:
His letter to Pammachius on the best kind of translator, written in Bethlehem in 395, is the founding document of Christian translation theory; along with Cicero, Luther, and Goethe, Jerome is one of the most influential translation theorists in the Western tradition.
Como diz ainda Robinson um pouco mais adiante, com esta carta São Jerónimo iria
formulate the first truly post-Ciceronian translation theory, incorporating Ciceronian elements into a new ascetic regimen that stressed the accurate transmission of the meaning of the text rather than the budding orator's freely ranging imitation.
Esta carta de São Jerónimo a São Pamáquio foi motivada pela acusação de Rufino, tradutor de Orígenes, ex-amigo de São Jerónimo, que o acusou de ter deturpado o sentido e a forma de uma carta que Epifânio, bispo de Constância (Chipre), enviou a João, Bispo de Jerusalém, quando Epifânio tentava afastar João de uma suposta "heresia origenista". Nessa controvérsia entre os dois bispos, Eusébio de Cremona pediu a Jerónimo que traduzisse uma das cartas, tradução que não era para ser publicada, mas antes para uso exclusivo do solicitante. Só que, dezoito meses depois, a tradução apareceu publicada em Jerusalém. Foi aí que aconteceu a acusação de Rufino.

Nesta carta, que é uma contestação violenta a Rufino, São Jerónimo não se dirige a ele, mas sim a São Pamáquio, procurando explicar o melhor método de tradução, começando por fazer a história do caso e, a seguir, mencionando os defeitos que os adversário lhe apontam, por exemplo, "me uerbum non expressisse de uerbo, pro honorabili dixisse carissimu" (que não traduzi palavra por palavra, que em vez de honorável disse caríssimo), para além de outras inisnuações.

São Jerónimo, depois, apresenta o seu conceito de tradução, não se furtando em citar Cícero (De Optimo genere oratorum) e Horácio (Ars poetica) em sua defesa. São Jerónimo refuta a tradução literal, preferindo a tradução do sentido (esta oposição entre literalidade e sentido vai ocupar os tratados téoricos de tradução até ao século XX), mas, no entanto, no que refere às Sagradas Escrituras, diz o seguinte:
Pela minha parte, realmente, não apenas confesso, mas proclamo a plenos pulmões que quando traduzo os textos gregos - que não sejam as Sagradas Escrituras (onde até a estrutura da frase é mistério - não é a palavra, mas o sentido que exprimo.
Para justificar este passo, São Jerónimo apoia-se em Cícero, quando este justifica as suas traduções de Ésquines e Demóstenes. Mas esta excepção da tradução das Sagradas Escrituras ao método geral de tradução é um pouco contraditória nesta epístola a São Pamáquio, pois, no seguimento da sua longa carta, São jerónimo dá inúmeros exemplos tirados, por exemplo, dos Setenta para abonar a sua tese sobre o bom tradutor. E, no essencial, para São Jerónimo, o bom tradutor é o que traduz como "orator" e não o que traduz como "interpres", aquele que capta o sentido das ideias, não das palavras. Aliás, São Jerónimo, para reforçar esta ideia, a da importância de captar ideias e de as transmitir, diz mesmo:
Aquilo que vós gostais de chamar tradução exacta, é aquilo a que as pessoas instruídas chamam mau gosto.
A influência que a sua teoria de tradução exerceu nos séculos seguintes foi imensa e, Martinho Lutero (1483-1546) quando acusado de ter traduzido erradamente algumas frases da Bíblia em alemão, decide escrever, em 1530, alguns considerandos sobre o acto de traduzir (Sendbrief vom Dolmetschen - algo como Circular ou Carta aberta sobre a tradução), na verdade, ele, que rompeu com o Catolicismo, não rompe com a teoria de tradução de São Jerónimo. sendo que a questão central, 1135 anos depois de São Jerónimo, era ainda a questão de, numa tradução, se ter que traduzir a palavra ou o sentido.

sábado, 26 de noviembre de 2011

Estruturas antropológicas do imaginário- o mito

      O antropólogo Joseph Campbell realizou um estudo detalhado sobre a presença da mitologia no universo humano e chegou a interessantes conclusões: Todas as narrativas, conscientes ou não, surgem de antigos padrões do mito e todas as histórias podem ser traduzidas e dissecadas na Jornada do Herói. Em seus estudos sobre mitos mundiais, ele descobriu que todos eles são a mesma história, porém contadas com inúmeras variações e adaptadas à realidade de quem a conta. Seus detalhes são diferentes em cada cultura, mas, fundamentalmente, são sempre iguais. Ainda declara Campbell, ?...toda cultura antiga e pré-moderna utilizava uma técnica ritmada para contar histórias retratando os protagonistas e antagonistas com certas motivações e traços de personalidade constantes, num padrão que transcende as fronteiras da língua e da cultura?.
        Pela grande influência das culturas do entretenimento e do consumo, junto com os avanços científico e tecnológico da raça humana, os mitos tiveram sua importância significativamente reduzida, uma vez que a cultura moderna colocou sua fé na ciência e na religião. Consequentemente, por vários séculos o surgimento de novos mitos foi praticamente nulo. Porém, com a remodelagem do cinema em produções ricas e com grandes efeitos visuais, os mitos novamente ganharam seu espaço, agora não contados de pai para filho como acontecia antigamente, mas através de meios audiovisuais, e difundidos ao redor do mundo.                             .
         No final dos anos 70, um jovem cineasta americano, admirador de Joseph Campbell, resolveu criar uma nova mitologia, que pertencesse ao mundo em que vive e, com elementos do seu tempo. Esse cineasta chamava-se George Lucas, conhecido hoje por inúmeros filmes de sucesso, mas, principalmente, pela concepção da trilogia de Guerra nas Estrelas (Star Wars), que apresenta elementos estudados e escritos por Campbell, em sua obra O Herói de Mil Faces. Então, qual a razão do grande sucesso de bilheteria causado pelo filme na época em que foi lançado? A razão foi a composição da história e dos personagens da história, repletos de simbologia e ligações com aspectos psicológicos. Temos a presença do herói, que Campbell cita em sua obra, seguindo sua jornada, no início do filme na etapa denominada Chamado à Aventura e termina na Ressurreição e na volta com o Elixir, etapas são detalhadas no livro.

O mito para Joseph Campbell

       Com as revoluções burguesas é certo que se fez luz onde antes havia trevas, mas também se fez trevas onde antes havia luz. O indivíduo já não é parte de nada, o estado e a "ética dos negócios" regem todos os dias da semana enquanto a religião é mera pantomima aos domingos. O universo intemporal dos símbolos entrou em colapso.

       A comunidade é o mundo e os sentimentos de nacionalidade, que antes costuravam o ser no mundo, hoje servem apenas de desculpa para insuflar egos, impor uma cultura em detrimento de outras. A ideia de nação que antes era um elemento aniquilador do ego infantil - a medida que inseria o indivíduo no grupo - hoje serve como elemento engrandecedor. Com o triunfo do estado secular as religiões, associadas aos interesses de facções, servem apenas como instrumentos de autocongratulação e propaganda. Esse estado e suas relações de poder tornaram-se tão eficientes e disseminadas por todo o globo que as religiões todas assumiram uma posição secundária.

      Mas o indivíduo é limitado, especializado inclusive no seu trabalho, um homem nunca pode ser tudo ou ser completo. Do grupo é que vieram sua língua, sua cultura, suas ideias, seu passado e até os genes que o formam. Se decidir romper esses vínculos ele rompe com as fontes de sua existência. Do ponto de vista da unidade social, o indivíduo que se exilou ou se revoltou é nada. Mas aquele que puder dizer que desempenhou seu 'papel' na comunidade (seja ele rei ou prostituta) pode dizer que é algo, no pleno sentido do verbo ser. A função dos mitos e das cerimônias nas sociedades tribais é traduzir as mudanças e crises da vida do indivíduo em "formas clássicas impessoais". Ao mostrar o indivíduo a si mesmo como uma parte dessa sociedade ele encontra sua totalidade. E a sociedade inteira se torna visível a si mesma como unidade viva imperecível.

       Joseph Campbell, assim como Benjamin, considera que a humanidade se distancia dos mitos. Mas difere ao considerar que a tarefa do herói moderno é trazer a tona uma nova simbologia. O herói moderno deve, contra toda corrente, sem esperar recompensa ou aplauso, empreender uma busca solitária. O mistério crucial de nossos dias não é o mundo, mas o próprio homem. A ideia de uma lei cósmica a qual toda existência está submetida, hoje - com a descida das ciências ocidentais à terra (da astronomia à biologia) e com a concentração dos estudos no homem - é aceita em termos mecânicos e os mistérios que o mito representava perderam sua força.

       Devem todas as forças do egoísmo chegar a um acordo e "o ego deve ser crucificado e ressuscitado e à cuja imagem a sociedade deve ser reformada". No entanto nenhum dos ideais ou instituições de qualquer povo ou cultura irá configurar-se como medida única, como essência definitiva do que é a vida. Os novos mitos não serão idênticos em cada parte do globo, cada circunstância da vida local irá contribuir para compor um símbolo efetivo. "A verdade é uma só, mas os sábios falam dela sob muitos nomes".

1-CAMPBELL, Joseph. O mito e o mundo moderno. In: O poder do mito: com Bill Moyers. Organizado por Betty Sue Flowers. São Paulo: Palas Athena,1990, pp.1-13 e p. 14-28.

martes, 15 de noviembre de 2011

Jesus Cristo Filho de Deus Salvador

Ἰησοῦς Χριστός Θεοῦ Ὑιός Σωτήρ

Iesum Christum Filium Dei Salvatore

Jesus Cristo  Filho de Deus Salvador



ἰησοῦς
noun sg masc nom attic epic contr
χριστός
adj sg masc nom
θεοῦ
noun sg masc gen
υἷος
noun sg masc nom
υἷος
noun sg masc gen epic contr indeclform
υἱός
noun sg masc nom
υἱός
noun sg masc gen epic contr indeclform
σωτήρ
noun sg masc nom





iesum
noun sg masc acc indeclform
christum
noun sg masc acc
filium
noun sg masc acc
dei
noun sg masc gen
salvatore
noun sg masc abl



Iēsum=accusative of Iēsus

Iēsus (genitive Iēsū); m, fourth declension, irregular

Number
Singular
Plural
Iēsus





Christum=accusative singular of christus

christus (genitive christī); m, second declension (Often capitalised)

Number
Singular
Plural



fīlium m.=accusative singular of fīlius

lius (genitive fīliī); m, second declension

Number
Singular
Plural
fīlius

Deī=genitive singular of deus

deus (genitive deī); m, second declension (nom. plural deī or )

Number
Singular
Plural
deus
deus, dive



Salvātōre=ablative singular of salvātor

salvātor (genitive salvātōris); m, third declension

Number
Singular
Plural