martes, 26 de junio de 2012

Evolulionismo e criacionismo científico


Big Bang não precisou de Deus [estudo]

No eterno debate sobre a existência de Deus, há quem argumente que, sem um Criador, o próprio Big Bang não teria existido. Para o astrofísico Alex Filippenko, da Universidade da Califórnia (EUA), porém, não é bem por aí. “O Big Bang pode ter ocorrido simplesmente graças às leis da Física”, disse recentemente durante a SETICon 2 (sigla em inglês para “2ª Conferência da Busca de Inteligência Extraterrestre”).
No bizarro mundo da Física Quântica – que opera em escala sub-atômica –, matéria e energia aparecem e somem de repente, sem qualquer explicação. E isso, sugerem alguns pesquisadores, pode estar por trás da origem do universo.
“Se aqui nesta sala você ‘torcesse’ o tempo e o espaço da maneira certa, poderia muito bem criar um novo universo. Talvez não conseguisse entrar nele, mas iria criá-lo”, sugeriu o astrônomo Seth Shostak, do Instituto SETI, durante a conferência.
Antes que os ateus possam levantar e dizer “ahá!”, Filippenko ressaltou que há uma grande distância entre mostrar que Deus não foi necessário para o Big Bang e provar que ele não existe de fato. “Não acho que você possa usar a ciência para provar a existência ou não existência de Deus”, opinou.
Além disso, se o universo surgiu simplesmente a partir das Leis da Física, de onde surgiram as próprias Leis? Se Deus as criou, de onde Ele veio? E o debate continua…

Segundo o Papa, Deus está por trás do Big Bang


Tentando amenizar a imagem de retrógrada da Igreja Católica, o Papa Bento XVI reconheceu o Big Bang como um evento legítimo – mas, segundo o pontífice, Deus teria causado o evento.
De acordo com o Papa, a criação do Universo não foi um acontecimento aleatório, que aconteceu por coincidência. Deus, teria planejado o Big Bang.
A imagem de retrógrada da Igreja vem dos tempos em que Galileu foi condenado por pregar a teoria heliocentrista, que dizia que a Terra girava ao redor do Sol, e não o contrário. Mas agora ela está se aproximando mais da ciência, a medida que se afasta de seguir ensinamentos literais da Bíblia, buscando interpretá-los.
No ano passado, por exemplo, o prefeito da cidade do Vaticano, o Cardeal Giovanni Lajolo e mais uma comitiva de religiosos visitou o CERN, laboratório onde fica o Grande Colisor de Hádrons. De acordo com ele, a ciência irá ajudar a fé dos católicos a se purificar.
A declaração do Papa faz com que os criacionistas fiquem com pé atrás – a Igreja, afinal, não divulgaria mais que Deus criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo.

O cosmo possui uma história anterior ao Big Bang


Segundo cientistas, o Universo apresenta “ecos” de eventos que aconteceram antes do Big Bang. Essas marcas podem ser vistas nas microondas de radiação que preenchem o Universo.
O cosmologista Roger Penrose afirma que os eventos parecem como “anéis” ao redor de aglomerados de galáxias. Ele criou o termo “aeon” para se referir a uma era do universo, como diferentes eras da história. Segundo Penrose, houve aeons antes do nosso, que culminaram no evento Big Bang e que deram início ao nosso aeon.
Para chegar a essa conclusão, Penrose e Vahe Gurzadyan (cientista da Universidade Yerevan, da Armênia) analisaram as temperaturas praticamente uniformes que preenchem os espaços vazios do Universo. Eles pesquisaram quase 11 mil lugares, especialmente galáxias que se fundiram e criaram buracos negros enormes.
Quando esses buracos negros são criados, há uma enorme liberação de energia. Se os mesmos eventos se repetem em diferentes aeons, ou seja, as mesmas coisas acontecem em diferentes períodos da história do universo, se repetindo infinitamente, essas energias de aeons passados poderiam ser encontradas.
A pesquisa mostrou 12 eventos em que há “anéis” de energia ao redor de estruturas espaciais, alguns com até cinco anéis de energia, mostrando que eventos massivos poderiam sair desses objetos mais de uma vez na história.
A descoberta é fascinante porque pode mostrar que tudo no universo é cíclico, incluindo a vida na Terra e nossa própria existência.

Procuram-se evidências do Big Bang


As evidências do Big Bang podem desaparecer daqui a um trilhão de anos, mas já tem gente fazendo alerta. Os sinais da explosão que deu origem ao universo há 13,7 bilhões de anos vão sumir, dizem alguns pesquisadores. Eles disseram também que a nossa galáxia, a Via Láctea, vai ter colidido com sua vizinha, Andromeda. Felizmente, estes cientistas identificaram algumas pistas para guardar para nossos descendentes refazerem a história do universo.
Atualmente, astrônomos conseguem ver galáxias distantes que se formaram apenas há milhões de anos depois que o universo começou a se expandir. Eles também podem estudar a radiação cósmica de fundo, uma luz difusa no cosmo que foi criada pelo Big Bang. Contudo, no futuro, estas evidências vão sumir. A luz provavelmente vai ter esmoecido e ter sido “esticada” a um ponto em que suas partículas de luz, chamadas fótons, terão comprimentos de onda mais longos que o universo visível.
E porque o universo está se expandindo, as galáxias mais antigas que estão em nosso ponto de visão, vão estar muito longe da Terra. O Sol e outras estrelas vão ter morrido e a nossa vizinhança cósmica estará mais vazia. Contudo, nem tudo está perdido para os futuros detetives cósmicos, porque alguns astrônomos poderão estudar o Bing Bang por meio das chamadas estrelas hipervelozes que forem expulsas das galáxias Via Láctea e Andromeda. Estas serão as fontes de luz mais distantes visíveis aos astrônomos do futuro.
“Nós costumávamos pensar que a observação do cosmos não seria possível daqui a um trilhão de anos”, disse o diretor do Institute for Theory and Computation, do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, Avi Loeb. “Agora sabemos que não vai ser o caso, graças às estrelas hipervelozes”. Estas estrelas são criadas quando um par de estrelas binárias se aproxima do enorme buraco negro do centro da galáxia. A força gravitacional consegue romper a ligação das duas, sugando uma para dentro e expulsando a outra a uma velocidade de 1,6 milhões de quilômetros por hora.
Tendo escapado da galáxia, a estrela será acelerada pela expansão do universo. Medindo a velocidade da estrela, os astrônomos do futuro poderão deduzir a expansão, que pode levar até o Big Bang. Combinada às informações sobre a idade da galáxia formada da colisão da nossa com a Andrômeda, por meio de suas estrelas, nossos descendentes poderão calcular a idade do universo e outros parâmetros importantes.
“Com cálculos cuidadosos e análises inteligentes, os astrônomos poderão encontrar evidências sutis da história do universo daqui a um trilhão de anos”, disse Loeb.

Cientistas do Big Bang aproximam-se de partícula exótica

Desde setembro de 2008, quando funcionou pela primeira vez em túneis instalados sob os Alpes Suíços, o Projeto Big Bang tem levantado expectativas sobre as descobertas que estão por vir. Pois bem, o acelerador de partículas de 10 bilhões de dólares (Grande Colisor de Hádrons, LHC em inglês), carro-chefe do projeto Big Bang, parece ter feito alguns registros importantes.
A pesquisa, segundo os cientistas, está muito perto de descobrir algo almejado há tempos: a partícula teórica chamada Boson de Higgs. Esta partícula, por enquanto, é apenas uma teoria, mas os pesquisadores afirmam que, uma vez descoberta em estado natural, poderia ser a chave para entender fatos sobre a massa do universo.
O objetivo primário pelo qual o Projeto Big Bang foi criado é justamente simulá-lo. As colisões de partículas têm como meta recriar, em miniatura, a colisão que ocorreu – estima-se – há 13,7 bilhões de anos, dando origem ao universo.
O colisor de partícula está confirmando algumas teorias criadas no século XX e refutando outras. A novidade da vez é que indícios levam a crer que o universo é basicamente composto por pequenos cordões vibratórios de matéria



















jueves, 21 de junio de 2012

Jesus e seus irmãos ou parentes?

Encontramos Maria nos fundadores do protestantismo: Lutero, Calvino e John Wesley. Encontramos neles, em seus estudos, uma profunda mariologia.Quero trazer algumas frases destes fundadores, o que eles falavam de Maria.Lutero, o mais conhecido mestre da reforma, nunca abandonou Maria. Ele se fez padre por causa de Maria. E mesmo depois da separação, ele se apegou profundamente a Maria. Eles conservaram muitas tradições onde os seu continuadores não levaram à frente.

Ele nunca rejeitou Maria, e disse que quem a nega não é cristão.
 Nos seus escritos encontramos que quando diz na Palavra 'os irmãos de Jesus', quer dizer primos parentes.


אָח
(masculino)


Fem./Plural: אַחִים 

Transliteração: _ch 
Traduçãoirmão, parente

No seu calendário luterano, até hoje existe três festas de Maria: A festa da Anunciação e encarnação, a festa da visita de Isabel e a festa da purificação de Nossa Senhora. E isso se conserva até hoje.

Ele tem um comentário belíssimo, sobre o Magnificat. Lutero diz: "Oh bem aventurada Mãe, Virgem digníssima, recorda-te de nós, obtém que também em nós o Senhor faça essas grandes coisas". Lutero fala também da virgindade de Maria. Quando Mateus fala da concepção de Maria e diz que depois Maria co-habitou com José. (Evangelho de São Mateus 1) Diz Lutero: Depois dessas Palavras não se deve crer nem dizer que houve consórcio conjugal, não se deve crer e nem dizer isso, porque Maria permanece virgem.

Os irmãos, mencionados nos evangelhos, são parentes do Senhor, isso Lutero escreve quase no final de sua vida.

No ano de 1546 num sermão onde ele estava muito agitado, ele falou fortemente assim: “Se deve adorar somente a Cristo, mas não se deve honrar a Santa mãe de Deus? Esta é a mulher que esmagou a cabeça da serpente. Ouve-nos pois o Filho te honra. Ele nada te nega". Lutero conservou-se fiel a Nossa Senhora, conservou a sua devoção.

Calvino, aceita Maria como Mãe de Deus, ele sustenta a virgindade de Maria, e como Lutero, ele também diz que os irmãos citados no Evangelho são parentes de Jesus. Ele diz que professar o contrário (dizer que Maria teve mais filhos) é ignorância, é louca sutileza e abuso da Sagrada Escritura.

Nós temos esta graça, e outra coisas bonitas que encontramos em outra religião que não aceitam Jesus como Deus, mas que tem uma profunda devoção pela Virgem Maria, falam da sua concepção virginal, falam do papel de Maria, onde ela é a única mulher citada no Alcorão do islamismo.

A Palavra de Deus nos revela a grandeza de Maria a mãe de Deus e nossa mãe. Ela se faz presente em nossa vida, se faz presente na vida de cada um de nós para que encontremos o sentido da nossa vida. Ela como mãe intercede por nós.



Linguísticamente
אָח
(masculino)

Fem./Plural: אַחִים 

Transliteração: _ch 
Tradução: irmão, parente; 




בֶּן-דּוֹד
()

Fem./Plural:

Transliteração: ben-dod 
Tradução: primo


Obs:



בֶּן-דּוֹדָה

()

Fem./Plural:

Transliteração: ben-dodah 
Tradução: primo


Obs:



בֶּן-דּוֹד

(masculino)

Fem./Plural:

Transliteração: ben-dod 
Tradução: primo


Obs:



דּוֹדָן

(masculino)

Fem./Plural: דּוֹדָנִים 

Transliteração: dodan 
Tradução: primo


Obs:



A ICAR ensina que Maria permaneceu virgem após o nascimento de Jesus. Jesus então, seria o único filho gerado em seu ventre. Mas como explicar aquelas passagens bíblicas que mostram claramente que Jesus tinha irmãos? 

Marcos 3:31-32 

"31        ¶ Chegaram, então, seus irmãos e sua mãe; e, estando fora, mandaram-no chamar. 
32      E a multidão estava assentada ao redor dele, e disseram-lhe: Eis que tua mãe e teus irmãos te procuram, e estão lá fora." 

Mateus 13:55-56 

"55        Não é este o filho do carpinteiro? e não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, e José, e Simão, e Judas? 
56      E não estão entre nós todas as suas irmãs? De onde lhe veio, pois, tudo isto?" 

Galatas 1:19 

"19        E não vi a nenhum outro dos apóstolos, senão a Tiago, irmão do Senhor." 

João 2:12 

"12        ¶ Depois disto desceu a Cafarnaum, ele, e sua mãe, e seus irmãos, e seus discípulos; e ficaram ali não muitos dias." 

Existem ainda outros versículos que falam dos "Irmõs de Jesus". Segundo parece, Jesus teve 4 irmãos homens: Tiago, José, Simão e Judas. Além deles Jesus também tinha irmãs! (Mt 13:55-56) 


Maria, quando bem interpretada na doutrina, nunca é ponto de desunião, mas de verdadeira união. Vemos muitas Igrejas cristãs que não reconhecem o papel de Maria, que não olham Maria na função que ela de fato exerce no meio de nós cristãos. Olhando para o verdadeiro papel dela é que podemos de fato perceber também o nosso papel de cristãos.

É preciso que olhemos com muito amor e carinho para Maria, e aprendermos de fato o que ela quer ensinar a nós, porque sabemos que Jesus tinha um grande desejo, e na sua oração Ele dizia: “Pai que todos sejam um”. E hoje infelizmente vemos tantas comunidades religiosas que buscam o caminho de Jesus, mas entre si não estão vivendo em harmonia, e criticam um ao outro. E o que Jesus nos pediu é que encontremos juntos o caminho da salvação.

Olhando para a história da Igreja, nós vamos entender um pouco algumas questões na doutrina de Maria e quais os caminhos que devemos tomar para que o desejo e a oração de Jesus aconteça entre nós. E com certeza o Pai já esta concedendo esse desejo ao seu filho Jesus, e aos poucos nós cristãos estamos buscando a verdade, e esta unidade que é tão importante para a nossa salvação.

Olhando a evolução da doutrina de Nossa Senhora, nós vamos entender de fato que na pessoa de Nossa senhora vamos encontrar quatro verdades de fé, que foram colocadas ao longo da história para podermos entender o mistério do papel de Maria, e o que ela representa a nós cristãos.

No ano de 451, no Concilio de Éfeso, Maria foi declarada Mãe de Deus. Depois de muitos estudos, debruçando sobre a Palavra de Deus, sobre a Tradição da Igreja e o Magistério, percebeu-se: de fato Maria é mãe de Deus. Isto é verdade de fé.

No ano de 649 na Basílica de Latrão, se declarou Maria sempre Virgem. Antes, durante e depois do parto. Esses dois dogmas da Igreja antiga permanecem fiéis e nos ajudam a caminhar.

No ano de 1854, ela foi reconhecida como a 'Imaculada Conceição'. Ela ficou livre do pecado original. Depois de muitos estudos, de muita dedicação à Palavra de Deus, nós encontramos esta verdade de fé: Maria é a Imaculada Conceição. Nela não existe o pecado original. Depois em 1950, foi declarada a Assunção de Maria. Ela foi elevada aos céu em corpo e alma.

Ela que é filha de Deus Pai, mãe de Deus Filho e esposa do Espírito Santo.
Os caminhos da Igreja, neste dois primeiros dogmas, pertencem a toda tradição cristã, porque não havia divisão na Igreja, apenas depois da Reforma Protestante.

O jeito de reconhecer Maria nas diversas tradições vão mudando, mas vemos que até 1500, até a Reforma Protestante, o papel de Maria era interpretado de uma única forma.

lunes, 18 de junio de 2012

Ossada misteriosa pode ser de João Batista

 


João Batista é uma figura religiosa muito famosa. Na Bíblia, ele é descrito como sendo a pessoa que batizou Jesus. Alguns relatos afirmam que o batismo de Jesus foi o primeiro encontro dos dois, já em idade adulta, mas eles já haviam reconhecido a presença um do outro quando ainda estavam nas barrigas de suas mães, e elas estiveram juntas.
Eles são também considerados “primos”, pois ambos foram gerados milagrosamente: Jesus, filho de uma virgem, e Batista, filho de uma mulher considera estéril.
Como outras figuras bíblicas, João Batista e seu destino final são cercados de mistério. Agora, uma ossada encontrada numa igreja na Bulgária pode ser os remanescentes desse santo.
Claro que não tem como ter certeza, porque não temos nenhum material coletado de João Batista para comparar com a amostra. Porém, muitos fatores levam a crer que a possibilidade é grande.
Porque a ossada é provavelmente de João Batista
A ossada foi descoberta em 2010 pelos arqueólogos búlgaros Kazimir Popkonstantinov e Rossina Kostova, durante a escavação de uma antiga igreja na ilha de Sveti Ivan, que se traduz como “São João”.
A igreja foi construída em dois períodos nos séculos V e VI. Sob o altar, os arqueólogos encontraram um sarcófago de mármore pequeno (cerca de 15 centímetros), com seis ossos humanos e três ossos de animais. Do lado desse sarcófago, a apenas 50 centímetros de distância, eles encontraram uma segunda caixa feita de rocha vulcânica com a seguinte inscrição: “Querido Deus, por favor, ajude o seu servo Thomas”, juntamente com o nome de São João Batista e seu dia santo (24 de junho).
Historicamente, os pesquisadores acreditam que Thomas era um servo encarregado de levar as caixas com os ossos de João Batista a igreja na Bulgária. Nos séculos IV e V, era comum que patronos ricos construíssem igrejas e doassem relíquias (partes de corpos santos) para os monges que morariam nelas.
O mais interessante é que a pesquisa histórica do professor Georges Kazan, da Universidade de Oxford (Reino Unido), sugere que as supostas relíquias de João Batista estavam em movimento (saindo de Jerusalém) por volta do século IV. Muitos desses artefatos foram transportados através da antiga cidade de Constantinopla, e poderiam muito bem ter ido parar no monastério de Sveti Ivan.
A análise da caixa, por sua vez, revelou que ela seria possivelmente originária da Capadócia, uma região da Turquia. Para os cientistas búlgaros, as ossadas provavelmente chegaram à ilha da Antióquia, cidade turca onde a mão direita de São João foi conservada até o século X.
Os ossos humanos da caixa incluíam uma articulação dos dedos, um dente, parte de um crânio, uma costela e uma ulna, ou osso do braço. Usando datação por radiocarbono, os pesquisadores dataram a articulação dos dedos como sendo do começo do primeiro século.
Como a datação por radiocarbono se baseia em material orgânico, somente esse osso, que tinha colágeno suficiente para uma boa análise, foi datado. Mas eles também conseguiram reconstruir sequências de DNA em três dos ossos, mostrando que vieram da mesma pessoa. Esse resultado, e o fato de que os ossos contêm com certeza DNA antigo, são bons indicadores de que as amostras não estão contaminadas. Também indicam a região de que vieram os ossos, provavelmente o Oriente Médio.
Ou seja, segundo análise científica, os ossos pertencem a uma pessoa do sexo masculino, provavelmente do Oriente Médio, do começo do primeiro século. Tudo isso, mais as inscrições na caixa e os relatos históricos são consistentes com o Novo Testamento e registros judaicos da vida de João Batista. Pode ser ele.
Porque a ossada provavelmente não é de João Batista
Um dos problemas que os pesquisadores tiveram foi que os três ossos de animais que também estavam na caixa (de uma ovelha, de uma vaca e de um cavalo) vieram do mesmo lugar e eram cerca de 400 anos mais velhos que os ossos humanos.
O que eles estariam fazendo lá? As teorias variam de que foram colocados ali como forma de “profanar” os ossos humanos, ou simplesmente para “encher linguiça”, fazendo a caixa parecer mais impressionante.
Outro problema é que, Mesmo que os monges que receberam os ossos de Thomas acreditassem seriamente que eles eram de João Batista e tivessem registrado o fato, isso não provaria nada. Na verdade, todas essas evidências acima também não provam nada.
Relíquias falsas são uma das coisas mais comuns do mundo. Por exemplo, pelo menos 30pregos já foram venerados como os usados para manter Jesus Cristo na cruz, sendo que estudiosos bíblicos debatem se três ou quatro pregos foram utilizados.
Se todos os objetos e partes do corpo ligadas a Jesus encontrados fossem dele mesmo, haveriam vários Jesus.
Em resumo, a caixa de Sveti Ivan não é o único relicário que as pessoas acreditam armazenar os restos mortais de João Batista: existem outras. Se os pesquisadores pudessem testá-las e encontrar uma ligação, teriam um caso – circunstancial – de sua autenticidade. Mas os especialistas deixam bem claro: ter certeza sobre essas coisas é praticamente impossível. Provavelmente por isso seja uma questão de fé.

lunes, 11 de junio de 2012

Criacionismo - Teologia Bíblica Catolica


Teologia Bíblica



A palavra "teologia" vem de duas palavras gregas que significam

θεóς, (transliteração: theos) = "divindade" + λóγος, (logos) = "palavra", por extensão, "estudo, análise, consideração, questionamento sobre alguma coisa ou algo"), no sentido literal, é o estudo sobre a divindade. .Combinadas, temos a palavra "teologia", que significa "estudo de Deus".


A origem histórica do termo em questão nos remete à Hélade, também chamada de Grécia Antiga. Era utilizada inicialmente para descrever o trabalho de muitos poetas, que tentavam dar uma noção de como eram os deuses. Os teólogos eram os que faziam poesias sobre os deuses e sobre seus feitos, suas virtudes, suas emoções, sua vida particular e também seus vícios e erros. Entretanto, não era uma análise sobre os deuses e, sim, uma narração dos feitos deles que se pareciam com os feitos humanos e as virtudes dos mesmos. Somente na Idade Medieval é que o termo deixou de lado o conceito poético e passou a ser considerado como assunto de inquirição existencial e filosófica.

A Teologia bíblica estuda a Bíblia e organiza as conclusões obtidas pela Teologia exegética (que usa técnicas como a exegese para interpretar a Bíblia) em várias divisões e áreas de estudo, com a finalidade de estudar e conhecer a evolução ou a história progressiva da Revelação de Deus à humanidade, desde da sua queda e passando pelo Antigo Testamento e Novo Testamento.

A Teologia Bíblica, ao contrário da Teologia Sistemática, é indutiva, isto é, a partir da pesquisa exegética faz afirmações, ou seja, parte do específico para o geral. De um modo geral, a Teologia Bíblica parte da exegese de textos bíblicos como afirmação primeira, daí elaborando afirmações decorrentes.


A Teologia Bíblica ainda divide-se em:

Teologia Bíblica do Antigo Testamento. Nesta parte, os teólogos bíblicos dão especial ênfase às profecias e indícios revelados no Antigo Testamento relativos à vinda e missão de Jesus Cristo, o Messias;

Teologia Bíblica do Novo Testamento.

Não há uma Teologia Bíblica unificada, o que há são diversas teologias das tradições biblicas. Mesmo no Antigo Testamento, encontram-se as teologias dos livros históricos, e estas ainda se subdividem em outras teologias de acordo com o método de pesquisa empregado, também encontram-se a teologia dos escritos proféticos e dos escritos sapienciais. No Novo Testamento há a teologia de Mateus, de João (Jo, 1Jo, 2Jo, 3Jo, Ap), de Paulo (Cartas Paulinas), de Lucas (Lc e At). O teológo alemão Hans-Joachim Kraus aborda no livro Die Biblische Theologie esta problemática da múltiplas tradições e teologias bíblicas.

A tentativa de organizar as variadas ideias da religião cristã (e os vários tópicos e temas de diversos textos da Bíblia) em um sistema simples, coerente e bem-ordenado é uma tarefa relativamente recente. Na ortodoxia oriental, um exemplo antigo é a Exposição da Fé Ortodoxa, de João de Damasco (feita no século VIII), na qual se tenta organizar, e demonstrar a coerência, a teologia de textos clássicos da tradição teológica oriental.

No Ocidente, as Sentenças de Pedro Lombardo (no século XII), em que é coletada uma grande série de citações dos Pais da Igreja, tornou-se a base para a tradição de comentário temático e explanação da escolástica medieval -- cujo grande exemplo é a Suma Teológica de Tomás de Aquino. A tradição protestante de exposição temática e ordenada de toda a teologia cristã (ortodoxia protestante) surgiu no século XVI, com os Loci Communes de Filipe Melanchton e as Institutas da Religião Cristã de João Calvino.

No século XIX, especialmente em círculos protestantes, um novo modelo de teologia sistemática surgiu: uma tentativa de demonstrar que a doutrina cristã formava um sistema coerente baseado em alguns axiomas centrais. Alguns teólogos se envolveram, então, numa drástica reinterpretação da fé tradicional com o fim de torná-la coerente com estes axiomas. Friedrich Schleiermacher, por exemplo, produziu Der christliche Glaube nach den Grundsatzen der evangelischen Kirche, na década de 1820, onde a ideia central é a presença universal em meio à humanidade (algumas vezes mais oculta, outras, mais explícita) de um sentimento ou consciência de "absoluta dependência"; todos os temas teológicos são reinterpretados como descrições ou expressões de modificações deste sentimento.

Teologia Própria é o estudo de Deus o Pai. Cristologia é o estudo de Deus o Filho, o Senhor Jesus Cristo. Pneumatologia é o estudo de Deus o Espírito Santo. Bibliologia é o estudo da Bíblia. Soteriologia é o estudo da salvação. Eclesiologia é o estudo da igreja. Escatologia é o estudo do fim dos tempos. Angelologia é o estudo dos anjos. Demonologia Cristã é o estudo dos demônios sob uma perspectiva cristã. Antropologia Cristã é o estudo da humanidade. Hamartiologia é o estudo do pecado.

Teologia Bíblica é estudar um certo livro (ou livros) da Bíblia e enfatizar os diferentes aspectos da Teologia que ele focaliza. Por exemplo, o Evangelho de João é muito Cristológico, pois focaliza muito na divindade de Cristo (João 1:1,14; 8:58; 10:30; 20:28). A Teologia Histórica é o estudo das doutrinas e como elas se desenvolveram através dos séculos da igreja cristã. A Teologia Dogmática é um estudo das doutrinas de certos grupos cristãos que possuem doutrinas sistematizadas, por exemplo a Teologia Calvinista e Dispensacional. A Teologia Contemporânea é o estudo das doutrinas que se desenvolveram ou têm estado em foco recentemente. A Teologia Sistamática é uma importante ferramenta em nos ajudar a compreender e ensinar a Bíblia de uma forma organizada.


Teologia Sistemática

Partindo do princípio da definição hegeliana do termo "teologia", a teologia é o estudo das manifestações sociais de grupos em relação às divindades. Como toda área do conhecimento, possui então objetos de estudo definidos. Como não é possível estudar Deus diretamente, como sugere o termo literalmente observado, a definição de Hegel que, somente se pode estudar aquilo que se pode observar se torna pertinente e atual, conforme as representações sociais nas mais variadas culturas.

Teologia sistemática é, então, a divisão da Teologia em sistemas que explicam suas várias áreas. Por exemplo, muitos livros da Bíblia dão informações sobre os anjos. Nenhum livro sozinho dá todas as informações sobre os anjos. A Teologia Sistemática coleta todas as informações sobre os anjos de todos os livros da Bíblia e as organiza em um sistema: Angelologia. Isto é a Teologia Sistemática: a organização de ensinamentos da Bíblia em sistemas de categorias. A palavra "sistemática" se refere a algo que colocamos em um sistema.

A teologia sistemática, que engloba ramos como a teologia doutrinal, a teologia dogmática e a teologia filosófica, é o ramo da teologia cristã que reúne as informações extraídas da pesquisa teológica, organiza-as em áreas afins, explica as aparentes contradições e, com isso, fornece um grande sistema explicativo (diferentemente da teologia histórica ou da teologia bíblica).

A teologia sistemática está também associada por vezes à apologética cristã, que serve para, no confronto teológico entre diferentes religiões e heresias, defender a doutrina da confissão cristã em causa.


Segundo a Igreja Católica, a teologia sistemática é dividida em dois ramos principais:

-a teologia dogmática ou fundamental, que "expõe e estuda, sistematicamente, as verdades fundamentais da Fé", que são "verdades eternas e obrigatórias para todos os cristãos, nos seus aspectos materiais e formais";

-a teologia moral,
"que estuda os preceitos éticos contidos na doutrina revelada, aplicando-os ao cotidiano da vida do homem e da Igreja". [1]


Loci da teologia sistemática

Um locus (do latim, lugar; plural loci) é uma área específica de estudo da teologia sistemática. Os loci clássicos são:

Prolegômenos ou Teologia fundamental

Teologia propriamente dita ou Teontologia

Bibliologia, Cristologia, Pneumatologia,Antropologia teológica,Soteriologia,Eclesiologia Escatologia, Teologia dos sacramentos, Hamartiologia Angeologia, Mariologia, Demonologia

Evolução do termo

No cristianismo, isso se dá a partir da Bíblia. O teólogo cristão-protestante suíço Karl Barth definiu a Teologia como um "falar a partir de Deus". O termo "teologia" foi usado pela primeira vez por Platão, no diálogo "A República", para referir-se à compreensão da natureza divina de forma racional, em oposição à compreensão literária própria da poesia, tal como era conduzida pelos seus conterrâneos. Mais tarde, Aristóteles empregou o termo em numerosas ocasiões, com dois significados:

Teologia como o ramo fundamental da filosofia, também chamada "filosofia primeira" ou "ciência dos primeiros princípios", mais tarde chamada de metafísica por seus seguidores;

Teologia como denominação do pensamento mitológico imediatamente anterior à filosofia, com uma conotação pejorativa e, sobretudo, utilizada para referir-se aos pensadores antigos não filósofos (como Hesíodo e Ferécides de Siro).

Santo Agostinho tomou o conceito de teologia natural da obra Antiquitates rerum humanarum et divinarum, de M. Terêncio Varrão, como única teologia verdadeira dentre as três apresentadas por Varrão: a mítica, a política e a natural. Acima desta, situou a Teologia Sobrenatural (theologia supernaturalis), baseada nos dados da revelação e, portanto, considerada superior. A teologia sobrenatural, situada fora do campo de ação da Filosofia, não estava subordinada, mas sim acima da última, considerada como uma serva (ancilla theologiae) que ajudaria a primeira na compreensão de Deus.

Teodiceia, termo empregado atualmente como sinonimo de "teologia natural", foi criado no século XVIII por Leibniz, como título de uma de suas obras (chamada "Ensaio de Teodiceia. Sobre a bondade de Deus, a liberdade do ser humano e a origem do mal"), embora Leibniz utilize tal termo para referir-se a qualquer investigação cujo fim seja explicar a existência do mal e justificar a bondade de Deus.

Na tradição cristã (de matriz agostiniana), a teologia é organizada segundo os dados da revelação e da experiência humana. Esses dados são organizados no que se conhece como teologia sistemática ou teologia dogmática.

A teologia é fortemente influenciada pelas mais diversas religiões e, portanto, existe a teologia hindu, a teologia budista, a teologia judaica, a teologia católica-romana, a teologia islâmica, a teologia protestante, a teologia mórmon, a teologia umbandista, entre outras.

Bibliografia

BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. Trad. Odayr Olivetti. Campinas: LPC, 1990.

BRAATEN, Carl E. & JENSON, Robert W. (eds.) Dogmática Cristã. 2 vols. Trad. G. Delfstra et alli. São Leopoldo: Sinodal, 1990.

BOFF, Clodovis. Teoria do Método Teológico. Petrópolis: Vozes, 1998.

FIORENZA, Francis S. & GALVIN, John P. (org.). Teologia Sistemática. 2 vols. Trad. Paulo Siepierski. São Paulo: Paulus, 1997.

HODGE, Charles. Teologia Sistemática. Trad. Valter Martins. São Paulo: Hagnos, 2001.

McGRATH, Alister E. Teologia: Sistemática, Histórica e Filosófica. Trad. Marisa de Siqueira Lopes. São Paulo: Shedd, 2005.



Criacionismo científico


Criacionismo científico se entende pela afirmação científica da ação de um criador para o surgimento da vida e tudo mais que existe. O conceito de criacionismo científico mais trabalhado é o de visão bíblica e Cristã, que tem expoentes de pensamento nos EUA, tal qual Ruse que afirma: "O criacionismo, em um sentido geral, refere-se à teoria de que DEUS fez o mundo sozinho, por meios miraculosos, do nada. Mais especificamente, na América atual, o criacionismo é a teoria de que a Bíblia, em particular os primeiros capítulos do Gênese, é um guia literalmente verdadeiro da história do universo e da história da vida aqui na Terra, inclusive de nós seres humanos." [1]

Outras definições de Criacionismo são:

a idéia de "que a ordem surgiu ... da inteligência criativa divina ... [ou] da inteligência divina trabalhando por causas naturais" [2]

"a crença de que a vida na Terra é o produto de um ato divino e não da evolução orgânica" [3]

"a crença de que o universo e todos os seres vivos foram criados por DEUS" [4]


Existem também definições mais explícitas que evidenciam a visão Cristã do Criacionismo, como:

"Os criacionistas ... acreditam que DEUS criou a Terra e os seres vivos nela, como escrito na Bíblia" [5]

"Uma doutrina Cristã afirmando que o mundo e todos os seres vivos nele – especialmente os seres humanos – foram criados por DEUS" [6]


O Criacionismo científico conflita-se com a teoria da evolução, ao identificar que um Criador através de modo sobrenatural gerou a vida existente e que não existe macro-evolução com criação de novas espécies como afirma a teria da evolução. (É de se notar que o Criacionismo científico não rejeita a idéia de micro-evoluções dentro mesmas espécies, mas que estas são limitadas.)

Podemos ver um exemplo de proposição Criacionista científica, na qual o Criacionista Henry M. Morris estabelece o seguinte modelo de afirmações para a teoria Criacionista científica:

1.O mundo, tal como ele existe agora, foi criado do nada por ação divina.

2.Essa criação aconteceu menos de dez mil anos atrás.

3.Não aconteceu qualquer desenvolvimento subseqüente.

4.A teoria da evolução é falsa, porque a mutação e a seleção natural não podem explicar o suposto desenvolvimento subseqüente de todos os seres vivos.

5.Podem ocorrer modificações limitadas dentro de uma espécie, mas todas as espécies (atuais e extintas) foram criadas por DEUS no início: não existe a suposta "especiação" afirmada pela teoria da evolução.

6.Não existe "antepassado comum" compartilhado por espécies distintas (por ex., os seres humanos e outros primatas).

7.Os eventos catastróficos e não os alegados processos geomorfológicos da "ciência" da Geologia, foram a causa das características geológicas da Terra.

8.O evento geológico mais importante na história foi o grande dilúvio descrito no Gênese, que explica, entre outras coisas, a presença de fósseis de espécies extintas em camadas geológicas distintas. [7]

Este tipo de Criacionismo pode ser chamado de ciência em decorrência de se formular sobre uma hipótese empírica e falsificável. O Criacionismo científico nega a teoria da evolução, mas não nega a ciência. Uma de suas pressuposições é baseada sobre a "geologia da inundação" que relata os impactos gerados pelo grande dilúvio Bíblico. [8]


Referências


1.↑ Ruse, M. 2005 "Creationism", in Horowitz, M. (org.), New Dictionary of the History of Ideas, 6 vols., Detroit, Charles Scribner’s Sons, vol. 2, pp. 489-493.

2.↑ Arnhart, L. 2005 "Evolution–Creationism Debate", in MITCHAM, C. (org.), Encyclopedia of Science, Technology, and Ethics, 4 vols. Detroit, Macmillan Reference, vol. 2, pp. 720-723.

3.↑ Feffer, L. B. 2003 "Creationism", in Kutler, S. I. (org.), Dictionary of American History, 10 vols., 3ª ed., New York, Charles Scribner’s Sons, vol. 2, pp. 446-447.

4.↑ Saladin, K. S. 2002 "Creationism", in Robinson, R. (org.), Biology, 4 vols., New York, Macmillan Reference, vol. 1, pp. 185-187.

5.↑ George, M. 2001 "And Then God Created Kansas? The Evolution/Creationism Debate in America’s Public Schools", University of Pennsylvania Law Review, vol. 149, nº 3: 843-872.

6.↑ Longley, E. 2000 "Creationism", in Pendergast, S.; Pendergast, T. (orgs.), St. James Encyclopedia of Popular Culture, 5 vols., Detroit, St. James Press, vol. 1, pp. 627-628.

7.↑ Morris, H. M. 1965 A Bíblia e a Ciência Moderna, São Paulo, Imprensa Batista Regular. 1981 Scientific Creationism. San Diego, CLP Publications.

8.↑ Engler, S. 2007 "Tipos de Criacionismos Cristãos". Junho/2007.



CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

PRIMEIRA PARTE


A PROFISSÃO DA FÉ

-SEGUNDA SEÇÃO


A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ


CAPÍTULO PRIMEIRO


CREIO EM DEUS PAI-
(§ 198-§ 421)

198.
A nossa profissão de fé começa por Deus, porque Deus é «o Primeiro e o Último» (Is 44, 6), o Princípio e o Fim de tudo. O Credo começa por Deus Pai, porque o Pai é a Primeira Pessoa divina da Santíssima Trindade; o nosso Símbolo começa pela criação do céu e da terra, porque a criação é o princípio e o fundamento de todas as obras de Deus.




«CREIO EM DEUS PAI TODO-PODEROSO
CRIADOR DO CÉU E DA TERRA»

 



PARÁGRAFO 4-(§279)


O CRIADOR

279.
«No princípio, Deus criou o céu e a terra» (Gn 1, 1). É com estas palavras solenes que começa a Sagrada Escritura. E o Símbolo da fé retoma-as, confessando a Deus, Pai todo-poderoso, como «Criador do céu e da terra» (101), «de todas as coisas, visíveis e invisíveis» (102). Vamos, portanto, falar primeiro do Criador, depois da sua criação, e, finalmente, da queda do pecado, de que Jesus, Filho de Deus, nos veio Libertar.

280.
A criação é o fundamento de «todos os desígnios salvíficos de Deus», «o princípio da história da salvação» (103), que culmina em Cristo. Por seu lado, o mistério de Cristo derrama sobre o mistério da criação a luz decisiva; revela o fim, em vista do qual «no princípio Deus criou o céu e a terra» (Gn 1, 1): desde o princípio, Deus tinha em vista a glória da nova criação em Cristo (104).

281.
É por isso que as leituras da Vigília Pascal, celebração da nova criação em Cristo, começam pela narrativa da criação. Do mesmo modo, na liturgia bizantina, a narrativa da criação constitui sempre a primeira leitura das vigílias das grandes festas do Senhor. Segundo o testemunho dos antigos, a instrução dos catecúmenos para o Baptismo segue o mesmo caminho (105).

I. A catequese sobre a criação

282.
A catequese sobre a criação reveste-se duma importância capital. Diz respeito aos próprios fundamentos da vida humana e cristã, porque torna explícita a resposta da fé cristã à questão elementar que os homens de todos os tempos têm vindo a pôr-se: «De onde vimos?» «Para onde vamos?» «Qual a nossa origem?» «Qual o nosso fim?» «Donde vem e para onde vai tudo quanto existe?» As duas questões, da origem e, do fim, são inseparáveis. E são decisivas para o sentido e para a orientação da nossa vida e do nosso proceder.

283.
A questão das origens do mundo e do homem tem sido objecto de numerosas investigações científicas, que enriqueceram magnificamente os nossos conhecimentos sobre a idade e a dimensão do cosmos, a evolução dos seres vivos, o aparecimento do homem. Tais descobertas convidam-nos, cada vez mais, a admirar a grandeza do Criador e a dar-Lhe graças por todas as suas obras, e pela inteligência e saber que dá aos sábios e investigadores. Estes podem dizer com Salomão: «Foi Ele quem me deu a verdadeira ciência de todas as coisas, a fim de conhecer a constituição do Universo e a força dos elementos [...], porque a Sabedoria, que tudo criou, mo ensinou» (Sb 7, 17-21).

284.
O grande interesse atribuído a estas pesquisas é fortemente estimulado por uma questão de outra ordem, que ultrapassa o domínio próprio das ciências naturais. Porque não se trata apenas de saber quando e como surgiu materialmente o cosmos, nem quando é que apareceu o homem; mas, sobretudo, de descobrir qual o sentido de tal origem: se foi determinada pelo acaso, por um destino cego ou uma fatalidade anónima, ou, antes, por um Ser transcendente, inteligente e bom, chamado Deus. E se o mundo provém da sabedoria e da bondade de Deus, qual a razão do mal? De onde vem ele? Quem é por ele responsável? E será que existe uma libertação do mesmo?

285.
Desde os princípios que a fé cristã teve de defrontar-se com respostas, diferentes da sua, sobre a questão das origens. De facto, nas religiões e nas culturas antigas encontram-se muitos mitos relativos às origens. Certos filósofos disseram que tudo é Deus, que o mundo é Deus, ou que a evolução do mundo é a evolução de Deus (panteísmo): outros disseram que o mundo é uma emanação necessária de Deus, brotando de Deus como duma fonte e a Ele voltando; outros, ainda, afirmaram a existência de dois princípios eternos, o bem e o mal, a luz e as trevas, em luta permanente (dualismo, maniqueísmo). Segundo algumas destas concepções, o mundo (pelo menos o mundo material) seria mau, produto duma decadência e, portanto, objecto de repúdio ou de superação (gnose); outras admitem que o mundo tenha sido feito por Deus, mas à maneira dum relojoeiro que, depois de o ter feito, o abandonou a si mesmo (deísmo); outras, finalmente, rejeitam qualquer origem transcendente do mundo e vêem nele o puro jogo duma matéria que teria existido sempre (materialismo). Todas estas tentativas dão testemunho da permanência e universalidade do problema das origens. É uma busca própria do homem.

286.
Não há dúvida de que a inteligência humana é capaz de encontrar uma resposta para a questão das origens. Com efeito, a existência de Deus Criador pode ser conhecida com certeza pelas suas obras, graças à luz da razão humana (106), mesmo que tal conhecimento muitas vezes seja obscurecido e desfigurado pelo erro. E é por isso que a fé vem confirmar e esclarecer a razão na compreensão exacta desta verdade: «Pela fé, sabemos que o mundo foi organizado pela palavra de Deus, de modo que o que se vê provém de coisas invisíveis» (Heb 11, 3).

287.
A verdade da criação é tão importante para toda a vida humana que Deus, na sua bondade, quis revelar ao seu povo tudo quanto é salutar conhecer-se a esse propósito. Para além do conhecimento natural, que todo o homem pode ter do Criador (107), Deus revelou progressivamente a Israel o mistério da criação. Deus, que escolheu os patriarcas, que fez sair Israel do Egipto e que, escolhendo Israel, o criou e formou (108) revela-Se como Aquele a quem pertencem todos os povos da terra e toda a terra, como sendo o único que «fez o céu e a terra» (Sl 115, 15; 124, 8; 134, 3).

288.
Assim, a revelação da criação é inseparável da revelação e da realização da Aliança de Deus, o Deus Único, com o seu povo. A criação é revelada como o primeiro passo para esta Aliança, como o primeiro e universal testemunho do amor omnipotente de Deus (109). Por isso, a verdade da criação é expressa com vigor crescente na mensagem dos profetas (110), na oração dos salmos (111) e da liturgia, na reflexão da sabedoria (112) do Povo eleito.

289.
Entre tudo quanto a Sagrada Escritura nos diz sobre a criação, os três primeiros capítulos do Génesis ocupam um lugar único. Do ponto de vista literário, estes textos podem ter diversas fontes. Os autores inspirados puseram-nos no princípio da Escritura, de maneira a exprimirem, na sua linguagem solene, as verdades da criação, da sua origem e do seu fim em Deus, da sua ordem e da sua bondade, da vocação do homem, e enfim, do drama do pecado e da esperança da salvação. Lidas à luz de Cristo, na unidade da Sagrada Escritura e na Tradição viva da Igreja, estas palavras continuam a ser a fonte principal para a catequese dos mistérios do «princípio»: criação, queda, promessa da salvação.

II. A criação – obra da Santíssima Trindade

290.
«No princípio, Deus criou o céu e a terra». Três coisas são afirmadas nestas primeiras palavras da Escritura: Deus eterno deu um princípio a tudo quanto existe fora d'Ele. Só Ele é criador (o verbo «criar» – em hebraico «bara» – tem sempre Deus por sujeito). E tudo quanto existe (expresso pela fórmula «o céu e a terra») depende d' Aquele que lhe deu o ser.

291.
«No princípio era o Verbo [...] e o Verbo era Deus [...] Tudo se fez por meio d'Ele e, sem Ele, nada se fez» (Jo 1, 1-3). O Novo Testamento revela que Deus tudo criou por meio do Verbo eterno, seu Filho muito-amado. Foi n'Ele «que foram criados todos os seres que há nos céus e na terra [...]. Tudo foi criado por seu intermédio e para Ele. Ele é anterior a todas as coisas, e todas se mantêm por Ele» (Cl 1, 16-17). A fé da Igreja afirma igualmente a acção criadora do Espírito Santo: Ele é Aquele «que dá a vida» (113), «o Espírito Criador» (Veni, Creator Spiritus), a «Fonte de todo o bem» (114).

292.
Insinuada no Antigo Testamento (115) revelada na Nova Aliança, a acção criadora do Filho e do Espírito Santo, inseparavelmente unida à do Pai, é claramente afirmada pela regra de fé da Igreja: «Existe um só Deus. Ele é o Pai, é Deus, é o Criador, o Autor, o Ordenador. Fez todas as coisas por Si mesmo, quer dizer, pelo Seu Verbo e pela sua Sabedoria» (116) «pelo Filho e pelo Espírito» que são como «as suas mãos» (117). A criação é obra comum da Santíssima Trindade.

III. «O mundo foi criado para glória de Deus»

293.
É uma verdade fundamental, que a Escritura e a Tradição não cessam de ensinar e de celebrar: «O mundo foi criado para glória de Deus» (118). Deus criou todas as coisas, explica São Boaventura, «non propter gloriam augendam, sed propter gloriam manifestandam et propter gloriam suam communicandam – Não para aumentar a Sua glória, mas para a manifestar e para a comunicar » (119). Para criar, Deus não tem outra razão senão o seu amor e a sua bondade: «Aperta manu clave amoris creaturae prodierunt – As criaturas saíram da mão (de Deus) aberta pela chave do amor» (120). E o I Concílio do Vaticano explica:
«Na sua bondade e pela sua força omnipotente, não para aumentar a sua felicidade nem para adquirir a sua perfeição, mas para a manifestar pelos bens que concede às suas criaturas, Deus, no seu libérrimo desígnio, criou do nada simultaneamente e desde o princípio do tempo uma e outra criatura — a espiritual e a corporal» (121).

294.
A glória de Deus está em que se realize esta manifestação e esta comunicação da sua bondade, em ordem às quais o mundo foi criado. Fazer de nós «filhos adoptivos por Jesus Cristo. Assim aprouve à sua vontade, para que fosse enaltecida a glória da sua graça» (Ef 1, 5-6): «Porque a glória de Deus é o homem vivo, e a vida do homem é a visão de Deus: se a revelação de Deus pela criação já proporcionou a vida a todos os seres que vivem na terra, quanto mais a manifestação do Pai pelo Verbo proporciona a vida aos que vêem a Deus!» (122). O fim último da criação é que Deus Pai, «criador de todos os seres, venha finalmente a ser 'tudo em todos' (1 Cor 15, 28), provendo, ao mesmo tempo, à sua glória e à nossa felicidade» (123).

IV. O mistério da criação

DEUS CRIA COM SABEDORIA E POR AMOR

295
Acreditamos que Deus criou o mundo segundo a sua sabedoria (124). O mundo não é fruto duma qualquer necessidade, dum destino cego ou do acaso. Acreditamos que ele procede da vontade livre de Deus, que quis fazer as criaturas participantes do seu Ser, da sua sabedoria e da sua bondade: «porque Vós criastes todas as coisas e, pela vossa vontade, elas receberam a existência e foram criadas» (Ap 4, 11). «Como são grandes, Senhor, as vossas obras! Tudo fizestes com sabedoria» (Sl 104, 24). «O Senhor é bom para com todos e a sua misericórdia estende-se a todas as criaturas» (Sl 145, 9).

DEUS CRIA «DO NADA»

296.
Acreditamos que Deus não precisa de nada preexistente, nem de qualquer ajuda, para criar (124). A criação tão pouco é uma emanação necessária da substância divina (126). Deus cria livremente «do nada» (127):
«Que haveria de extraordinário, se Deus tivesse tirado o mundo duma matéria preexistente? Um artista humano, quando se lhe dá um material, faz dele o que quer. O poder de Deus, porém, mostra-se precisamente quando parte do nada para fazer tudo o que quer» (128).

297.
A fé na criação a partir «do nada» é testemunhada na Escritura como uma verdade cheia de promessa e de esperança. É assim que a mãe dos sete filhos os anima ao martírio:
«Não sei como aparecestes no meu seio; não fui eu que vos dei a respiração e a vida, nem fui eu que dispus os membros que compõem cada um de vós. Por isso, o Criador do mundo, que formou o homem à nascença e concebeu todas as coisas na sua origem, vos dará novamente, na sua misericórdia, a respiração e a vida, uma vez que vos desprezais agora a vós próprios, por amor às suas leis [...] Peço-te, meu filho, que olhes para o céu e para a terra. Vê todas as coisas que neles se encontram, para saberes que Deus não as fez do que já existia, e que o mesmo sucede com o género humano» (2 Mac 7, 22-23.28).

298.
Uma vez que Deus pode criar «do nada», também pode, pelo Espírito Santo, dar a vida da alma aos pecadores, criando neles um coração puro e a vida do corpo aos defuntos, pela ressurreição. Ele que «dá a vida aos mortos e chama o que não existe como se já existisse» (Rm 4, 17). E como, pela sua palavra, pôde fazer que das trevas brilhasse a luz (130), pode também dar a luz da fé aos que a ignoram (131).

DEUS CRIA UM MUNDO ORDENADO E BOM

299.
Uma vez que Deus cria com sabedoria, a criação possui ordem. «Dispusestes tudo com medida, número e peso» (Sb 11, 20). Criada no Verbo e pelo Verbo eterno, «que é a imagem do Deus invisível» (Cl 1, 15), a criação destina-se e orienta-se para o homem, imagem de Deus (132), chamado ele próprio a uma relação pessoal com Deus. A nossa inteligência, participante da luz do intelecto divino, pode entender o que Deus nos diz pela sua criação (133), sem dúvida com grande esforço e num espírito de humildade e de respeito perante o Criador e a sua obra (134). Saída da bondade divina, a criação partilha dessa bondade («E Deus viu que isto era bom [...] muito bom»: Gn 1, 4. 10. 12. 18. 21. 31). Porque a criação é querida por Deus como um dom orientado para o homem, como herança que lhe é destinada e confiada. A Igreja, em diversas ocasiões, viu-se na necessidade de defender a bondade da criação, mesmo a do mundo material (135).

DEUS TRANSCENDE A CRIAÇÃO E ESTÁ PRESENTE NELA

300.
Deus é infinitamente maior do que todas as suas obras (136): «A vossa majestade está acima dos céus» (Sl 8, 2), «insondável é a sua grandeza» (Sl 145, 3). Mas, porque Ele é o Criador soberano e livre, causa primeira de tudo quanto existe, está presente no mais íntimo das suas criaturas: «É n'Ele que vivemos, nos movemos e existimos» (Act 17, 28). Segundo as palavras de Santo Agostinho, Ele é «superior summo meo et interior intimo meo — Deus está acima do que em mim há de mais elevado e é mais interior do que aquilo que eu tenho de mais íntimo» (137).

DEUS SUSTENTA E CONDUZ A CRIAÇÃO

301.
Depois da criação, Deus não abandona a criatura a si mesma. Não só lhe dá o ser e o existir, mas a cada instante a mantém no ser, lhe dá o agir e a conduz ao seu termo. Reconhecer esta dependência total do Criador é fonte de sabedoria e de liberdade, de alegria e de confiança:
«Vós amais tudo quanto existe e não tendes aversão a coisa alguma que fizestes: se tivésseis detestado alguma criatura, não a teríeis formado. Como poderia manter-se qualquer coisa, se Vós não quisésseis? Como é que ela poderia durar, se não a tivésseis chamado à existência? Poupais tudo, porque tudo é vosso, ó Senhor, que amais a vida» (Sb 11, 24-26).

V. Deus realiza o seu desígnio: a divina Providência

302.
A criação tem a sua bondade e a sua perfeição próprias, mas não saiu totalmente acabada das mãos do Criador. Foi criada «em estado de caminho» («in statu viae») para uma perfeição última ainda a atingir e a que Deus a destinou. Chamamos divina Providência às disposições pelas quais Deus conduz a sua criação em ordem a essa perfeição:
«Deus guarda e governa, pela sua Providência, tudo quanto criou, "atingindo com força dum extremo ao outro e dispondo tudo suavemente" (Sb 8, 1). Porque "tudo está nu e patente a seus olhos" (Heb 4, 13), mesmo aquilo que depende da futura acção livre das criaturas» (138).

303.
É unânime, a este respeito, o testemunho da Escritura: a solicitude da divina Providência é concreta e imediata, cuida de tudo, desde os mais insignificantes pormenores até aos grandes acontecimentos do mundo e da história. Os livros santos afirmam, com veemência, a soberania absoluta de Deus no decurso dos acontecimentos: «Tudo quanto Lhe aprouve, o nosso Deus o fez, no céu e na terra» (Sl 115, 3); e de Cristo se diz: «que abre e ninguém fecha, e fecha e ninguém abre» (Ap 3, 7); «há muitos projectos no coração do homem, mas é a vontade do Senhor que prevalece» (Pr 19, 21).

304.
É assim que, muitas vezes, vemos o Espírito Santo, autor principal da Sagrada Escritura, atribuir a Deus certas acções, sem mencionar causas-segundas. Isso não é «uma maneira de dizer» primitiva, mas sim um modo profundo de afirmar o primado de Deus e o seu senhorio absoluto sobre a história e sobre o mundo (139) e de ensinar a ter confiança n'Ele. A oração dos Salmos é, aliás, a grande escola desta confiança (140).

305.
Jesus reclama um abandono filial à Providência do Pai celeste, que cuida das mais pequenas necessidades dos seus filhos: «Não vos inquieteis, dizendo: Que havemos de comer? Que havemos de beber? [...] Bem sabe o vosso Pai celeste que precisais de tudo isso. Procurai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça e tudo o mais vos será dado por acréscimo» (Mt 6, 31-33) (141).

A PROVIDÊNCIA E AS CAUSAS SEGUNDAS

306.
Deus é o Senhor soberano dos seus planos. Mas, para a realização dos mesmos, serve-Se também do concurso das criaturas. Isto não é um sinal de fraqueza, mas da grandeza e bondade de Deus omnipotente. É que Ele não só permite às suas criaturas que existam, mas confere-lhes a dignidade de agirem por si mesmas, de serem causa e princípio umas das outras e de cooperarem, assim, na realização do seu desígnio.

307.
Aos homens, Deus concede mesmo poderem participar livremente na sua Providência, confiando-lhes a responsabilidade de «submeter» a terra e dominá-la (142). Assim lhes concede que sejam causas inteligentes e livres, para completar a obra da criação, aperfeiçoar a sua harmonia, para o seu bem e o dos seus semelhantes. Cooperadores muitas vezes inconscientes da vontade divina, os homens podem entrar deliberadamente no plano divino, pelos seus actos e as suas orações, como também pelos seus sofrimentos (143). Tornam-se, então, plenamente «colaboradores de Deus» (1 Cor 3, 9)(144) e do seu Reino(145).

308.
Esta é uma verdade inseparável da fé em Deus Criador: Deus age em toda a acção das suas criaturas. É Ele a causa-primeira, que opera nas e pelas causas-segundas: «É Deus que produz em nós o querer e o operar, segundo o seu beneplácito» (Fl 2, 13)(146). Longe de diminuir a dignidade da criatura, esta verdade realça-a. Tirada «do nada» pelo poder, sabedoria e bondade de Deus, a criatura separada da sua origem, nada pode, porque «a criatura sem o Criador esvai-se» (147). Muito menos pode atingir o seu fim último, sem a ajuda da graça (148).

A PROVIDÊNCIA E O ESCÂNDALO DO MAL

309.
Se Deus Pai todo-poderoso, Criador do mundo ordenado e bom, tem cuidado com todas as suas criaturas, porque é que o mal existe? A esta questão, tão premente como inevitável, tão dolorosa como misteriosa, não é possível dar uma resposta rápida e satisfatória. É o conjunto da fé cristã que constitui a resposta a esta questão: a bondade da criação, o drama do pecado, o amor paciente de Deus que vem ao encontro do homem pelas suas alianças, pela Encarnação redentora de seu Filho, pelo dom do Espírito, pela agregação à Igreja, pela força dos sacramentos, pelo chamamento à vida bem-aventurada, à qual as criaturas livres são de antemão convidadas a consentir, mas à qual podem, também de antemão, negar-se, por um mistério terrível. Não há nenhum pormenor da mensagem cristã que não seja, em parte, resposta ao problema do mal.

310.
Mas, porque é que Deus não criou um mundo tão perfeito que nenhum mal pudesse existir nele? No seu poder infinito, Deus podia sempre ter criado um mundo melhor (149). No entanto, na sua sabedoria e bondade infinitas, Deus quis livremente criar um mundo «em estado de caminho» para a perfeição última. Este devir implica, no desígnio de Deus, juntamente com o aparecimento de certos seres, o desaparecimento de outros; o mais perfeito, com o menos perfeito; as construções da natureza, com as suas destruições. Com o bem físico também existe, pois, o mal físico, enquanto a criação não tiver atingido a perfeição (150).

311.
Os anjos e os homens, criaturas inteligentes e livres, devem caminhar para o seu último destino por livre escolha e amor preferencial. Podem, por conseguinte, desviar-se. De facto, pecaram. Foi assim que entrou no mundo o mal moral, incomensuravelmente mais grave que o mal físico. Deus não é, de modo algum, nem directa nem indirectamente, causa do mal moral (151). No entanto, permite-o por respeito pela liberdade da sua criatura e misteriosamente sabe tirar dele o bem:
«Deus todo-poderoso [...] sendo soberanamente bom, nunca permitiria que qualquer mal existisse nas suas obras se não fosse suficientemente poderoso e bom para do próprio mal, fazer surgir o bem» (152).

312.
Assim, com o tempo, é possível descobrir que Deus, na sua omnipotente Providência, pode tirar um bem das consequências dum mal (mesmo moral), causado pelas criaturas: «Não, não fostes vós – diz José a seus irmãos – que me fizestes vir para aqui. Foi Deus. [...] Premeditastes contra mim o mal: o desígnio de Deus aproveitou-o para o bem [...] e um povo numeroso foi salvo» (Gn, 45, 8; 50, 20) (153). Do maior mal moral jamais praticado, como foi o repúdio e a morte do Filho de Deus, causado pelos pecados de todos os homens, Deus, pela superabundância da sua graça (154), tirou o maior dos bens: a glorificação de Cristo e a nossa redenção. Mas nem por isso o mal se transforma em bem.

313.
«Tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus» (Rm 8, 28). O testemunho dos santos não cessa de confirmar esta verdade:
Assim, Santa Catarina de Sena diz aos «que se escandalizam e se revoltam contra o que lhes acontece»: «Tudo procede do amor, tudo está ordenado para a salvação do homem, e não com nenhum outro fim» (155).
E S. Tomás Moro, pouco antes do seu martírio, consola a filha com estas palavras: «Nada pode acontecer-me que Deus não queira. E tudo o que Ele quer, por muito mau que nos pareça, é, na verdade, muito bom»(156).
E Juliana de Norwich: «Compreendi, pois, pela graça de Deus, que era necessário ater-me firmemente à fé [...] e crer, com não menos firmeza, que todas as coisas serão para bem [...]». «Thou shalt see thyself that all manner of thing shall be well» (157).

314.
Nós cremos firmemente que Deus é o Senhor do mundo e da história. Muitas vezes, porém, os caminhos da sua Providência são-nos desconhecidos. Só no fim, quando acabar o nosso conhecimento parcial e virmos Deus «face a face» (1 Cor 13, 12), é que nos serão plenamente conhecidos os caminhos pelos quais, mesmo através do mal e do pecado, Deus terá conduzido a criação ao repouso desse Sábado (158) definitivo, em vista do qual criou o céu e a terra.

Resumindo:

315.
Na criação do mundo e do homem, Deus deu o primeiro e universal testemunho do seu amor omnipotente e da sua sabedoria e fez o primeiro anúncio do seu «desígnio amoroso», o qual tem como finalidade a nova criação em Cristo.

316.
Embora a obra da criação seja particularmente atribuída ao Pai, é igualmente verdade de fé que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são o único e indivisível princípio da criação.

317.
Só Deus criou o Universo, livremente, directamente, sem qualquer ajuda.

318.
Nenhuma criatura possui o poder infinito necessário para «criar», no sentido próprio da palavra: quer dizer; para produzir e dar o ser ao que de modo algum o possuía (chamar à existência «ex nihilo» a partir do nada) (159).

319.
Deus criou o mundo para manifestar e comunicar a sua glória. Que as criaturas partilhem da sua verdade, da sua bondade e da sua beleza – eis a glória, para a qual Deus as criou.

320.
Deus, que criou o universo, mantém-no na existência pelo seu Verbo; «o Filho tudo sustenta com a sua palavra poderosa» (He 1, 3) e pelo seu Espírito criador que dá a vida.

321.
A divina Providência consiste nas disposições pelas quais Deus conduz, com sabedoria e amor; todas as criaturas, para o seu último fim.

322.
Cristo convida-nos a abandonarmo-nos filialmente à Providência do Pai dos céus (160); o apóstolo São Pedro retoma o seu pensamento ao dizer: «Lançai sobre Deus toda a vossa inquietação porque Ele vela por vós» (1 Pe 5, 7)(161).

323.
A Providência divina também age pela acção das criaturas. Aos seres humanos, Deus permite-lhes cooperar livremente com os seus desígnios.

324.
A permissão divina do mal físico e do mal moral é um mistério, que Deus esclarece por seu Filho Jesus Cristo, morto e ressuscitado para vencer o mal. A fé dá-nos a certeza de que Deus não permitiria o mal, se do próprio mal não fizesse sair o bem, por caminhos que só na vida eterna conheceremos plenamente.