lunes, 18 de junio de 2012

Ossada misteriosa pode ser de João Batista

 


João Batista é uma figura religiosa muito famosa. Na Bíblia, ele é descrito como sendo a pessoa que batizou Jesus. Alguns relatos afirmam que o batismo de Jesus foi o primeiro encontro dos dois, já em idade adulta, mas eles já haviam reconhecido a presença um do outro quando ainda estavam nas barrigas de suas mães, e elas estiveram juntas.
Eles são também considerados “primos”, pois ambos foram gerados milagrosamente: Jesus, filho de uma virgem, e Batista, filho de uma mulher considera estéril.
Como outras figuras bíblicas, João Batista e seu destino final são cercados de mistério. Agora, uma ossada encontrada numa igreja na Bulgária pode ser os remanescentes desse santo.
Claro que não tem como ter certeza, porque não temos nenhum material coletado de João Batista para comparar com a amostra. Porém, muitos fatores levam a crer que a possibilidade é grande.
Porque a ossada é provavelmente de João Batista
A ossada foi descoberta em 2010 pelos arqueólogos búlgaros Kazimir Popkonstantinov e Rossina Kostova, durante a escavação de uma antiga igreja na ilha de Sveti Ivan, que se traduz como “São João”.
A igreja foi construída em dois períodos nos séculos V e VI. Sob o altar, os arqueólogos encontraram um sarcófago de mármore pequeno (cerca de 15 centímetros), com seis ossos humanos e três ossos de animais. Do lado desse sarcófago, a apenas 50 centímetros de distância, eles encontraram uma segunda caixa feita de rocha vulcânica com a seguinte inscrição: “Querido Deus, por favor, ajude o seu servo Thomas”, juntamente com o nome de São João Batista e seu dia santo (24 de junho).
Historicamente, os pesquisadores acreditam que Thomas era um servo encarregado de levar as caixas com os ossos de João Batista a igreja na Bulgária. Nos séculos IV e V, era comum que patronos ricos construíssem igrejas e doassem relíquias (partes de corpos santos) para os monges que morariam nelas.
O mais interessante é que a pesquisa histórica do professor Georges Kazan, da Universidade de Oxford (Reino Unido), sugere que as supostas relíquias de João Batista estavam em movimento (saindo de Jerusalém) por volta do século IV. Muitos desses artefatos foram transportados através da antiga cidade de Constantinopla, e poderiam muito bem ter ido parar no monastério de Sveti Ivan.
A análise da caixa, por sua vez, revelou que ela seria possivelmente originária da Capadócia, uma região da Turquia. Para os cientistas búlgaros, as ossadas provavelmente chegaram à ilha da Antióquia, cidade turca onde a mão direita de São João foi conservada até o século X.
Os ossos humanos da caixa incluíam uma articulação dos dedos, um dente, parte de um crânio, uma costela e uma ulna, ou osso do braço. Usando datação por radiocarbono, os pesquisadores dataram a articulação dos dedos como sendo do começo do primeiro século.
Como a datação por radiocarbono se baseia em material orgânico, somente esse osso, que tinha colágeno suficiente para uma boa análise, foi datado. Mas eles também conseguiram reconstruir sequências de DNA em três dos ossos, mostrando que vieram da mesma pessoa. Esse resultado, e o fato de que os ossos contêm com certeza DNA antigo, são bons indicadores de que as amostras não estão contaminadas. Também indicam a região de que vieram os ossos, provavelmente o Oriente Médio.
Ou seja, segundo análise científica, os ossos pertencem a uma pessoa do sexo masculino, provavelmente do Oriente Médio, do começo do primeiro século. Tudo isso, mais as inscrições na caixa e os relatos históricos são consistentes com o Novo Testamento e registros judaicos da vida de João Batista. Pode ser ele.
Porque a ossada provavelmente não é de João Batista
Um dos problemas que os pesquisadores tiveram foi que os três ossos de animais que também estavam na caixa (de uma ovelha, de uma vaca e de um cavalo) vieram do mesmo lugar e eram cerca de 400 anos mais velhos que os ossos humanos.
O que eles estariam fazendo lá? As teorias variam de que foram colocados ali como forma de “profanar” os ossos humanos, ou simplesmente para “encher linguiça”, fazendo a caixa parecer mais impressionante.
Outro problema é que, Mesmo que os monges que receberam os ossos de Thomas acreditassem seriamente que eles eram de João Batista e tivessem registrado o fato, isso não provaria nada. Na verdade, todas essas evidências acima também não provam nada.
Relíquias falsas são uma das coisas mais comuns do mundo. Por exemplo, pelo menos 30pregos já foram venerados como os usados para manter Jesus Cristo na cruz, sendo que estudiosos bíblicos debatem se três ou quatro pregos foram utilizados.
Se todos os objetos e partes do corpo ligadas a Jesus encontrados fossem dele mesmo, haveriam vários Jesus.
Em resumo, a caixa de Sveti Ivan não é o único relicário que as pessoas acreditam armazenar os restos mortais de João Batista: existem outras. Se os pesquisadores pudessem testá-las e encontrar uma ligação, teriam um caso – circunstancial – de sua autenticidade. Mas os especialistas deixam bem claro: ter certeza sobre essas coisas é praticamente impossível. Provavelmente por isso seja uma questão de fé.

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