sábado, 10 de diciembre de 2011

Passos para eleger um papa

O Papado é uma das funções mais antigas no mundo. E já que essa posição envolve muitos rituais pouco compreendidos, tem atraído muitos boatos. Como alguém vira Papa? Aqui estão 10 passos para eleger um Papa:

10 – A morte do Papa anterior

A morte do Papa anterior não é estritamente necessária para a eleição de outro. A lei diz que ele pode renunciar a qualquer momento, mas até hoje nenhum escolheu isso, e desde a Grande Cisma, os Papas têm sido competentes.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Papa Pio XII fez uma carta de resignação no caso de ser aprisionado. Exceto nesses casos extremos, o homem eleito costuma ficar pela vida inteira no posto.
No caso de morte, alguns rituais acontecem. Primeiro, um médico checa sinais de vida no Papa. Se não há nenhum, o Cardeal Camerlengo, o camareiro, vai chamar o nome verdadeiro do Papa três vezes, para ver se ele responde. Antigamente, o Cardeal batia com um martelo de prata na cabeça do moribundo, mas isso foi abandonado.

9 – Declaração de morte

Uma vez que o Papa é dado como morto, o Camerlengo remove o Anel do Pescador, para posterior destruição. O adereço, símbolo dos apóstolos como pescadores de homens, é único para cada Papa. A destruição previne a fraude de documentos. O Camerlengo finaliza um reinado ao declarar a morte, antes mesmo dos oficiais da Câmara Apostólica, uma das partes administrativas da Igreja.
Cartas formais são enviadas para cada um dos Cardeais, informando o acontecimento e garantindo a presença deles no funeral e nas eleições. Há certo debate sobre esse tipo de ritual nos tempos eletrônicos, mas já que a mídia realiza o trabalho, acaba sendo desnecessário fazê-lo.

8 – Sede vacante

O período entre a morte do Papa e a nova eleição é conhecido como Sede Vacante (assento vago). Nessa etapa, as cabeças administrativas da Igreja renunciam, com exceção de três oficiais – o Camerlengo, o Cardeal Vicar de Roma e o chefe das Celas Apostólicas. Todos os outros servem ao Papa, e a morte os afasta.

7 – Enterro do Papa

O corpo do Papa é limpo e vestido de forma ritualística. Uma missa é celebrada para a alma do homem, e então o Rito de Visitação começa. O corpo é colocado na Basílica de São Pedro ou de São João de Latrão, para que as pessoas possam prestar homenagens.
Na Basílica de São Pedro, o cachão cipreste é colocado dentro de um de chumbo ou zinco. Então é colocado dentro de outro de olmo, e selado com presilhas de ouro. O Papa então é enterrado embaixo da Basílica.

6 – Novena

A novena corresponde aos nove dias de reza matinal oficial para o Papa. Em cada um, uma missa é celebrada por um Cardeal diferente. Esse período é usado pelo Decano do Colégio de Cardeais para preparar os arranjos da eleição. Os cardeais também o usam para se conhecer. Oficialmente, não é permitido que eles discutam a eleição, mas com certeza eles o fazem.
Geralmente, há grande cobertura da imprensa italiana sobre os Cardeais com chances de virar Papa. Ser o favorito geralmente é ruim, existindo até um ditado para isso: “entra na eleição Papa, sai Cardeal”.

5 – Conclave

A eleição de um novo Papa costumava levar muito tempo. Isso acontecia devido ao tempo que os Cardeais levavam para chegar a Roma, e também a indecisão geral. Antes da eleição de Gregório X, em 1271, a Igreja Católica ficou sem o pontifício supremo por dois anos e nove meses, já que nenhum candidato conseguia apoio suficiente. Para obrigar os Cardeais a escolher o novo Papa, as autoridades locais trancavam-nos com pouca comida; a condição acelerou a escolha.
Desde então, as eleições são feitas em conclave (do latim, em um lugar fechado). Todos os Cardeais, com menos de 80 anos na data da morte do Papa, ficam incomunicáveis no local. Eles não ficam mais na Capela Sistina, mas em um conjunto de salas fora do Vaticano. Aqueles com mais de 80 anos podem entrar para dizer o voto, mas não participar.

4 – A votação

Para ser eleito, o Papa precisa ter dois terços mais um voto. Os cardeais recebem um papel com as palavras impressas ‘Eligo in sum mum pontifical’ (Eu elejo Pontifício). Cada um escreve então o nome da pessoa que deseja como Papa, dobra o papel duas vezes e leva até um altar. Aqui ele jura: “Eu chamo como testemunha Cristo, o Senhor, que será meu juiz. Meu voto é para aquele que perante Deus acredito merecer ser eleito”. Ele coloca o voto em um cálice.
Após todos votarem, três Escrutinadores contam. Cada voto é lido em voz alta. Se ninguém consegue o número necessário, os votos são queimados, e tudo começa de novo. Quando isso acontece, fumaça preta emerge da chaminé, e o mundo sabe que nenhum Papa foi eleito. Quando o resultado é favorável, fumaça branca aparece.

3 – Aceitação

A pessoa que recebeu o número de votos necessários é requisitada pelo Decano dos Cardeais, ou seu vice no caso de ter sido eleito, a aceitar ou não a posição de Pontifício Supremo. No caso afirmativo, ela vira Papa imediatamente. Aquele que não gostaria de ser Papa geralmente avisa antes do início da votação.
O novo Papa então diz o nome com o qual gostaria de ser conhecido. Essa tradição começou com o Papa João II, que tinha o nome Mercúrio. Pareceu impróprio o uso do nome de um deus pagão, então ele pegou o de seu antecessor, João. Assim que o novo nome é escolhido, os Cardeais se comprometem ao novo Papa.

2 – Anunciamento

Nesse momento, multidões estarão na Praça de São Pedro para ver o escolhido, atraídas pela fumaça branca. Antes que seja apresentado na sacada de São Pedro, ele precisa vestir as roupas papais. Para garantir que o novo Papa tenha roupas que sirvam bem, vários modelos são feitos, para todos os tipos de corpo.
O novo Papa se veste em uma sala vermelha, perto da Capela Sistina, conhecida como “A sala das lágrimas”. Uma vez pronto, ele é anunciado aos peregrinos da Praça com as palavras “Habemus Papam!” (Nós temos um Papa!).

1 – Coroação/Inauguração

Na época que o Papa ainda era um secular dono de terras na Itália, era costume que ele participasse de uma coroação magnífica, onde recebia a tiara papal. Entretanto, os Papas recentes optam por cerimonias mais simples. Uma missa é celebrada e ele recebe um manto (pallium), uma faixa de lã sobre os ombros, e o Anel do Pescador. Esse será usado até a sua morte, quando o processo irá começar novamente.

Bônus

Existem mitos de que, após a eleição, o Papa eleito deve se sentar em uma cadeira com um buraco no assento. Aconteceria então um exame visual ou manual da genitália papal. Se o examinador se convencesse de que o eleito era homem, ele deveria gritar “Testiculos habit et bene pendents!” (“Ele tem testículos, e eles estão firmes!”).
Infelizmente não há evidência histórica de que essa cerimônia alguma vez aconteceu. A necessidade do teste parece ficar na figura da Papisa Joana: uma mulher que supostamente escondeu a feminilidade, conseguindo subir as escadas do poder religioso, até virar Papa. Mas já que não existem provas disso, o ritual íntimo parece não ser necessário

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