domingo, 17 de abril de 2011

Bíblia Hebraica Stuttgartensia

Desde seu aparecimento em 1977, a Bíblia  Hebraica Stuttgartensia (BHS), editada entre 1967-1977, vem sendo considerada a edição crítica padrão do Texto Massorético (TM) para o mundo erudito, e sua utilização para fins acadêmicos vem sendo firmada desde seu surgimento. Pode-se dizer que a BHS tem sido uma sucessora à altura de sua antecessora, a Bíblia Hebraica, de Rudolf Kittel e Paul E. Kahle (BHK), editada em 1929-1937, sendo o texto crítico mais utilizado pelos eruditos durante o século XX antes do aparecimento da BHS. Por sua vez, a BHS, de fato, conseguiu marcar presença entre as mais importantes edições críticas do texto bíblico hebraico e sua utilização tem sido constante entre os estudiosos.

A BHS compõe-se de quatro partes principais:
      
  • o texto bíblico hebraico;

      
  • o aparato massorético referente à masora magna;

      
  • a masora parva;

      
  • o aparato crítico.

Cada qual possui particular relevância para os vários camposde estudos críticos baseados em uma edição da Bíblia Hebraica e cada uma dessas partes possui a sua própria linguagem e terminologia. O próprio texto hebraico é a reprodução de um manuscrito massorético do início do século XI, o Códice L. A masora parva possui uma terminologia principalmente aramaica, com alguns termos massoréticos em hebraico. O registro numérico no aparato massorético que remete à masora magna aparece em latim. O aparato crítico com suas referências ligadas à crítica textual possui terminologia latina e faz citações em hebraico, grego, latim, além de outras citações (transliteradas) em siríaco, etíope, copta, aramaico, armênio e árabe.

A linguagem complexa e variada empregada pela BHS pode torná-la uma mina de erudição no campo da crítica bíblica, mas por outro lado, a mesma edição pode tornar-se de difícil compreensão. Por isso, foram compostos manuais, principalmente em inglês, para auxiliarem leitores e estudantes a compreender suas informações.

Em português temos o Manual da Bíblia Hebraica, de autoria de Edson de Faria Francisco, atualmente em sua terceira edição, de onde foi tirado esta explicação.



Prefácio à Quinta Edição

A presente revisão foi preparada por Hans Peter Rüger (+) e limita-se unicamente a eliminar os erros de texto, do aparato crítico preparado para a Bíblia Hebraica Stuttgartensia (BHS) e da massorá. Numerosos colegas nos apontam erros autênticos ou potenciais. Queremos aqui agradecer a todos.

No texto só foram corrigidas as divergências com o Códice de Leningrado B 19a (L). São Petersburgo (antiga Leningrado), Biblioteca Nacional Russa (antiga Biblioteca Saltykov-Shchedrin). O manuscrito foi consultado mais uma vez a partir de novas fotografias (estas correções necessitaram algumas anotações pouco numerosas no segundo aparato crítico).

Na massorá editada por Gérard E. Weil e no aparato crítico preparado para a BHS somente as falhas evidentes foram corrigidas; abrimos mão de qualquer outro tipo de modificação.

Por outro lado, o glossário das abreviações latinas utilizados aparato crítico desta Bíblia é novo. É obra de Hans Peter Rüger e quer dar o acesso mais amplo possível a este aparato.

Friburgo, Suíça, 1997
Adrian Schenker


Prefácio da Primeira Edição - Primeira Parte

1. TIPO DE LETRA. As antigas matrizes do tipo empregado na BHK. [...].

2. TEXTO. Quanto ao texto, pretendemos reproduzi-lo, fielmente, tal como o oferece em sua forma final o Códice L. Por conseguinte, tem-se renunciado a “correção dos erros patentes dos copistas”. Um exemplo de como temos procedido em casos duvidosos é a nota 15ª do aparato crítico do capítulo 2 de Isaías. Deixamos de acrescentar o silluq quando falta, como acontece às vezes, e em especial o meteg que raramente aparece, sobretudo porque no próprio manuscrito este último sinal encontra-se às vezes à esquerda e às vezes à direita da vogal; assim mesmo o silluq é colocado, ocasionalmente à direta. Por outro lado, como tem-se feito até agora, o sinal rafê tem-se omitido quase sem exceção, pois de outro modo, surgiram insuperáveis dificuldades técnicas. De modo semelhante, e nos apartando nisso do manuscrito, retivemos a colocação dos sinais pe e samek para indicar a subdivisão  em parágrafos, imprimindo-os, precisamente como antes, com um tipo menor de letra. Para comparação da BHS com o Códice L tivemos à nossa disposição um microfilme do original, do qual foram tiradas fotografias em Tübingen. Desta vez devemos a tarefa de colação executada muitas vezes por inteiro, a maneira de controle, ao abnegado trabalho do professor Hans P. Rüger, assim como aos vários auxiliares editoriais que se ocuparam na comparação por seções do manuscrito ou o examinaram de perspectivas particulares. Sentimo-nos muito gratos à direção da Biblioteca Pública Estatal Saltykov-Shchedrin (atual Biblioteca Nacional Russa), de Leningrado (atual São Petersburgo) por sua preparação do microfilme que foi particularmente difícil por causa da necessidade de desencadernar o manuscrito. As indispensáveis negociações em Leningrado foram levadas ao termo em 1957 pelo professor Kurt Aland, por iniciativa do professor Otto Eissfeldt.

3. MASORÁ. Por fim, pudemos cumprir aqui a promessa feita por Kittel de apresentar a massorá completa do Códice L. Isto devemos, exclusivamente, ao imenso trabalho do professor Gérard E. Weil, de Nancy, a quem coube toda responsabilidade por esta parte da edição. O leitor encontrará a massorá menor (masora parva) impressa na margem, como anteriormente, mas completamente refeita, de acordo com os princípios que Weil pôde ainda discutir com Paul E. Kahle e que foram de plena aprovação deste. A massorá maior (masora magna) apareceu em um volume à parte, o qual gozando de um louvável reconhecimento ao longo do tempo, tem sido publicado conjuntamente pela Württembergische Bibelanstalt, em Stuttgart e pelo Pontificium Institutum Biblicum, de Roma, sob o título Massorah Gedolah (masora magna), tomo I e, às vezes, como tomo II da BHS. No presente tomo I da BHS, é inserido na parte superior da aparato crítico um registro impresso em tipo de igual tamanho ao da massorá maior (mm). Para mais pormenores, veja a seção II do presente Prefácio.

4. APARATO CRÍTICO. O aparato crítico que se encontra no rodapé de cada página aparece refeito por completo. Isto deve-se, principalmente, ao fato de que tem havido uma mudança na maioria dos colaboradores encarregados de prepará-los. Mas, o que mais chama a atenção é o fato de termos abandonado a discutível distinção que se fazia no aparato anterior entre “variantes simples e informações menos importantes” por um lado e “as verdadeiras mudanças textuais e outras mais importantes indicações” por outro. Até onde tem sido possível, os colaboradores têm aproveitado o material acumulado no intervalo entre a edição anterior e a presente; tem-se melhorado o seu método graças aos progressos da investigação na história do texto e também tem-se efetuado considerável restrição a conjecturas e retroversões derivadas das antigas versões. Desde já, essas vantagens são indicadas e é de se esperar que resultem em uma maior utilidade da obra. [...].

Retirado da introdução em português desta edição, impressa no Brasil pela Sociedade Bíblica do Brasil.

No hay comentarios:

Publicar un comentario